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ATUALIZADA - Voluntários dominam ruas da Cidade do México no dia seguinte a terremoto

SILAS MARTÍ, ENVIADO ESPECIAL CIDADE DO MÉXICO, MÉXICO (FOLHAPRESS) - Todos os punhos se levantam — é um sinal de silêncio. Quando as equipes de resgate ouvem algum sinal de vida entre os escombros, tudo para até que tenham certeza que mais uma vítima se

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 20.09.2017, 23:20:09 Editado em 20.09.2017, 23:20:09
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SILAS MARTÍ, ENVIADO ESPECIAL

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CIDADE DO MÉXICO, MÉXICO (FOLHAPRESS) - Todos os punhos se levantam — é um sinal de silêncio. Quando as equipes de resgate ouvem algum sinal de vida entre os escombros, tudo para até que tenham certeza que mais uma vítima se salvou.

"Está feia a situação lá dentro", dizia Armando Muñoz, um soldado que acabava de sair da pilha de destroços de um prédio de escritórios em Roma, bairro nobre da região central da Cidade do México. "Tiramos três pessoas, mas depois que passassem dessa para uma vida melhor."

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No dia seguinte ao terremoto de magnitude 7,1 que atingiu o México, em especial a capital, o ritual se repetia ao redor de edifícios prestes a desabar: 44 construções vieram abaixo na segunda maior cidade da América Latina, algumas delas mais de 24 horas após o abalo, forçando a polícia a isolar calçadas, viadutos e quarteirões inteiros.

Nas ruas, além do silêncio ritmado das buscas por sobreviventes, outro silêncio estranho abafa a rotina de um dos bairros mais vibrantes da cidade, cheio de bares e cafés onde alguns assistem mudos às telas de TV mostrando imagens de feridos sendo retirados dos escombros —ao menos 230 pessoas morreram, cem só na capital. Mais de 1.800 ficaram feridas.

O maior número de mortos na metrópole foi em uma escola no extremo sul, onde 21 alunos e cinco adultos morreram. Segundo as autoridades, pelo menos cinco crianças estão vivas entre os escombros, mas quase 40 pessoas continuam desaparecidas.

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Além dos 3.400 homens do Exército mobilizados para o resgate, um mutirão de voluntários domina as ruas. São batalhões de civis carregando pás, marretas, machados, baldes, garrafas de água, comida e todos os tipos de ferramenta que possam ajudar.

Num cruzamento fechado por soldados, dois grupos enormes de civis aguardavam o momento de entrar em ação, sendo liberados em filas de 30 para retirar os escombros, blocos de concreto que passam de mão em mão.

"Descansem um pouco e voltem mais tarde porque vamos precisar de vocês, a noite vai ser muito longa", dizia Santos Lazzeri, um voluntário que organizava o excesso de contingente. "Sou como todos que estão aqui, um voluntário, mas eu falo mais alto, então ajudo a pôr ordem."

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Outros prestavam assistência especializada. Rapazes de uniforme vermelho traziam escrita nos braços a palavra "médico" e homens com megafones chamavam enfermeiros. Havia ainda quem oferecia apoio psicológico.

"Estava longe daqui quando tudo aconteceu, mas em todas as partes da cidade os carros começaram a dançar e as fachadas de vidro se estilhaçaram", contou o psicólogo voluntário Luis Monter. "Estamos nos juntando aqui porque disseram que precisavam de ajuda. Hoje cedo já vim apoiar quem precisa."

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Entre os resgates, os moradores dessa cidade rachada ao meio mostram imagens espetaculares de destruição nas telas dos celulares, alguns com vídeos que parecem saídos de filmes de ação —a Cidade do México virando um safári de ruínas.

Os mexicanos, aliás, estão acostumados com essas imagens. Esta tragédia mais recente aconteceu exatos 32 anos depois que um terremoto, em 19 de setembro de 1985, deixou quase 10 mil mortos.

Há 13 dias, outro abalo de magnitude 8,2 matou quase cem no sudoeste do país.

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"Nunca vou esquecer a visão do Estádio Azteca cheio de cadáveres", dizia o engenheiro Jorge Cisneros, num café no bairro vizinho de Piedad Narvarte, onde outro prédio acabava de desabar.

"Aquele [o de 1985] foi muito pior, mas este também nos pegou de surpresa. Moro aqui do lado, meu prédio é ao lado desse que caiu por último."

Sua sobrinha, Karen Cisneros, que não tinha nascido na época do outro terremoto, transformou seu café, o Idilio, numa base de operações.

Era um dos poucos endereços com luz (4 milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica), wi-fi (as empresas de telefonia abriram sinais) e um banheiro que funcionava.

"Decidimos abrir porque fomos um dos primeiros a ter luz", disse a jovem, enquanto lia no celular relatórios da Defesa Civil sobre prédios ao redor. "Não me lembro de antes, mas isso foi aterrador."

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