SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A série multimídia "Um Mundo de Muros", publicada pela Folha de S.Paulo de junho a setembro de 2017, ganhou por unanimidade o prêmio Rei da Espanha de Jornalismo Digital, dado em parceria pela agência EFE e pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional e Desenvolvimento, órgão do Ministério de Relações Exteriores do país.
O anúncio da premiação aconteceu nesta quinta-feira (1º).
O trabalho é "uma denúncia do aumento das barreiras físicas que nos separam em uma sociedade cada vez mais interconectada", destacou o júri, que chamou a atenção também para diferenciais como o uso de drones e de vídeos 360º na série de reportagens especiais.
O conjunto de textos jornalísticos, ensaios fotográficos e vídeos deu origem a sete capítulos, ao longo dos quais a equipe do jornal percorreu quatro continentes para mostrar as raízes históricas, sociopolíticas e econômicas de diversos muros e barreiras.
O mote para a série foi uma pesquisa da professora canadense Elisabeth Vallet, que apurou haver hoje no mundo 70 grandes edificações desse tipo.
Para preparar o material, os repórteres foram às fronteiras entre EUA e México; Quênia e Somália; e Sérvia e Hungria. Também estiveram em Israel e na Cisjordânia, em Lima (Peru) e na rodovia dos Imigrantes, em Cubatão (SP).
Ao lado do Prêmio Maria Moors Cabot, da Universidade Columbia (EUA), o Prêmio Rei da Espanha é um dos mais importantes do jornalismo internacional.
A série "Um Mundo de Muros" já venceu também o Prêmio do Comitê Internacional da Cruz Vermelha de Cobertura Humanitária Internacional.
A equipe responsável pelo projeto é formada por Angelo Dias, Avener Prado, Daigo Oliva, Diogo Bercito, Edson Sales, Fabiano Maisonnave, Irapuan Campos, Isabel Fleck, José Henrique Mariante, Kleber Bonjoan, Lalo de Almeida, Luciana Coelho, Marcelo Pliger, Patricia Campos Mello, Renan Marra, Roberto Dias, Rogério Pilker, Rubens Alencar, Simon Ducroquet, Thea Severino, Thiago Almeida e Victor Parolin.
A Folha de S.Paulo já havia vencido o Prêmio Rei da Espanha em 1997, na categoria fotografia, com imagem de Moacyr Lopes Junior que mostrava violência policial contra adolescentes em São Paulo; em 1993, na categoria fotografia, com imagem de Pisco del Gaiso que mostrava índia da tribo dos Guajás amamentando porco do mato; e em 1987 na categoria jornal impresso, com reportagem de Janio de Freitas sobre irregularidades na construção da ferrovia Norte-Sul.
Neste ano, a ganhadora do Prêmio Rei da Espanha na categoria jornal impresso foi Alicia Hernández Sánchez, espanhola radicada na Venezuela, com reportagem para o "New York Times" sobre tráfico de gasolina em Guajira. O prêmio de fotografia foi para uma imagem da avalanche de lama em Mocoa, na Colômbia, feita pelo colombiano Santiago Saldarriaga Quintero para o jornal "El Tiempo".
Na categoria televisão o premiado foi o costa-riquenho Alexánder Rivera González, por reportagem para a Televisora de Costa Rica-Teletica Canal 7 sobre os efeitos do furacão Matthew no Haiti. A portuguesa Rute Isabel da Silva Fonseca ficou com o prêmio na categoria rádio, com reportagem sobre uma família portuguesa fabricante de violinos, para a TSF Rádio Notícias.
O diário espanhol "El País" levou o prêmio de Meio de Comunicação de Destaque, enquanto o argentino Juan Roberto Mascardi Vigani venceu o Prêmio Iberoamericano de Jornalismo com texto sobre um jogador de futebol publicado no jornal "La Voz del Interior", de Córdoba. O prêmio Dom Quixote de Jornalismo foi para o escritor e articulista espanhol Fernando Aramburu; e o prêmio especial de Jornalismo Ambiental e Desenvolvimento Sustentável ficou com o cubano Julio Batista Rodríguez, que fez reportagem sobre a poluição da enseada de Chipriona, em Cuba.
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