Aplicativo para ajudar no voto é usado por 11 milhões

BERLIM, ALEMANHA (FOLHAPRESS) - A baixa participação de jovens nas eleições é seguida por discussões sobre como prepará-los, em meio a seu desinteresse pela política. Essa educação tem sido gradualmente deslocada, na Alemanha, a um aplicativo de celular chamado Wahl-O-Mat. O programa, que recomenda partidos a partir de uma série de respostas, terá 11 milhões de usuários nesta semana.

Segundo pesquisa do YouGov, ao menos metade dos eleitores de até 29 anos pretendem consultá-lo antes de votar. Entre os eleitores de todas as faixas etárias, mais de um terço vai usar o aplicativo.

O Wahl-O-Mat foi criado em 2002, inspirado em experiências na Holanda, em que revistas traziam enquetes para direcionar os eleitores. Há iniciativas semelhantes no Brasil.

"Queríamos algo que incentivasse os jovens a votar", afirma Pamela Brandt, responsável pelo projeto dentro do Centro Federal de Educação Política. "Eles não veem a diferença entre os partidos e tampouco entendem o que estão dizendo."

A ideia do aplicativo não é decidir pelo eleitor, mas informá-lo, explica Brandt, antecipando as críticas de que o Wahl-O-Mat contribua de maneira negativa à eleição.

O formulário é desenvolvido durante meses com o apoio de 25 jovens escolhidos a partir de centenas de inscrições. Eles leem os programas de todos os partidos e formulam suas questões.

De todas as perguntas preparadas -uma recorrente é a respeito da legalização das drogas- sobram 38, que são então encaminhadas aos partidos políticos para que seus líderes respondam.

Quase 500 jovens se inscreveram para participar da equipe do Wahl-O-Mat neste ano, trabalhando ao lado de analistas políticos no desenvolvimento do aplicativo.

Ida von Holtum, 23, foi uma das escolhidas ao time de voluntários. Ela tinha acabado de se formar em filosofia a política, "mas os estudos eram muito teóricos", diz. "Eu queria agir e ser parte do processo político."

Estas são eleições especialmente importantes, diz ela, com o crescimento do partido de direita nacionalista AfD (Alternativa para a Alemanha). Pesquisas recentes sugerem que a sigla pode chegar em terceiro lugar nas eleições de domingo (24).

"No começo, não sabia por onde começar a entender a política. Necessitava de um ponto de partida", afirma a jovem, que usa o aplicativo. "Pensamos que nosso voto não vai fazer diferença. Mas, se não votamos, nossos interesses não são representados no Parlamento."