SILAS MARTÍ
NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) - Aos 90 anos, o arquiteto indiano Balkrishna Doshi venceu o prêmio Pritzker de arquitetura de 2018, nesta quarta-feira (7).
"Ao longo dos anos, Doshi sempre criou uma arquitetura que é séria, não segue tendências ou é chamativa. Com um profundo senso de responsabilidade e um desejo de contribuir ao seu país e povo, por meio da arquitetura autêntica e de alta qualidade, ele criou projetos para administrações públicas, instituições educacionais, culturais e residências para clientes particulares", informou o júri no site oficial do prêmio.
Ele é uma espécie de Oscar Niemeyer da Índia. O mais novo vencedor do Pritzker, o maior prêmio da arquitetura mundial, foi um dos pioneiros do modernismo em seu país. Balkrishna Doshi, a exemplo do mestre brasileiro, também deu novas formas aos contornos de uma vanguarda europeia num lugar que reinventava sua imagem.
O primeiro indiano reconhecido com o troféu e o mais velho em toda a história, Doshi, 90, também trabalhou com Le Corbusier no início da carreira, ajudando o suíço na criação das formas então futuristas de Chandigarh, uma cidade planejada e dividida em setores no norte da Índia.
Suas estruturas em concreto e seus monumentos e espelhos dágua também lembram o que Niemeyer faria mais tarde na capital do país. Doshi, aliás, define sua arquitetura como um híbrido do uso do concreto e das curvas que aprendeu com Le Corbusier e alusões a tradições locais que nunca morreram, numa depuração do antigo.
Sangath, seu estúdio onde hoje trabalham 60 arquitetos em Ahmedabad, na Índia, reflete essa ideia. Enquanto o teto é formado por uma série ritmada de arcos de concreto, há uma série de suas famosas abóbadas afundadas cobertas em mosaicos de porcelana e um anfiteatro com detalhes de água escorrendo.Em sete décadas de trabalho, Doshi construiu conjuntos habitacionais, universidades e memoriais em seu país.
O Pritzker é decidido anualmente por oito jurados, um mix de arquitetos famosos, grandes empresários e críticos de arquitetura. Em maio de 2017, um brasileiro passou a integrar, pela primeira vez, o júri do prêmio Pritzker.
Já foram integrantes desse clube de Giovanni Agnelli, ex-presidente da Fiat, a Ratan Tata, ex-presidente do grande conglomerado indiano; e arquitetos como Frank Gehry, Norman Foster e Richard Rogers. Philip Johnson, o primeiro profissional premiado com o Pritzker, em 1979, foi jurado por seis anos.
O premiado recebe uma medalha e US$ 100 mil, da família Pritzker, dona do conglomerado Hyatt, com sede em Chicago. Dois brasileiros já receberam a distinção: Oscar Niemeyer, em 1988, e Paulo Mendes da Rocha, em 2006.
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