DIEGO BARGAS
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Estreando na TV em "A Força do Querer", atual novela das 21h da Globo, Carol Duarte, 25, interpreta Ivana, que em breve será Ivan.
Ao longo da trama, a personagem se descobriu transexual e já iniciou sua readequação de gênero com uma terapia hormonal.
Os capítulos da semana iniciada na segunda (28) serão de grandes emoções, com Ivana revelando sua condição aos pais e cortando o próprio cabelo.
Ivan sofrerá a rejeição da família e muito preconceito. Na vida real, transexuais são vítimas de discriminação e violência todos os dias no Brasil.
Em entrevista ao "F5", da Folha de S.Paulo, Carol Duarte diz acreditar que a novela pode iluminar o assunto e promover um diálogo na sociedade "como uma faísca".
PERGUNTA - O impacto que a personagem tem tido é uma pressão?
CAROL DUARTE - É uma responsabilidade. É um desafio como atriz. Eu me preparei, e os artistas envolvidos constroem isso juntos. É muito legal ter isso numa novela das 21h. Quando faço uma cena mais forte eu penso, sim, nas pessoas que estão vendo.
P - Você acompanha a repercussão da personagem?
C.D - Eu tento ler, e tem muita gente que vem falar comigo.
P - Pessoas trans?
C.D - Sim. E já conhecia pessoas trans antes, não era um universo estranho para mim. Claro que com a novela eu me aproximei muito mais. Muitas pessoas vêm me dizer que estão felizes de esse assunto estar sendo tratado na novela, porque a novela faz as pessoas buscarem mais informação. Às vezes o preconceito vem da falta de informação, de conversar. Entrar na casa das pessoas, que podem nem saber que isso existe, a gente, de certa forma, dá voz às pessoas que vivem tudo isso.
P - Teve medo de que a Ivana fosse rejeitada pelo público?
C.D - Eu sabia que teria uma repercussão. Então me concentrei em pesquisar, em construí-la bem, para fazer da maneira mais honesta possível. Não tive esse medo porque vim do teatro, é meu primeiro trabalho na TV, então tudo é novo para mim. Eu tinha a preocupação de fazê-la muito inteira, porque é importante essa personagem ser bem feita hoje.
P - A realidade das pessoas trans é de muita violência. Algo te surpreendeu na sua pesquisa?
C.D - Se a gente pensar que o Brasil é um dos países que mais mata pessoas trans, que violência e a exclusão são muito grandes, então eu penso que se essa novela puder diminuir esses números, vai ser muito legal. A novela pode trazer essa discussão para a sociedade como se fosse uma faísca. O artista é um provocador social. Ouvi histórias muito violentas, e de pessoas que não conseguem arrumar emprego, ou terminar o colégio, por conta do preconceito. O corpo dessas pessoas é quase um manifesto.
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