SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O estupro seguido de morte de uma menina de 7 anos no Paquistão gerou uma onda de protestos no país à qual se somaram celebridades paquistanesas reconhecidas ali e no exterior.
O corpo de Zainab Ansari foi encontrado na terça-feira (9) em um depósito de lixo em Kasur, nas proximidades de Lahore, quatro dias depois de seu desaparecimento.
Trata-se do 12º crime do tipo na cidade em um ano, o que alimentou denúncias de impunidade por parte da população local e impulsionou uma campanha na internet com a hashtag #JusticeforZainab (justiça por Zainab) ao redor do mundo.
A Nobel da Paz paquistanesa Malala Yousafzai e o ex-jogador de críquete e político paquistanês Imran Khan foram algumas das celebridades que usaram a hashtag, que entrou nos "trending topics" do Twitter.
"Isso tem de parar", disse Malala, defensora dos direitos das meninas de seu país. "As autoridades têm de agir."
"Não é a primeira vez que esses atos horríveis acontecem", afirmou Khan. "Temos de agir rapidamente para punir os culpados e garantir que nossas crianças estejam protegidas."
Uma pesquisa de 2011 da Fundação Thomson Reuters apontou o Paquistão como o terceiro país mais perigoso para mulheres, devido à ocorrência de ataques com ácido, casamentos infantis e punições por apedrejamento.
Na quarta (10), duas pessoas foram mortas quando a polícia disparou contra manifestantes em Kasur. Nesta quinta (11), escolas, escritórios e mercados ficaram fechados.
Várias cidades, como Faisalabad (nordeste) e Karachi (sul), registraram protestos. A estrada entre Lahore e Kasur foi bloqueada, e o tráfego local, suspenso.
As atrizes Mahira Khan e Sanam Saeed estavam entre os manifestantes em Karachi, a maior cidade do Paquistão.
"Precisamos começar a falar abertamente sobre abuso sexual", afirmou Khan, uma das mais populares intérpretes do país. "Precisamos incluí-lo nos currículos escolares. A conscientização é chave. Associar o abuso e o estupro à vergonha é a razão por que vários [ataques] não são reportados."
O abuso sexual cresce no país, com mais de 4.000 casos relatados em 2016, 10% a mais que em 2015, segundo a Comissão de Direitos Humanos do Paquistão.
O ministro-chefe da província do Punjab, Shahbaz Sharif, visitou os pais de Ansari para prometer que os agressores seriam presos.
Mas a família duvida de que a justiça seja feita. "Não temos nenhuma expectativa em relação à polícia. Demos provas para os agentes, inclusive gravações de câmeras de segurança, e nada foi feito", afirmou à Reuters seu tio, Hafiz Muhammad Adnan.
Uma recompensa de 10 milhões de rúpias (R$ 290 mil) foi oferecida para quem fornecer informações sobre os agressores.
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