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Síndrome do pânico: o medo de ter medo

Do nada seu coração acelera. Descompassa. Perde o ritmo. As mãos, geladas, suam. Parece que falta ar. Seu corpo sua e treme. Seu peito dói. Você se sente fraco. Tonto. Algumas vezes, formigamento, náuseas, vômitos. Dor de cabeça. Esgotou seu tempo de vali

Da Redação

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Síndrome do pânico: o medo de ter medo -Imagem ilustrativa: Stock photo | BDN
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Síndrome do pânico: o medo de ter medo -Imagem ilustrativa: Stock photo | BDN
Escrito por Da Redação
Publicado em 19.11.2017, 13:41:00 Editado em 19.11.2017, 13:57:23
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Do nada seu coração acelera. Descompassa. Perde o ritmo. As mãos, geladas, suam. Parece que falta ar. Seu corpo sua e treme. Seu peito dói. Você se sente fraco. Tonto. Algumas vezes, formigamento, náuseas, vômitos. Dor de cabeça. Esgotou seu tempo de validade? Chegou sua senha? É a morte chamando?

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Nada disso. Você está tendo um ataque de pânico. Os sintomas se confundem muito com um ataque cardíaco. Por isso muitas pessoas, nas primeiras vezes, pedem para serem levadas para uma emergência. E, na emergência, os exames dão resultados absolutamente normais. Por quê?

Porque o corpo não está doente. Apenas age como se estivesse. Os sintomas são físicos. A doença, não. O ataque de pânico é um tsunami de ansiedade. Uma crise de desespero. Somados à sensação de um grande perigo se aproximando.

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A pessoa sente como se estivesse morrendo. Ou enlouquecendo. E a sensação é devastadora. Paralisante. Bloqueia a vida.

Em situações reais de perigo, é bom mesmo que o corpo se prepare para reagir. E lutar pela sobrevivência, brigando ou fugindo. A questão é que na síndrome do pânico, não há perigo real. Esse medo intenso não está ligado a uma situação específica. É um medo difuso. Sem aparente razão de ser.

Mas não é invenção. Mentira. Nem mimimi. Não é falta de Deus no coração. Há padres cheios de Deus no coração que sofrem igual aos simples mortais. E, importante esclarecer, não se trata de coisa de gente fraca.

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Ao contrário. O pânico acontece com pessoas muito fortes. Pessoas competentes. Que sempre deram conta de suas vidas. E ainda carregavam outras junto. Cuidando de tudo mundo. Ajudando quem está em volta.

O ataque de pânico tem seu auge em dez minutos. Não costuma durar mais de meia hora. Parece pouco? Mas dura uma eternidade. E deixa marcas duradouras. Faz estragos. Porque é muito intenso e ruim. A memória do que de ruim ela sentiu deixa a pessoa insegura.

O dia a dia muda, fica tenso. É o medo de ter medo. Ela vai se restringindo. Estreitando a vida. Evita lugares onde já teve a crise. É comum ir ficando mais em casa onde se sente mais protegida. Sair acaba ficando custoso. Tenso.

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Quem já teve um piriri sabe o que é medo de sair de casa. Você não sabe quando. Onde. Em que intensidade. Mas sabe que corre riscos. E tem medo. Quem nunca passou por isso? Você já sai pensando em banheiros próximos. Para eventuais emergências.

Na crise de pânico é parecido. A mesma insegurança. Pode acontecer em qualquer lugar, a qualquer momento. O mesmo medo e a vontade de saber para onde correr em caso de emergência. O receio de passar por isso em público. O que as pessoas vão pensar? Vão julgar? Vão entender?

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O sofrimento não é só nas crises. Mas na insegurança que dá entre uma e outra. Quando vai ser a próxima? Como? Onde? A vontade de só ficar em casa quietinho, protegido, vai crescendo. A pessoa tende a se isolar. Às vezes até se apronta. Mas, na hora, não consegue ir. Vai se excluindo dos amigos, da família, do mundo. Em casos mais graves, a pessoa nem consegue mais sair de casa sozinha. Só com alguém do lado.

Uma vez me disseram que pancadas fortes de chuvas de verão duram vinte minutos. Não sei se é verdade. Mas, geralmente, aguardo vinte minutos. Elas diminuem. Então eu saio. Crises de pânico são chuvas de verão. Só que no ano todo.

O tempo fecha. De repente, do nada, é o mundo se acabando. Ume estrago. Tudo inundado em volta. No pânico, é a angustia que inunda. Que faz o estrago. Dura uns vinte minutos. Depois passa. Mas deixa tudo em volta devastado.

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Parece o fim do mundo? Sim. Mas não é. O pânico é uma sensação horrorosa. Mas não mata. Quanto mais conhecimento a pessoa tiver do seu corpo. Dos seus afetos, das suas crises, melhor será o prognóstico da doença.

Muitos clientes me chegam devastados. Como náufragos de chuvas de verão. A vida desarrumada. A criatividade bloqueada. Os relacionamentos por terra. A sensação de estarem destruídos. Um sofrimento bem difícil de suportar. Mas tem tratamento. Essa é a boa notícia.

A psicoterapia é um lugar para encontrar novos caminhos. Repensar crenças mofadas que só impedem seus progressos. Reformar pensamentos velhos, negativos que só te puxam para baixo e te murcham os sonhos.

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Serve para permitir novos hábitos. Novas metas. Ir além do que se imaginava. Assumir o controle da própria vida. Largar o controle da dos outros. Repensar relacionamentos. Dar um start e reiniciar a vida com mais disposição.

A psicoterapia ajuda a identificar os gatilhos emocionais que desencadeiam a crise. E associada à medicação, pode controlar as crises. Até, em muitos casos, acabar com elas. Um alívio. Se for o seu caso, procure ajuda. Ansiedade maltrata. Mas não mata. Eu sei o quanto é ruim. Mas não precisa ter medo. Vai passar.

Muitas coisas acontecem na vida da gente como aviso. Pedidos de ajuda. Mensagens sutis de que não está dando para continuar da mesma forma. E que chegou a hora da mudança.

Não entenda como castigo, vergonha, ou limitação. Entenda como lição. Como chance de fazer diferente. Antes que a morte chegue, dessa vez, de verdade. Enquanto há vida, há esperança. Invista em você.

Fonte: Mônica Raouf El Bayeh- Extra.globo.com

Mônica é carioca, professora e psicóloga clínica. Especialista em atendimento a crianças, adolescentes, adultos, casais e famílias.



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