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Sob desconfiança de moradores, Exército faz operação em favela

SÉRGIO RANGEL E DANILO VERPA RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Soldados do Exército, com caminhões, tanques e veículos blindados ocuparam na final da tarde dessa segunda-feira (19) as entradas do complexo do Chapadão, na zona norte do Rio, uma das regiões

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 19.02.2018, 23:00:00 Editado em 19.02.2018, 23:00:09
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SÉRGIO RANGEL E DANILO VERPA

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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Soldados do Exército, com caminhões, tanques e veículos blindados ocuparam na final da tarde dessa segunda-feira (19) as entradas do complexo do Chapadão, na zona norte do Rio, uma das regiões mais violentas da capital. Às centenas, eles deixaram os batalhões em Deodoro, na zona oeste, em um comboio de cerca de um quilômetro. Muitos soldados usavam balaclavas para cobrir o rosto.

A operação é a primeira desde que o presidente Michel Temer (MDB) anunciou a intervenção na segurança pública do Rio na sexta(16), e segue o modelo de outras que vem sendo realizadas no Rio no âmbito da operação GLO (Garantia da Lei e da Ordem).

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Sob o olhar desconfiado de moradores das comunidades, várias entradas foram fechadas nos bairros de Guadalupe, Pavuna e Anchieta, na zona norte. A reportagem acompanhou a movimentação dos militares do Regimento Escola de Infantaria em Anchieta.

Outros militares permaneceram de prontidão em quarteis de Deodoro, que concentra o maior número de instalações do Exército no Rio.

O Chapadão reúne criminosos que deixaram morros ocupados pelas UPPs (Unidades da Polícia Pacificadora), como complexo do Alemão, e montaram ali quadrilhas de roubo de cargas.

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As favelas do complexo ficam próximas da avenida Brasil, uma das principais vias de acesso ao Rio. Atualmente, o Chapadão está sob domínio do Comando Vermelho. Na Pedreira, o domínio é da facção Amigos dos Amigos. Os dois grupos são rivais.

Em Deodoro, na zona oeste, onde há grande concentração de quartéis, de acordo com soldados ouvidos pela reportagem, a operação é tratada com sigilo pelo comando. Os praças se apresentaram sem que detalhes tivessem sido passados com antecedência. Alguns dos soldados ouvidos participaram de operações na Rocinha, na zona sul, e Morro dos Macacos, na zona norte, no ano passado.

O Comando Militar do Leste, que coordena as operações no Rio, afirmou não haver operação em curso, apesar do registro da reportagem.

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MORADORES

Os moradores de Guadalupe e Anchieta foram discretos após a chegada dos militares do Exército no início da noite deste segunda-feira (19) nas principais entradas do Complexo do Chapadão.

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Em Guadalupe, eles apenas observavam uma das barreiras na entrada mais perigosas da região, por onde passam os "bondes" --grupos de traficantes fortemente armados.

O deslocamento das tropas gerou engarrafamento nas ruas dos arredores das favelas.

A maioria se recusou a comentar a ocupação na região. Entre os que comentaram, a desconfiança era a tônica.

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"Essa intervenção é apenas uma maquiagem. Já vi isso outras vezes. Daqui a um tempo, vai tudo continuar como era antes", afirmou a motorista Cristina Piranga, 37.

Ela disse que mora numa das entradas "mais barra pesada" do complexo. "Tiroteio, bailes intermináveis e cargas sendo vendidas na minha porta são uma constante. Essa intervenção só vai expor o filho dos outros", disse a motorista, apontado para um soldado do Exército, posicionado numa das barreiras instaladas pelos militares.

Para ela, os policiais têm treinamento mais específico para o combate ao crime. "Não acredito que esses garotos têm mais experiência para subir o morro que um policial militar", disse.

O aposentado Jair Matias, 58, disse que também não acreditava no sucesso da intervenção na comunidade.

"Aqui tem muito bandido. Tem que colocar uns 200 tanques desses", afirmou Matias, apontado para um tanque Guarani --blindando do Exército de sete metros de comprimento e capacidade para transportar até 11 pessoas que passou a ser usado há quatro anos anos, em substituição aos modelos Urutu e Cascavel, que eram adotados pelos militares brasileiros desde os anos 1970."Vamos ver o que vai acontecer. Torço pelo sucesso, mas não acredito muito", completou o aposentado.

Até as 19h40, o clima era de tranquilidade no local. Os militares revistavam os carros que entravem e deixavam a comunidade. Nenhum tiro havia sido disparado.

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