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Morre Tônia Carrero, ícone do teatro, da TV e do cinema

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A atriz Tônia Carrero, considerada um dos ícones do teatro e da televisão do país, morreu na noite do sábado (3) no Rio de Janeiro aos 95 anos. Ela sofreu uma parada cardíaca durante uma cirurgia. A morte foi confirmada pela c

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 04.03.2018, 20:40:00 Editado em 04.03.2018, 20:40:09
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A atriz Tônia Carrero, considerada um dos ícones do teatro e da televisão do país, morreu na noite do sábado (3) no Rio de Janeiro aos 95 anos.

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Ela sofreu uma parada cardíaca durante uma cirurgia. A morte foi confirmada pela clínica São Vicente, onde estava internada desde a última sexta. Deixa um filho, Cecil Thiré, quatro netos (Carlos, Luiza, Miguel e João) e bisnetos.

O velório foi realizado no domingo (4). O corpo deve ser cremado nesta segunda (5).

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Nascida em 23 de agosto de 1922, Maria Antonieta de Farias Portocarrero era graduada em educação física, mas fez carreira no mundo artístico.

Filha de general e dona de uma beleza marcante, a carioca não se contentava com o muito que tinha. Foi estudar na França a fim de se tornar atriz.

Estreou no cinema em 1947, no filme "Querida Susana", de Alberto Pieralisi, e no teatro em 1949, em "Um Deus Dormiu lá em Casa", na companhia de atores como Paulo Autran, a partir dali seu parceiro constante de cena.

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Ao todo, foram 54 peças, 19 filmes e 15 novelas. Tônia se empenhou para conseguir um de seus papeis mais elogiados, a prostituta decadente Neuza Suely, de "Navalha na Carne", do dramaturgo Plínio Marcos. O desempenho rendeu-lhe um prêmio Molière.

No cinema, foi a estrela do célebre estúdio brasileiro Vera Cruz, em filmes como "Apassionata" (1952) e "É Proibido Beijar" (1954). O mais lembrado é "Tico Tico no Fubá", longa de 1952 que estrelou ao lado do galã Anselmo Duarte.

Na mesma época estreia no TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), importante companhia teatral do país, dirigida por Ziembinski e Adolfo Celi, com que ela se casaria e formaria uma companhia em 1956. Foi um período turbulento, no qual disputou holofotes com Cacilda Becker.

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Ela costumava endossar o trabalho de diretores jovens, como Gerald Thomas em "Quartett" e Élcio Nogueira em "O Jardim das Cerejeiras".

Em entrevista à Folha de S.Paulo em 2004, criticou o conservadorismo e a superproteção de crianças. "A erotização é uma coisa boa. Saímos de uma repressão total dos valores eróticos e só quando todos viverem 'à tripa forra', de acordo com seus instintos, é que vai se normalizar."

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Ela é descrita pelo cineasta e dramaturgo Domingos Oliveira como enérgica e encantadora. "Quem conheceu, não esquece. Era uma figura inesquecível. Era um amor de pessoa. E linda, linda, linda. Mas a gente tinha medo dela por causa do poder que ela exercia. Ninguém segurava ela."

A sexualidade era um tema recorrente em sua vida. "Beleza é poder, sexualidade é poder. Já senti esse poder bem firme nas minhas mãos e me dei mal com ele. Usei esse poder contra mim. Podia ter orientado minha vida mais seriamente se tivesse tirado a venda desse pequeno poder", diz no livro "Tônia Carrero - Movida pela Paixão" (ed. Imprensa Oficial), de Tania Carvalho.

Um dos últimos trabalhos de Tônia foi na novela da Globo "Senhora do Destino", de 2004. Aos 84 anos, atuou no longa "Chega de Saudade" (2007), de Laís Bodanzky.

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"A disposição do corpo não é a mesma", disse nas filmagens, sobre a chegada da velhice. "De repente, não mais que de repente. Não se sente. De repente se acorda e está-se velha. Ora, que novidade besta!"

SAÚDE

Tônia apresentava saúde frágil nos últimos anos. Sofria de hidrocefalia aguda (acúmulo de água no cérebro) desde 1999, o que levou a atriz a viver reclusa em um apartamento na zona sul do Rio.

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Gostava de estar sempre arrumada: manicure e cabeleireiro a atendiam em domicílio. Levava uma vida confortável, graças à venda do casarão no Jardim Botânico onde morou por 30 anos e à pensão que recebia por ser filha de um militar, o general Hermenegildo Portocarrero. Da mãe, Zilda de Farias, recordava-se da educação severa que recebeu.

A despedida do público foi gradual. A última aparição pública foi em abril de 2011, para ver o filho no palco.

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Em 2012, a família celebrou os 90 anos dela com a reedição de seu livro de memórias "O Monstro de Olhos Azuis", de 1986. Tônia fala sobre sonhos de criança (ser estrela de cinema), descobertas e inseguranças de adolescente.

Virou matriarca de uma família de artistas: três netos e dois bisnetos são atores. Todos herdaram os olhos azuis.

"Quantas milhões de gargalhadas, quantas noitadas, quantas tragédias e quantas lágrimas não derramamos. Fique em paz finalmente, meu amor. Aos prantos e aos risos, como sempre", escreveu o diretor Gerald Thomas.

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23.ago.1922

Nasce Maria Antonieta de Farias Portocarrero, no Rio de Janeiro

1938

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Começa a estudar educação física; em que se formaria em 1941

1947

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Estreia no cinema em um papel secundário em 'Querida Susana'. No mesmo ano, viaja para Paris e estuda teatro com Jean-Louis Barrault

1949

Estreia no teatro ao lado de Paulo Autran na peça 'Um Deus Dormiu lá em Casa'

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1953

Entra para o TBC (Teatro Brasileiro de Comédia)

1956

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Funda, com Paulo Autran e Adolfo Celi, seu marido, a companhia de Teatro Tônia-Celi-Autran

1970

Estreia em telenovelas atuando em "Pigmalião 70", de Vicente Sesso, da TV Globo

1986

Escreve o livro 'O Monstro de Olhos Azuis', contando histórias de sua infância. Em outubro, é vítima de um sequestro relâmpago, do qual escapa ilesa

2004

Atua pela última vez com Paulo Autran na minissérie televisiva 'Um Só Coração'

2007

Faz papel derradeiro no teatro em 'Um Barco para o Sonho', peça dirigida pelo neto Carlos Thiré; naquele mesmo ano, aparece nos cinemas com um papel em 'Chega de Saudade', de Laís Bodanzky

2011

Faz uma de suas últimas aparições públicas para ver o filho Cecil no teatro

3.mar.2018

Tônia Carrero morre aos 95 anos após parada cardíaca durante cirurgia no Rio; ela lutava havia anos contra uma hidrocefalia aguda

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