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Morador de rua é alvo de jato d'água em limpeza da Prefeitura de SP na cracolândia

THIAGO AMÂNCIO SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um morador de rua foi alvo de forte jato d'água na manhã desta terça (13) na cracolândia, no centro de São Paulo, lançado por agente responsável pela limpeza rotineira da área a serviço da Prefeitura de São Paul

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 13.03.2018, 20:05:00 Editado em 13.03.2018, 20:05:10
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THIAGO AMÂNCIO

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um morador de rua foi alvo de forte jato d'água na manhã desta terça (13) na cracolândia, no centro de São Paulo, lançado por agente responsável pela limpeza rotineira da área a serviço da Prefeitura de São Paulo, sob a gestão João Doria (PSDB).

A ação agressiva para forçar a retirada do homem sentado na calçada foi filmada e exibida pela TV Globo.

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O vídeo mostra que ele tenta se proteger com um cobertor do jato d'água, lançado por pelo menos 15 segundos em sua direção, até que duas assistentes sociais avançam para interromper a ação -registrada na alameda Cleveland, por volta das 9h.

O episódio ocorreu durante operação de limpeza da região (são três a quatro por dia), que é feita com jatos d'água e é um dos principais instrumentos da gestão Doria para impedir que usuários de droga fixem barracas no local.

O secretário de Prefeituras Regionais, Cláudio Carvalho, chamou a ação de lamentável e disse que já identificou o morador de rua -que, segundo ele, não aceitou ser acolhido em equipamentos da prefeitura.

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Carvalho disse que multou a empresa contratada, a Inova, em R$ 1.650 (valor contratual para infração grave) e pediu a demissão do agente.

A Inova disse que "infelizmente o colaborador tomou uma decisão equivocada ao efetuar a limpeza de dejetos humanos que se encontravam ao lado do morador".

Segundo a empresa, o funcionário afirmou ter recebido anuência do morador de rua para a retirada dos dejetos sem precisar sair do local, mas que ele será desligado.

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A Inova também diz seguir "protocolo de limpeza com apoio diário da GCM (Guarda Civil Metropolitana) e acompanhamento de equipe de Assistência Social, não havendo qualquer menção de irregularidade nesta operação".

O defensor público Carlos Weis disse que acionará a prefeitura para que dê à vítima assistência médica e indenização por danos morais e materiais. "Temos que ter calma, temos que avaliar o que tem que ser feito", disse Carvalho.

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Com a condição de não serem identificados, funcionários da prefeitura e do estado afirmaram que já viram ações similares em outras ocasiões.

A gestão Doria nega. "Pelo contrário, nós repudiamos e não toleraremos e não toleramos qualquer atitude como a ocorrida hoje [terça]", disse Carvalho. "É inadmissível."

'NÃO VAMOS PERMITIR'

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Em julho, reportagem da rádio CBN relatou que pessoas que dormiam na praça da Sé foram acordadas sob jato d'água às 7h após uma das madrugadas mais frias do ano. A informação foi confirmada à Folha de S.Paulo por moradores da região. À época, a prefeitura negou o ato e chamou a reportagem de "deturpada" e de "má-fé".

"Não houve nenhum esguicho d'água em nenhum morador de rua na cidade de São Paulo. Não houve e não haverá, nós não vamos permitir que isso aconteça nem por equipes da prefeitura, nem por equipes terceirizadas", disse Doria na ocasião.

Nesta terça, Carvalho disse que o atual caso "é muito diferente do do ano passado, que não tinha comprovação", e que "não tivemos nenhum episódio na nossa gestão" como o da manhã desta terça.

O padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua, disse que esse tipo de ação tem sido constante. "A nossa preocupação é o recrudescimento e aumento da violência nessas operações. A gente está entrando numa escalada de violência grande."

A prefeitura tem fechado o cerco na região, interrompendo serviços do Braços Abertos, programa anticrack da gestão Haddad (PT). No fim deste mês, a atual gestão vai cortar a bolsa dos 262 usuários de droga que recebem R$ 500 por mês em troca de dias trabalhados em serviços como varrição de ruas.

Desde janeiro também fecha os hotéis que fazem parte do programa, sob justificativa de que não apresentam condições de habitação -os moradores desses hoteis são encaminhados para Centros Temporários de Acolhida.

Moradores e trabalhadores da região dizem que há um clima diário de tensão, com recorrentes lançamentos de bombas pela polícia e ataques com pedras e tijolos pelos viciados.

Usuários e agentes de saúde dizem ter uma espécie de "operação sufoco", para cansar usuários e fazê-los sair de lá, o que a prefeitura nega. As confusões pioram à medida que se aproxima a data de entrega de prédios da parceria público privada da habitação, a partir de abril. São 1.202 apartamentos no complexo Júlio Prestes, nas imediações da cracolândia, a dois quarteirões de onde ocorreu a ação desta terça.

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