BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A Sociedade Brasileira de Pediatria lançou nesta quarta-feira (20) um manual para ajudar os pediatras sobre como atuar nos casos de "disforia de gênero", condição marcada pelo descompasso entre o sexo biológico e a identidade de gênero.
O texto, que foi produzido pelo Departamento Científico de Adolescência da entidade, visa assegurar o atendimento e encaminhamento correto de crianças e adolescentes com sinais de transtornos de gênero, de forma a garantir sua acolhida nas redes de saúde e evitar preconceitos.
Também visa evitar o uso indevido de medicamentos, como o emprego precoce de hormônios sem orientação. "Esse assunto não pode ser visto como um fenômeno de moda. É necessário extrema cautela e zelo", diz em nota a presidente da SBP, Luciana Rodrigues Silva.
Em geral, crianças com sinais de disforia de gênero podem expressar a certeza de serem do sexo oposto ou forte desconforto com suas características sexuais, preferindo roupas, brinquedos, jogos e atividades culturalmente ligadas ao outro sexo.
O documento elenca os critérios que devem ser observados pelos pediatras para auxiliar no diagnóstico e orienta sobre o tratamento.
Entre eles, está o forte desejo da criança de pertencer a outro gênero que não o designado no nascimento; forte preferência por vestir roupas ligadas geralmente ao gênero oposto, com resistência àquelas do próprio gênero; preferência por papéis transgêneros em brincadeiras e desgosto pela própria anatomia sexual, além de quadro de sofrimento significativo devido à situação.
A cartilha recomenda ainda que os casos sejam avaliados e diagnosticados em conjunto com equipes multidisciplinares, para que decidam sobre as estratégias que devem ser adotadas durante o tratamento.
Uma delas é a possibilidade de suspensão da puberdade, o que pode ocorrer em casos específicos. Neste caso, o pré-adolescente consegue ter mais tempo para avaliar sua identidade sexual.
A medida segue parecer de 2013 do Conselho Federal de Medicina, que recomenda que, no caso de diagnóstico da disforia de gênero ainda na infância, o tratamento pode ser iniciado ainda na fase da pré-adolescência para supressão da puberdade.
Caso a disforia persista até os 16 anos, a puberdade do gênero desejado pode passar a ser induzida. Em ambos os casos, é necessário o consentimento dos pais.
TRATAMENTO
Em geral, após o diagnóstico, o tratamento se baseia em psicoterapia e uso de hormônios (quando houver indicação médica).
Também há possibilidade de intervenção cirúrgica -esta, somente após a maioridade do paciente e depois de no mínimo dois anos de acompanhamento terapêutico.
No SUS, pacientes que buscam a transexualização podem obter atendimento por meio de unidades especializadas. Para ambos os gêneros, a idade mínima para procedimentos ambulatoriais é de 18 anos.
Para procedimentos cirúrgicos, a idade mínima é de 21 anos. Após a cirurgia, deve ser realizado um ano de acompanhamento médico.
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