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PEDRO DINIZ, ENVIADO ESPECIAL
MILÃO, ITÁLIA (FOLHAPRESS) - Júlio César, Otávio Augusto, Zeus, Netuno. Reunidos em uma sala esfumaçada, figuras da mitologia e da política greco-romana faziam par com os convidados sentados em uma espécie de cova fashionista, na qual jazia também uma múmia.
Foi com esse caldeirão de referências que o estilista Alessandro Michele abriu, nesta quarta-feira (20), a temporada de verão 2019 da semana de moda de Milão.
Entre o misticismo e a opressão, a melhor coleção do estilista desde seu início na Gucci, em 2015, é ao mesmo tempo um conto sobre a escalada de conservadorismo que define a geopolítica e uma resposta a ela.
O nome da coleção, "o ato de criação como um ato de resistência", é emblema desse discurso bordado em paetês, jeans e lurex. Toucas cravejadas de cristais, referência ao acessório que as mulheres usavam na Idade Média, e mordaças estilizadas compuseram looks com referências à indumentária monástica, militar e à noite dos anos 1980.
A década é o ponto de fuga da coleção. Grafismos tingidos de cor fluorescente preencheram calças e casacos cortados em alfaiataria, com variações de tamanhos e proporções.
O misto de conto de fadas e conto de horror também foi expresso nos desenhos de serpentes em posição de ataque, aplicados em casacões e joias enroladas pelos pescoços e pulsos dos modelos, e também de personagens infantis, como uma Branca de Neve a ponto de morder a maçã envenenada, enquanto símbolos da religiosidade asteca e egípcia se fundiram nas roupas.
Nessa miscelânea, a veia urbana se contrapõe ao classicismo dos vestidos lânguidos e à alfaiataria, dualidade que se transformou em marca de Michele e na fórmula mais copiada da moda de hoje.
GUCCI
AVALIAÇÃO ótimo
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