SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governo de Donald Trump anunciou nesta sexta-feira (23) uma nova rodada de sanções dos Estados Unidos contra a Coreia do Norte, classificando as medidas, que visam sobretudo estrangular os canais comerciais do regime de Kim Jong-un, de as mais duras adotadas até agora.
Com as novas sanções, apresentadas pelo secretário do Tesouro, Steve Mnuchin, o governo americano pretende reduzir as fontes de renda e de combustível que a Coreia do Norte usa para financiar seu programa nuclear e sustentar suas Forças Armadas.
Segundo Mnuchin, os esforços visarão mais de 50 navios, companhias marítimas e comércios que estão auxiliando a Coreia do Norte a escapar de sanções.
As sanções contra os navios, de acordo com a nota do Tesouro, vão impedir que o regime norte-coreano conduza "atividades marítimas escusas que facilitam o transporte ilícito de carvão e combustível e erodem sua capacidade de enviar mercadorias por águas internacionais".
"Isso é muito impactante", disse. "Estamos fazendo de tudo para impedir essas transferências navio a navio."
O principal produto de exportação da Coreia do Norte é o carvão --na forma de pepitas, perfaz 1/3 do que é vendido pelo país-- e artigos de vestuário, que respondem por outro terço. O resto se divide em diferentes minérios, petróleo, pescados e suínos.
Em 2015, o país exportou o equivalente a US$ 2,83 bilhões, segundo dados do Observatório da Complexidade Econômica do MIT.
CHINA
A Coreia do Norte importa de tudo (foram US$ 3,47 bilhões em compras no mesmo ano), mas especialmente componentes eletrônicos, material têxtil, petróleo refinado, caminhões, material plástico, pneus e alimentos, além de remédios.
A China é o principal parceiro: comprou 83% das exportações norte-coreanas em 2015 e vendeu-lhe 85 % das importações no mesmo ano (não há dados para 2016), o que alimenta dúvidas sobre a efetividade das sanções americanas até agora.
O segundo maior parceiro é a Índia, que responde por cerca de 3,3% do fluxo comercial com Pyongyang. Não há comércio com os EUA, exceto a compra de alimentos e medicamentos (US$ 800 mil), itens humanitários.
Visar os navios, portanto, é uma forma de tentar evitar o escoamento das mercadorias, já que a pressão de Washington sobre Pequim para que endureça também suas sanções até agora resultou apenas em um decréscimo pequeno das compras.
O programa de mísseis e o programa nuclear da Coreia no Norte, que testou mísseis que diz serem capazes de alcançar os EUA e alega ter miniaturizado uma ogiva nuclear para armá-los, desafia para o governo Trump.
O momento do anúncio --durante a Olimpíada de Inverno em Pyeongchang-- não é casual. A Coreia do Sul, que sedia os Jogos e é aliada dos EUA, tem usado a competição como oportunidade para se aproximar do vizinho ao norte, e o regime de Kim Jong-un já deixou claro que as conversas fluem melhor sem interferência estrangeira.
O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, já havia dito, ao participar da abertura dos Jogos, há duas semanas, que os EUA anunciariam as sanções "mais duras e mais agressivas" a Pyongyang.
IVANKA NA COREIA
O anúncio das sanções também coincidem com a visita da filha e assessora de Donald Trump, Ivanka, à Coreia do Sul. Ela foi recebida com um jantar pelo presidente Moon Jae-in. "Estamos muito animados de vir à Olimpíada de Inverno de 2018 torcer pelos EUA e reafirmar nosso compromisso duradouro com o povo da República da Coreia", declarou Ivanka.
A visita da primeira filha coincide ainda com a do general norte-coreano Kim Yong-chol, chefe da inteligência norte-coreana, acusado de afundar um navio sul-coreano em 2010, matando 46 marinheiros. Sua delegação assistirá à cerimônia de encerramento dos Jogos e se encontrar com Moon.
As delegações dos EUA e da Coreia do Norte, porém, não se reunirão, afirma Seul.
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