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Perturbador, filme norueguês recria massacre em acampamento juvenil

GUILHERME GENESTRETI, Enviado especial* BERLIM, ALEMANHA (FOLHAPRESS) - Exibido na manhã desta segunda (19) no Festival de Berlim, “Utøya 22.Juli” deve se consagrar como um dos filmes mais perturbadores do ano. Por meio de um falso plano-sequência (sequên

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 19.02.2018, 15:10:00 Editado em 19.02.2018, 15:10:09
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GUILHERME GENESTRETI, Enviado especial*

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BERLIM, ALEMANHA (FOLHAPRESS) - Exibido na manhã desta segunda (19) no Festival de Berlim, “Utøya 22.Juli” deve se consagrar como um dos filmes mais perturbadores do ano. Por meio de um falso plano-sequência (sequência sem cortes), o longa de Erik Poppe recria os 72 minutos em que um terrorista de extrema-direita matou 69 jovens acampados numa ilha próxima a Oslo, em 2011.

O filme não mostra o atirador. Mas os onipresentes sons de disparos, a correria das vítimas e a câmera na mão incrementam a sensação de tensão numa clara tentativa de transportar o espectador para a ilha que sediou a tragédia. “Na Europa de hoje, com o neofascismo crescendo, eu tinha que lembrar as pessoas do que aconteceu naquele lugar”, disse Poppe em conversa com a imprensa após a sessão. “E queria mostrar que por 72 minutos aqueles jovens estiveram sozinhos.”

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O diretor não poupa o espectador. São várias as cenas em que quer embutir realismo aos horrores perpetrados: numa delas, uma garota que acabou de morrer recebe a ligação da mãe no celular; noutra, um menino em pânico fica em estado de choque e não consegue se mexer. “Utøya” começa com cenas documentais das explosões em Oslo que precederam o ataque na ilha. Rumores sobre o atentado começam a pipocar no acampamento, a 40 km dali, onde ocorre um encontro de jovens ligados ao Partido Trabalhista da Noruega, de inspiração esquerdista. É nesse cenário que se encontra Kaja (Andrea Berntzen), personagem de 18 anos inspirada, como os demais, nas vítimas reais do ataque. Nos 12 minutos iniciais, ela repreende a irmã descuidada, socializa com os outros jovens e troca algumas impressões sobre o que pode ter ocorrido na capital.

A calmaria é quebrada com um grupo de jovens que surge repentinamente em correria. Sem entender o que houve, Kaja e os outros se abrigam numa casa e ouvem os disparos sem entender o que está havendo.

A partir dali, como se grudada nas costas da protagonista, a câmera vai segui-la como num esconde-esconde entre vítimas desesperadas e cadáveres jazendo às dezenas no chão. Boa parte da correria é permeada pela confusão dos personagens, que não sabem quem nem o porquê de estarem sendo massacrados nessa obra de tensão psicológica lancinante. “A ideia era representar aquilo muito próximo do que ocorreu. Mas os personagens são fictícios por questões éticas, para que os parentes não tivessem que reviver o que ocorreu a seus filhos”, disse o diretor, que contou com sobreviventes no set para ajudá-lo a recriar o ataque.

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Três desses sobreviventes vieram a Berlim para a estreia do filme e foram aplaudidos pela imprensa. “É impossível contar o que houve”, disse uma das jovens. “Só consigo descrever aquilo com alguma distância. Acho que o filme mostra o que pode levar o extremismo da direita.”

Foram meses de preparação, segundo Poppe, para coreografar exatamente a movimentação dos personagens durante o atentado. E apenas um take foi feito por dia, “porque a exaustão emocional era enorme depois”, disse o diretor.

A julgar pela reação dos jornalistas na sessão de imprensa, que se remexiam desconfortáveis nas poltronas, o filme pode galgar altos voos na premiação de Berlim, tudo a depender da disposição do júri, capitaneado pelo cineasta Tom Tykwer, a se impressionar com um retrato tão brutal e direto da tragédia. “Utøya 22.Juli” já tem distribuição garantida no Brasil, pela California Filmes, mas a data de estreia no país ainda não foi definida.

*O jornalista se hospeda a convite do festival

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