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Brasil abrigou embaixador acusado de crime de guerra por quase 2 anos

PATRÍCIA CAMPOS MELLO SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Autor da denúncia contra o ex-presidente chileno Augusto Pinochet, o jurista espanhol Carlos Castresana-Fernandez reuniu-se nesta segunda (28) com um representante do Ministério Público Federal para pedir

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 29.08.2017, 06:55:08 Editado em 29.08.2017, 09:05:55
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PATRÍCIA CAMPOS MELLO

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Autor da denúncia contra o ex-presidente chileno Augusto Pinochet, o jurista espanhol Carlos Castresana-Fernandez reuniu-se nesta segunda (28) com um representante do Ministério Público Federal para pedir ao Brasil que solicite a prisão preventiva do embaixador do Sri Lanka, Jagath Jayasuriya, pela Interpol, apurou a reportagem.

O embaixador é acusado de cometer crimes de guerra quando comandava as tropas do governo na guerra civil do Sri Lanka, em 2009, segundo relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos.

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Tropas sob seu comando mataram 40 mil civis. A acusação o responsabiliza pela matança, tortura e o estupro sistemático de prisioneiras pelas forças de segurança.

Mas Jayasuriya deixou o posto no Brasil e partiu para o Sri Lanka no domingo (27), véspera da reunião no MPF. Sua partida já era prevista.

"Diante da fuga, temos que recorrer à Interpol", diz Castresana, que representa a ONG International Truth and Justice Project Peace and Justice Project, que trabalha com vítimas de violações de direitos humanos no Sri Lanka.

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Ele se reuniu com o secretário de cooperação internacional do MPF, Vladimir Aras, e pediu a emissão de uma ordem internacional de captura. O caso está em análise.

Jayasuryia foi nomeado embaixador no Brasil em agosto de 2015 e chegou ao país em novembro do mesmo ano. Ele também é representante diplomático do Sri Lanka na Colômbia, Peru, Argentina, Chile e Suriname.

A então presidente Dilma Rousseff recebeu as credenciais e ele ficou no Brasil até agora sem ser incomodado.

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"É um criminoso de guerra, como [o alemão Josef] Mengele ou [o sérvio Slobodan] Milosevic, nenhum país democrático pode deixar uma pessoa dessas solta pelas ruas", disse Castresana.

O Brasil poderia não ter recebido as credenciais do embaixador. Também poderia declará-lo persona non grata ou requerer ao país de origem que sua imunidade diplomática fosse retirada.

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"O prêmio que ele ganhou por ter matado 40 mil pessoas foi ficar passeando pela América do Sul", diz Castresana. Na página do general em uma rede social, há fotos dele na praia e nadando com botos na Amazônia.

Além de Dilma, o representante tem fotos com a chilena Michelle Bachelet e o colombiano Juan Manuel Santos, também Nobel da paz.

Como chefe das Forças de Segurança de Vanni, Jayasuriya comandou as ofensivas do final da guerra, em 2008 e 2009, no norte do Sri Lanka. As forças lutavam contra os rebeldes separatistas Tigres Tâmeis, que também são acusados de crimes de guerra.

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Segundo o relatório da ONU "o quartel general das forças de segurança para o Vanni, comandado na época pelo general Jayasuriya, era um dos principais campos onde os detentos eram sujeitos a interrogatórios e frequentemente torturados."

A ONU afirma ainda que o mesmo quartel era palco de violência sexual e acusa as forças comandadas por Jayasuriya de bombardear intencionalmente hospitais e zonas de segurança para civis.

OUTRO LADO

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A Embaixada do Sri Lanka no Brasil afirmou que o embaixador Jagath Jayasuriya havia deixado o cargo e partido para seu país neste domingo (27). Segundo a embaixada, ele não estava acessível para entrevistas.

Sua partida, informou a representação diplomática, já estava prevista.

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A embaixada informou que ainda não foi nomeado um novo embaixador e não há previsão para que isso aconteça.

Jayasuriya havia avisado o Itamaraty no início de agosto sobre a partida.

A reportagem entrou em contato com o primeiro secretário comercial da embaixada, Premathilake Jayacoby, e a funcionária Tabita Pereira, e foi instruída a mandar um e-mail explicando a natureza da reportagem.

Após esse e-mail, recomendaram que a reportagem enviasse um outro e-mail, desta vez para o Ministério das Relações Exteriores do Sri Lanka. Até às 20h desta segunda, o ministério ainda não havia respondido.

A reportagem entrou em contato com o Itamaraty, que relatou ter sido informado no início de agosto pelo embaixador sobre a partida dele.

Na semana passada, o ministério promoveu um coquetel de despedida, como é praxe com os embaixadores de partida.

Indagado sobre o processo de credenciamento de embaixadores estrangeiros, o ministério não respondeu até as 20h.

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