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Justiça suspende licitação de linhas do Metrô; funcionários seguem em greve

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Justiça de São Paulo suspendeu em decisão liminar na tarde desta quinta-feira (18) a licitação das linhas 5-lilás e 17-ouro do Metrô. O governo do Estado diz que está trabalhando para reverter a liminar. A decisão atende ao

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 18.01.2018, 18:35:00 Editado em 18.01.2018, 18:35:13
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Justiça de São Paulo suspendeu em decisão liminar na tarde desta quinta-feira (18) a licitação das linhas 5-lilás e 17-ouro do Metrô. O governo do Estado diz que está trabalhando para reverter a liminar.

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A decisão atende ao pedido dos vereadores paulistanos Sâmia Bomfim e Toninho Vespoli (ambos do Psol). Desde o início desta quinta-feira (18), parte dos metroviários estão paralisados justamente para tentar barrar o avanço desta licitação que teria seu vencedor revelado nesta sexta-feira (19).

Na decisão, o juiz Adriano Laroca criticou a obrigação contratual do governo estadual em compensar eventuais perdas de receita caso o número de passageiros não chegue ao planejado e caso a remuneração acordada em contrato seja diferente da paga pela população. "Basicamente, pode-se dizer que se trata de uma privatização custeada com recursos públicos", escreveu o juiz.

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Laroca apontou ainda a defasagem entre o volume a ser pago pelo direito de conceder as linhas (R$ 189 milhões) e o gasto que o governo do Estado teve ao construir os ramais nos últimos anos (cerca de R$ 7 bilhões).

Sobre este ponto, anteriormente, o Metrô já havia dito à imprensa que a comparação entre os valores não é possível, já que o que está em jogo é a concessão do serviço de transporte e não a venda das estruturas.

A decisão liminar critica também a baixa competitividade na concorrência, já que segundo os vereadores, apenas duas empresas estão aptas a se adequarem ao edital de contratação. Na última semana, os metroviários chegaram a dizer que têm fortes indícios que a CCR, empresa que já opera a linha 4-amarela, ganharia a licitação. Metrô e a CCR negam as acusações de direcionamento.

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Outro ponto da decisão é de que para o juiz, o governo do Estado sequer teria direito de licitar a linha 5-Lilás. Isso porque a linha faz parte do pacote estrutural concedido pela Prefeitura de São Paulo ao governo do Estado em 1974. Sendo assim, ainda que seja desde 1986 o acionista majoritário do Metrô, o governo não é seu verdadeiro dono, o que o impossibilitaria de conceder uma de suas linhas à iniciativa privada.

METROVIÁRIOS

Além dessas questões, os metroviários reclamam ainda que a concessionária não terá nenhuma responsabilidade em ampliar as linhas que serão concedidas.

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Eles argumentam ainda que no contrato desenhado pela gestão Alckmin não há hipótese da concessionária perder dinheiro. Isso porque, caso a demanda de passageiros fique abaixo da estimada, o governo estadual se compromete a compensar a concessionária pelos passageiros não transportados. Isso pode ocorrer até mesmo se o governo tucano atrasar a entrega de obras previstas para a linha, o que tem sido frequente ao longo dos últimos anos. "É o capitalismo sem riscos", criticou Wagner Fajardo, diretor do sindicato dos metroviários.

O modelo é o mesmo já utilizado para pagar a linha 4-amarela, a primeira a ser concedida na cidade. No caso da linha 4-amarela, a entrega parcelada de estações da primeira etapa, com atraso e diferentemente do que era previsto, levou a concessionária a cobrar do Metrô R$ 500 milhões -sob a justificativa de que perdeu parte da demanda projetada.

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Os metroviários ainda anunciaram publicamente que têm fortes indícios de que a empresa CCR será a vencedora da licitação das linhas. Segundo a categoria, a empresa que é a maior concessionária de Metrô do país, foi a única concorrente a fazer estudo de viabilidade econômica nas dependências do Metrô.

O Metrô e a CCR condenam a declaração dos metroviários e dizem que não há irregularidades no processo. O Metrô informa ainda que fez a apresentação da licitação das linhas a empresas estrangeiras, para aumentar a concorrência pelo lote. A companhia diz ainda que a CCR não foi a única a desenvolver estudos de viabilidade para a linha.

TRAJETOS

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A linha 5-lilás, parte da estação Capão Redondo e vai até a estação Brooklin, ambas na zona sul. A linha, que atualmente é gerida pelo próprio Metrô, está em expansão e deverá chegar até a estação Chácara Klabin, onde conectará com a linha 2-Verde. No caminho, ela ainda fará conexão com a linha 1-Azul e 17-ouro.

As obras de expansão da linha chegaram a ser suspensas em 2010 após a Folha revelar que os vencedores dos lotes de construção da linha já eram conhecidos seis meses antes da licitação. O caso segue na Justiça, mas mesmo assim, Alckmin decidiu avançar com a obra firmando o contrato com as mesmas empresas.

Já a linha 17-ouro, que está em construção desde 2012, deveria ficar pronta em 2014, para a Copa. Mas após vários atrasos, tem agora previsão de ser entregue até 2019. Ela sai do aeroporto de Congonhas e seguirá até a estação Morumbi, da CPTM, na marginal Pinheiros.

Uma segunda etapa de construção da linha estava prevista até o bairro do Morumbi, passando por Paraisópolis. Mas o governo do Estado, diante da dificuldade de tocar o empreendimento e até o abandono da obra por parte de uma das empreiteiras contratadas, decidiu reduzir o percurso da linha.

A mudança no trajeto acabou derrubando a rentabilidade da linha. Ou seja, sem atender áreas muito populosas como Paraisópolis, a linha perdeu a capacidade de atrair grande parte do público que pagaria pela operação do sistema.

Para se ter uma ideia, o Metrô estima um custo de operação de R$ 6,71 por passageiro, nesta linha, muito acima do preço atual da tarifa da rede, de R$ 4. O Estado, para efeito de comparação, paga R$ 4,03 por usuário à concessionária da linha 4-amarela (o valor se refere ao passageiro exclusivo desta linha; para passageiros que fazem a integração, existe um rateio entre as outras empresas do transporte metropolitano). O prejuízo orçamentário na linha chegou a ser utilizado pelo governo do Estado para justificar a concessão casada da linha 17-ouro com a linha 5-lilás (da qual se espera lucro).

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