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Eleitorado velho cria lacuna geracional em campanha alemã

DIOGO BERCITO, ENVIADO ESPECIAL BERLIM, ALEMANHA (FOLHAPRESS) - A chanceler alemã, Angela Merkel, 63, aparece com um sorriso sapeca em uma das peças mais recentes de sua campanha. É uma fotografia sua datada em 1957, quando tinha três anos de idade. Uma j

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 19.09.2017, 05:15:07 Editado em 19.09.2017, 05:15:08
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DIOGO BERCITO, ENVIADO ESPECIAL

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BERLIM, ALEMANHA (FOLHAPRESS) - A chanceler alemã, Angela Merkel, 63, aparece com um sorriso sapeca em uma das peças mais recentes de sua campanha. É uma fotografia sua datada em 1957, quando tinha três anos de idade.

Uma jovem Merkel para as pouco jovens eleições celebradas neste domingo (24).

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Os votantes na faixa etária de 18 a 30 anos representam apenas 15% do total de eleitores, contra aqueles acima de 60, que são mais de 36%.

Essa situação preocupa no país, onde o ex-presidente Roman Herzog (1994-1999) falava em uma "democracia de aposentados", com um interesse político excessivo pelos eleitores mais velhos.

O temor é que, sem peso nas urnas, os jovens deixem de ser uma prioridade dos partidos, com propostas voltadas às fatias mais representativas --e, com isso, percam o interesse em votar.

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Apenas 60,3% dos alemães de 21 a 25 anos participaram do pleito de 2013. Foram por outro lado 79,9% entre quem tinha de 60 a 70. O voto não é obrigatório.

"As questões de interesse dos jovens não existem no 'mainstream'", diz à Folha Wolfgang Gründinger, autor de estudos sobre o tema. Ele estima que só 3% dos membros dos principais partidos têm menos do que 25 anos.

A situação, diz, é desleal. "As eleições são justas no sentido de que o voto é universal e secreto. Mas democracias também precisam integrar as minorias, e os jovens são uma minoria hoje no país." Ele tem 33 anos.

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O vão entre as faixas etárias tem diversos efeitos. Um deles é distorcer os resultados. O partido nacionalista de direita AfD (Alternativa para a Alemanha), por exemplo, atrai um eleitorado específico de meia-idade. Os mais jovens, por outro lado, preferem a CDU (União Democrata-Cristã) de Merkel.

Outra consequência é que os partidos favorecem plataformas voltadas aos eleitores que podem decidir o pleito.

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Analistas apontam, nesse sentido, o baixo investimento alemão na educação em comparação com seus vizinhos. A Alemanha investiu 4,2% de seu PIB no setor em 2015. A França pôs 5,5%.

O envelhecimento da população significa que essa tendência só deve se agravar, depois de os eleitores acima de 50 anos terem se tornado maioria pela primeira vez na eleição de 2013.

Mas analistas como Gründinger propõem uma série de medidas para amenizar os efeitos da pirâmide alemã.

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Deveria haver uma cota para jovens nos partidos, diz, e o Parlamento deveria instituir um comitê jovem para participar da feitura das leis.

Gründinger também sugere que a idade mínima de voto seja reduzida de 18 para 16 anos. Forças à esquerda, como o SPD (Partido Social-Democrata) e os Verdes, debatem a ideia. Jovens de 16 e 17 anos ainda estão na escola e podem ser educados e mobilizados para as eleições. O efeito seria uma maior participação, diz Christina Tillmann, da Fundação Bertelsmann.

Incrementar a porcentagem de eleitores jovens é também uma maneira de diminuir as divisões sociais, ela afirma, já que são os jovens de baixa renda os que menos comparecem às urnas.

Mas a pesquisadora discorda do senso comum de que os eleitores mais jovens votam pensando no futuro, enquanto os mais velhos têm perspectivas mais breves.

Tillmann estudou esse tema e, por meio de suas entrevistas com eleitores, concluiu que são justamente os eleitores com mais de 60 anos que votam em propostas políticas de longo prazo.

Uma das explicações que ela encontra é o fato de que esses eleitores fazem parte de gerações com ideologias mais enraizadas, como o comunismo. Quem tem 70 ou 80 anos hoje viveu períodos como a Guerra Fria e sobreviveu a diferentes regimes.

"Os jovens, por outro lado, têm uma mentalidade de shopping quando votam", diz. Preferem um candidato que proponha uma solução imediata --reduzir tal imposto, por exemplo-- do que outro com uma visão de futuro.

Para sua surpresa, os mais imediatistas que Tillmann encontrou foram os jovens pais. "Eles sabem que têm de se preocupar com o futuro dos filhos, mas têm a perspectiva de mais curto prazo. Preferem usar o carro a votar em um partido ambientalista."

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