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Com viés pedagógico, 'Encantado' cumpre papel a que se propôs

ANDREA ORMOND SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Imagine o "bullying" sofrido por uma menina que se descobre pajé, conversando com criaturas invisíveis. Eis a trama de "Encantados". Nos idos do século 20, na região amazônica, Zeneida (Carolina Oliveira) enfrent

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 08.03.2018, 08:35:00 Editado em 08.03.2018, 08:35:10
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ANDREA ORMOND

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Imagine o "bullying" sofrido por uma menina que se descobre pajé, conversando com criaturas invisíveis.

Eis a trama de "Encantados". Nos idos do século 20, na região amazônica, Zeneida (Carolina Oliveira) enfrenta o estigma de não poder assumir a origem indígena. Mesmo assim, na contramão das expectativas, prefere ser fora do padrão e sentir-se livre.

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Trajetória semelhante foi seguida pela diretora do filme, Tizuka Yamasaki. Em "Gaijin, Os Caminhos da Liberdade" (1980), Tizuka utilizou a memória afetiva -as famílias nipo-brasileiras- para tocar em um nicho diferente e pouco explorado no cinema nacional: os imigrantes japoneses nas colônias de café. Ainda hoje, é um dos pontos altos de sua obra.

"Encantados" foi concluído em 2014 e inspirado no livro "O Mundo Místico dos Caruanas da Ilha do Marajó", da pajé e educadora Zeneida Lima. A voz de Zeneida aparece em alguns momentos nos lábios da protagonista -que não à toa, tem o seu mesmo nome.

Em termos de linguagem cinematográfica, essa técnica deixa claro que o tempo todo ?Encantados? dialoga com as fábulas do livro e com a Zeneida real. Fica nítida a admiração por Zeneida Lima, conhecida pelo trabalho com crianças carentes e pelos livros sobre lendas da Ilha de Marajó.

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O termo "encantados" refere-se às criaturas invisíveis aos olhos dos outros, mas sentidas de perto pela  Zeneida personagem. Ela se apaixona por Antônio (Thiago Martins): um "caruana", uma entidade das águas doces.

A moça enfrenta a origem social "mestiça". É filha de uma mulher que renega a avó índia. A expressão "sangue ruim", por mais que choque os ouvidos, aparece no filme. E, em termos de "empoderamento", além de toda a questão étnica, "Encantados" utiliza mulheres fortes: Zeneida e Cotinha (Dira Paes), a faz-tudo na casa.

O filme tem, portanto, forte viés pedagógico, voltado especialmente para o público infantojuvenil. Nada que se assemelhe a "Iracema, Uma Transa Amazônica" (1974), também ambientado no Pará, em que as fronteiras entre o documental e o ficcional se diluem.

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Mas atenção: ao invés de ser um impedimento, é preciso entender as razões do cinema popular. "Encantados" não pretende ser um achado autoral, mas uma história contada com princípio, meio e fim, no esforço mediano de elementos. Nesse sentido, cumpre o papel a que se propôs.

ENCANTADOS

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QUANDO estreia nesta quinta (8)

ELENCO Ângelo Antônio, Laura Cardoso, Rod Carvalho

PRODUÇÃO Brasil, 2014, 14 anos

DIREÇÃO Tizuka Yamasaki

AVALIAÇÃO Bom

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