SYLVIA COLOMBO
BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - Dos 13 candidatos da eleição presidencial na Costa Rica, que ocorre neste domingo (4), ao menos cinco têm chances de chegar ao segundo turno, em abril, sendo que nenhum deles supera os 20% das intenções de voto.
As pesquisas mostram as mais diferentes combinações e, junto à oscilação grande das intenções de voto e ao número de indecisos (30%), fazem da eleição um mistério.
"Em ocasiões anteriores, nos concentrávamos em dois candidatos e mandávamos os repórteres cobrirem estes. Nesta eleição não dá, temos que cobrir todos", contou à Folha de S.Paulo o chefe de Redação do "La Nación" da Costa Rica, Armando Mayorga, que não arrisca nenhum prognóstico.
O populista de direita Juan Diego Castro, ex-ministro da Justiça, parecia liderar com folga com um discurso linha-dura na segurança. Após uma série de embates com outros candidatos, em que "houve uma grande exposição de 'roupa suja'", segundo Mayorga, sua popularidade caiu -ele está em terceiro lugar.
Em meio à campanha, surgiu a resposta da Comissão Interamericana de Direitos Humanos a uma consulta feita pelo atual presidente, Guillermo Solís, sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A CIDH declarou que recomendava que a Costa Rica regulamentasse essas uniões.
Foi a deixa para o candidato evangélico Fabricio Alvarado, com um discurso a favor do "matrimônio entre homem e mulher", subir de 3% para 19% das intenções de voto, tomando a dianteira. Logo atrás dele está Antonio Alvarez Desanti, que, apesar de ser o candidato liberal, ao ver que o tema era tão caro ao eleitorado, disse respeitar a decisão da corte, mas que, se fosse eleito, não aprovaria a medida.
Entre os cinco favoritos, apenas um, o governista Carlos Alvarado, ex-ministro do Trabalho, se posicionou a favor da união homossexual.
A corrupção é outra preocupação. O partido hoje no poder, Ação Cidadã, despontou nas últimas eleições com a bandeira de combater a corrupção. Porém, logo se viu envolvido em um escândalo de desvio de verbas públicas.
A Costa Rica é uma das democracias mais estáveis das Américas, com bons índices sociais e baixo desemprego. "O problema é que há um cansaço com relação aos partidos tradicionais. É o que explica esse alto índice de indecisos e o surgimento desses candidatos antissistema", diz o escritor e ensaísta Ricardo Soto.
A segurança também é um problema crescente, em uma região conflagrada. "Sempre nos beneficiamos do fato de a Nicarágua ter um bom Exército. Isso vem nos protegendo da guerra entre 'maras'", diz Mayorga, referindo-se às gangues de Guatemala, El Salvador e Honduras.
Ainda assim, os índices de homicídio cresceram -já são 12,1 por 100 mil habitantes, quando antes ficavam abaixo de 10.
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