SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Retido há 11 meses na Delegacia da Polícia Federal em Três Lagoas (MS), o carro do empresário Breno Fernando Solon Borges foi alvo de nova apreensão de drogas na manhã da última quinta-feira (8).
O episódio ocorreu durante um treinamento de cães farejadores no pátio do local, que detectaram a presença de cerca de 9 quilos de maconha em um compartimento no para-choques do Jeep Renegade, sob guarda policial desde abril de 2017. A droga não havia sido identificada na vistoria nem na perícia feitas pela Polícia Federal após a primeira prisão do empresário.
Borges, 37, é filho da ex-presidente do Tribunal Regional Eleitoral de MS, a desembargadora Tânia Garcia de Freitas Borges -atual vice-presidente do órgão. Ele está preso desde novembro por tráfico de drogas e armas.
Na primeira prisão, em abril de 2017, ele, a namorada e um serralheiro foram interceptados na BR-262, em Água Clara (MS) com 129,9 kg de maconha e 270 munições para armas como fuzis.
Na ocasião, a carga foi encontrada numa carreta atrelada ao Jeep e numa caminhonete de Borges, conduzida por Cleiton Jean Sanches Chaves. No carro dirigido pelo empresário, nada fora encontrado.
A PF fez relatório de apreensão de drogas complementar e o encaminhará para Água Clara, onde o empresário está sendo processado. A Folha não conseguiu contato com a defesa dele nesta sexta (9).
IDAS E VINDAS
Em 18 de julho de 2017, três meses após sua primeira prisão, Borges foi transferido de um presídio estadual para uma clínica do estado.
O desembargador Ruy Celso Florence, do TJ-MS e colega da mãe de Borges, alegou em sua decisão que o empresário precisava se submeter a um tratamento para amenizar suas instabilidade emocional e impulsividade, reações comuns a quem tem transtorno de personalidade borderline.
No mesmo dia, a Polícia Federal expediu novo mandado de prisão contra Borges, baseado em uma investigação iniciada em março. Nela, agentes descobriram que ele teria participado de um plano de fuga de um detento do presídio de Três Lagoas.
Três dias depois, porém, o desembargador plantonista José Ale Ahmad Netto deferiu, durante a madrugada, um habeas corpus mantendo a saída do empresário. No dia 24 de julho, os desembargadores da Câmara Criminal homologaram definitivamente a decisão de Ahmad Netto.
Na ocasião, o advogado Gustavo Gottardi, defensor de Borges, disse que a decisão foi coerente com o Código de Processo Penal, que prevê internação compulsória se a perícia concluir pela inimputabilidade ou semi-inimputabilidade. "Não houve privilégio."
Em agosto, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) passou a investigar as decisões favoráveis ao empresário. Na última terça (7), as apurações contra Florence e Ahmad Netto foram arquivadas pelo ministro João Otávio Noronha. Contra Tânia, ainda corre investigação por sua atuação no episódio.
Em novembro, Borges foi detido em uma clínica em Atibaia (SP), após desdobramentos da investigação de março. Desde então, ele está preso.
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