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Folia no Rio ocorre em onda de violência e recuos do prefeito Crivella

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A folia no Rio já começou na semana passada, mas o Carnaval oficial tem início mesmo nesta sexta-feira (9), com a entrega das chaves da cidade ao Rei Momo. No sábado, o Cordão da Bola Preta dá a partida dos grandes cortej

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 09.02.2018, 19:25:00 Editado em 09.02.2018, 19:25:11
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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A folia no Rio já começou na semana passada, mas o Carnaval oficial tem início mesmo nesta sexta-feira (9), com a entrega das chaves da cidade ao Rei Momo. No sábado, o Cordão da Bola Preta dá a partida dos grandes cortejos pelas ruas do Rio. O Rio terá 464 blocos desfilando pela cidade nos cinco dias de folia. 

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A festa ocorre em meio ao descontrole da segurança pública na cidade. Moradores e visitantes convivem desde o início do ano com notícias frequentes de tiroteios que fecham as principais vias expressas da cidade. Somente na semana passada, duas crianças morreram por bala perdida e uma terceira foi internada após ser atingida por tiros resultantes de confrontos entre policiais e traficantes.  É fato que a violência que é observada nas favelas, decorrente de operações policiais e embates com traficantes, não costuma ser vista nos blocos, que desfilam pelo chamado asfalto. É também comum uma espécie de trégua nas operações da polícia nos morros. Os traficantes, interessados no aumento da venda de drogas durante o Carnaval, também evitam se movimentar por locais fora dos seus domínios. 

Mas esse ano, com o recrudescimento da violência, o carioca se deparou com pelo menos uma troca de tiros no meio da folia. No domingo passado (28), a polícia interceptou bandidos que circulavam em dois carros em uma rua da Tijuca. No meio do tiroteio, passava um bloco no local. Um garçom de um bar onde os foliões se concentravam foi atingido e morreu. 

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O crime comum nos blocos de carnaval, contudo, é o furto principalmente de telefones celulares e carteiras. Muitos foliões já adotaram a pochete do tipo doleira, aquela que fica por dentro da roupa, como forma de se proteger dos criminosos, cada vez mais sofisticados em suas técnicas. 

Grupos de criminosos se infiltram nos blocos, muitas vezes como vendedores ambulantes de bebida. Eles observam quem está descuidado com seus pertences e aproveitam na hora da venda para checar se a pessoa carrega grandes quantidades de dinheiro. Essas pessoas passam informações para outras que estão no meio do cortejo para que elas furtem as vítimas escolhidas. A dica é ficar atento, evitar expor muito dinheiro e evitar utilizar o celular de forma ostensiva. 

O descontrole da segurança pode ser observado nos números de tiroteios do aplicativo Fogo Cruzado, que mapeia de forma colaborativa a violência armada na região metropolitana do Rio de Janeiro. Os dados oficiais de crimes ainda não foram divulgados pelas autoridades. Segundo o Fogo Cruzado, houve 688 tiroteios ou disparos de arma de fogo em janeiro deste ano, o maior número já registrado desde que a plataforma foi ao ar, em julho de 2016. Houve aumento de 117% desses registros em relação ao mesmo período de 2017. Em média, foram 22 por dia, mais do que a média de 2017, que foi de 16 por dia.

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A capital foi o município da região metropolitana que mais registrou tiroteios ou disparos de arma de fogo (417), seguido de São Gonçalo (69) e Niterói (46).

Bairros com favelas conflagradas concentraram a maior parte desses conflitos -Cidade de Deus e Rocinha. Em seguida vem o bairro da Tijuca, onde o garçom morreu baleado. 

Muitas das favelas onde há conflitos ficam à beira de vias expressas inevitáveis para quem chega à cidade. A Linha Vermelha, que ficou fechada na tarde de terça devido a uma operação policial no Complexo da Maré, é por onde passa quem vai do aeroporto internacional para o centro e a zona sul. A via Dutra, que liga São Paulo ao Rio, desemboca na Linha Vermelha ou na avenida Brasil, que também foi fechada nesta semana devido a operações policiais.

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O esquema de segurança da Polícia Militar terá 17.000 homens, contingente 47% maior que o observado em 2017, quando o efetivo foi de 11.937. O governo do Estado conseguiu colocar em dia o chamado RAS (Regime Adicional de Serviço) dos policiais que trabalham em dias de folga, obtendo, assim, um contingente maior de agentes. A prefeitura também contratou 3.300 agentes privados de segurança que trabalharão em conjunto com as autoridades para relatar crimes ou brigas que possam ocorrer durante a folia.

HOTÉIS

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Apesar da ampla divulgação da situação de insegurança na cidade, os hotéis estarão cheios no Carnaval, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro. A pesquisa prévia de ocupação de quartos traz uma média de 86%, mais do que o registrado em 2017 (78%) e quase o recorde dos últimos cinco anos -a maior taxa de ocupação foi em 2013 (87%).

Segundo a Prefeitura, são esperados 6,5 milhões de foliões na cidade nos cinco dias de folia. O clima entre donos de bares e restaurantes, segundo Fernando Bowler, presidente do SindRio (Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro), é de ânimo, pois esperam aumento no movimento, que teve queda expressiva no último ano devido à crise financeira e à violência. No entanto, não sem preocupação com segurança.

"Não temos como fazer o trabalho do estado na segurança. Quem tem mais condição bota uma câmera, por exemplo, mas a segurança privada não substitui o policiamento. Apesar da situação por que passa o Rio, estamos contentes com o aumento do movimento", diz ele.

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Um levantamento feito pelo Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro aponta que a expectativa dos comerciantes é que o movimento nos próximos dias supere em 10% a 15% o registrado no mesmo período do ano passado.

PREFEITO

O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), tem sido um personagem do Carnaval. Pastor licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, ele assumiu em janeiro do ano passado rejeitando a festa, num aceno à sua base evangélica. Naquele ano, ele não participou da cerimônia de entrega das chaves da cidade ao Rei Momo, tradição de décadas. Prefeitos como Eduardo Paes, Cesar Maia e Moreira Franco participaram da cerimônia quando comandaram o município. 

Neste ano, a assessoria do prefeito havia divulgado que ele faria a entrega das chaves em uma cerimônia reservada, mas voltou atrás diante de repercussão negativa, já que o evento costuma ser aberto à imprensa. Mesmo assim, Crivella, que posou para fotos ao lado do Rei Momo nesta sexta-feira (9), não passou a chave ao folião. Quem fez isso foi um funcionário da RioTur, a agência de turismo da prefeitura responsável pela organização do Carnaval. 

Há a promessa de o prefeito passar uma noite na Marquês da Sapucaí, local onde desfilam as escolas de Samba. A relação com as escolas ficou estremecida depois que o prefeito reduziu em 50% a subvenção dada às agremiações. Parte das escolas, inclusive, apoiou a candidatura de Crivella, em 2016. Parte do valor que a prefeitura deixou de repassar foi compensada com patrocínio do BNDES e repasses via lei Rouanet. A Mangueira, por exemplo, virá com samba enredo com críticas a postura do prefeito.

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