RENATA NOGUEIRA
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O fenômeno Galinha Pintadinha já está acostumado a bater recordes. O mais recente deles é o de 10 milhões de seguidores no seu canal do YouTube. Uns dias antes, a personagem infantil 100% brasileira já tinha deixado para trás a estrela da música pop Rihanna quando conseguiu somar 30 vídeos com mais de 100 milhões de visualizações.
Já faz tempo que a Galinha também explora outros territórios, com centenas de produtos licenciados, parques temáticos em shoppings, presença em serviços de streaming de vídeo, e até um balão que permitiu a ela literalmente voar. Mas a TV aberta segue como uma barreira na carreira de quase 12 anos da ave que conquistou crianças de 0 a 6 anos.
Não que ela não esteja pronta para a televisão. A Galinha Pintadinha nasceu com esse objetivo. A primeira animação foi publicada no YouTube para ser exibido como um projeto para a TV. Não foi aprovada para o formato, mas o clipe de 2006 que ficou esquecido na plataforma de vídeos que ainda nem pertencia ao Google acabou virando um fenômeno de acessos. Hoje, a TV nem é mais encarada como um ápice, e sim mais uma tela a ser conquistada. É o que explica Marcos Luporini, um dos criadores da personagem, ao UOL. Até hoje só trabalhamos nas plataformas digitais. Agora, temos uma série formatada para a TV. Acho que chegou a hora. Principalmente porque estamos em todas as telas, menos na TV. Estávamos fora apesar do advento da SmarTV, que no final levou todo esse conteúdo online para a televisão da sala. Hoje as crianças assistem internet no sofá, que era uma coisa que não se fazia até pouco tempo atrás. A série está 100% pronta, e não tem porque esperar, diz ele, que divide a paternidade" da Galinha Pintadinha com seu sócio Juliano Prado.
FALTA PROGRAMAÇÃO INFANTIL
Lançada há pouco mais de um ano, a Galinha Pintadinha Mini tem o formato de série que funciona tanto para a internet como para a TV. No YouTube, o canal extra já soma mais de 1,2 milhão de seguidores. O obstáculo que ainda deixa o fenômeno infantil fora da TV aberta é a redução de programação infantil nos últimos anos, acredita Luporini. As TVs abertas tiraram a programação infantil da grade deles por causa de publicidade. Resultado: a criança sintoniza TV aberta e assiste a programas de adulto. É péssimo. Só a criança da TV paga que pode ver conteúdo infantil. Têm grupos e organizações não-governamentais trabalhando nisso [redução da publicidade infantil], mas está dando errado. Acredito nas boas intenções deles, mas precisam elaborar melhor a proposta.
Das quatro principais emissoras de TV aberta, apenas o SBT tem programas dedicados para crianças ("Bom Dia & Cia" e "Sábado Animado"). A RedeTV! só lançou recentemente a "Turma do Pakaraka". Sobra para a TV Cultura, que tem a grade dominada por programação infantil, suprir a demanda.
Mesmo assim, acredita Luporini, a Galinha Pintadinha tem chance de ganhar um espaço. O que muda agora é que a que a Galinha está mais amadurecida, e o interesse das TVs aumenta. Chega em um ponto que está convergindo, por isso acredito muito que vá dar certo, diz, sem revelar as emissoras com as quais negociam. A ideia realmente é estar em todas as telas, é nosso projeto desde o princípio. Temos aplicativos de celular, Netflix, várias plataformas. Tá faltando essa, mas vamos fechar, reforça o criador sobre a TV aberta brasileira.
Enquanto isso, a Galinha Pintadinha segue levando a cultura brasileira com suas versões de canções do imaginário popular pelo mundo afora. Presente em dezenas de territórios e diversos idiomas, Israel e Coreia do Sul estão nos planos deste ano. Sonhar é de graça, e a gente sonhou alto. Os recordes são resultado, orgulha-se.
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