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Registros de malária crescem 50% e põem região Norte em alerta

NATÁLIA CANCIAN BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Depois de sete anos de queda, o número de casos de malária avançou 50% no último ano e tem gerado alerta na região Norte e em alguns outros estados do país. Dados contabilizados pelo Ministério da Saúde e obtid

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 05.03.2018, 07:10:00 Editado em 05.03.2018, 07:10:09
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NATÁLIA CANCIAN

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Depois de sete anos de queda, o número de casos de malária avançou 50% no último ano e tem gerado alerta na região Norte e em alguns outros estados do país.

Dados contabilizados pelo Ministério da Saúde e obtidos pela reportagem apontam 194 mil registros em todo o ano de 2017 -um aumento de 50% em relação ao ano anterior.

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Em 2016, para efeito de comparação, o país chegou a alcançar o menor número de casos já registrado nos últimos 37 anos: 129 mil.

Neste ano, dados de janeiro, ainda preliminares, apontam que o avanço continua: são 17 mil confirmações.

Deste total, 99% são em estados da região amazônica, que é endêmica para a doença, em especial Amazonas, Acre e Pará.

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O número de mortes ainda não foi atualizado. Foram 11 de janeiro a maio de 2017, o que não permite comparações com todo o ano de 2016.

A doença, causada por protozoários transmitidos pela fêmea infectada do mosquito Anopheles, ocorre em regiões rurais e acomete principalmente populações mais vulneráveis, em locais com más condições de saneamento e invasões em áreas de mata, por exemplo.

Entre os registros, também cresceram casos de malária falciparum, nome dado à forma da doença causada pelo protozoário Plasmodium Falciparum, mais grave.

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Neste caso, o aumento foi de 37% no último ano se comparado ao anterior -passou de 15 mil para 21 mil.

A situação ameaça o Plano de Eliminação da Malária assumido pelo Brasil em 2015, com foco principal na malária falciparum.

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Na época, cerca de 500 cidades da região amazônica já estavam havia mais de três anos sem registro de transmissão da malária falciparum, e a meta era eliminar a doença até 2030.

Agora, só entre 2016 e 2017, o número de municípios com registros dessa forma da doença cresceu 68%, passando de 124 para 208.

Questionado, o coordenador substituto dos Programas Nacionais de Controle e Prevenção da Malária e doenças transmitidas pelo Aedes, Cássio Peterka, reconhece que parte das ações do plano terão de ser revistas devido ao aumento.

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Com a mudança da situação epidemiológica da malária, "as metas e pactuações do plano estão sendo avaliadas com estados e municípios da região Amazônica, para a readequação das estratégias, a retomada da redução dos casos e a sustentabilidade das ações", diz.

Apesar disso, ele afirma que as metas estão mantidas. "Todos os programas de malária, nacional, estadual ou municipal, estão comprometidos com a eliminação da malária falciparum e trabalham em conjunto para o cumprimento das metas."

Para o epidemiologista Pedro Tauil, professor emérito da UnB (Universidade de Brasília), a situação preocupa. "Como se lança um plano de eliminação e tem um aumento de casos?", questiona.

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Lembra que em países do Sudeste Asiático já há aumento da resistência a remédios antimaláricos, situação que pode se repetir no futuro no Brasil. "O grande risco é que, se não eliminarmos a malária pelo Plasmodium falciparum, não vamos ter remédios que atuem eficazmente no tratamento dessa doença."

FATORES

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Em reunião com gestores municipais e estaduais na semana passada, técnicos do ministério admitiram que a queda nos últimos anos pode ter feito a vigilância ter baixado a guarda.

Até então, o Ministério da Saúde dizia que o aumento de casos poderia estar associado "às condições climáticas da região e ao próprio ciclo da doença". À reportagem, o secretário substituto de vigilância em saúde da pasta, Osnei Okumoto, reconheceu o problema.

"O que aconteceu muitas vezes é que as condições dos estados para fazer o atendimento está menor do que se precisava", afirma. "Estamos fazendo investimentos e aguardamos que possam executar as ações."

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Já segundo o epidemiologista Tauil, professor da UnB, a malária perdeu prioridade na agenda de ações.

"Como outros países também tiveram aumento, é possível que tenha havido algum fenômeno climatológico que favoreceu a transmissão, mas há não comprovação disso."

GOVERNO

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O Ministério da Saúde diz que pretende reforçar ações nas áreas mais afetadas pela malária. Posição semelhante é compartilhada pelas secretarias estaduais de saúde.

Uma delas é a compra de mosquiteiros impregnados de inseticida, estratégia que já tem tido resultados positivos em alguns estados, como o Pará.

Outras são a aplicação de inseticidas nas casas, a criação de um alerta semanal para novos casos e a capacitação de profissionais para acelerar a identificação dos casos e o tratamento. Não existe vacina contra a doença.

A malária tem como principais sintomas quadro de febre alta, calafrios, tremores, sudorese e dor de cabeça. Podem ocorrer ainda dor muscular, taquicardia e aumento do baço.

No Pará, a Secretaria de Saúde informa que lançou um plano emergencial contra a doença, o qual inclui repasse de insumos para exames, microscópios e treinamento.

Em Roraima, que registrou 14 mil casos em 2017, os números também têm tido aumento com a entrada de venezuelanos em busca de assistência.

Assim como o Brasil, a Venezuela tem registrado forte avanço da doença, com 319 mil casos de malária até novembro, segundo boletim da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde). No fim de janeiro, a entidade lançou alerta a países das Américas para que intensifiquem a vigilância contra a malária.

"Como na Venezuela há pouca fonte de renda, as pessoas têm ido muito para garimpos [um dos locais onde há maior presença do mosquito vetor] e vindo para cá para obter os remédios", diz a coordenadora-geral de vigilância em saúde do estado, Daniela Campos. "Isso tem aumentado os casos importados."

Ela lembra que tratamento rápido e ações de controle do vetor são necessárias para evitar aumento na transmissão.

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