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'Haters' oscilam entre ódio ao Chico político e amor por sua obra

MARCO AURÉLIO CANÔNICO RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Procure nos comentários de qualquer notícia ligada a Chico Buarque e eles estarão lá: os "haters", gente que aproveita as facilidades da internet para expressar com muita ênfase seu desgosto em rela

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 22.08.2017, 14:20:04 Editado em 22.08.2017, 14:20:04
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MARCO AURÉLIO CANÔNICO

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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Procure nos comentários de qualquer notícia ligada a Chico Buarque e eles estarão lá: os "haters", gente que aproveita as facilidades da internet para expressar com muita ênfase seu desgosto em relação ao cantor.

"Estava à toa na vida /e a Rouanet acabou /vou lançar um CD /a mamata cabô" escreveu um deles, comentando a reportagem da Folha de S.Paulo que anunciava o novo disco. "Pirateiem à vontade! Afinal de contas, Chico é socialista e não deve se importar", disse outro no mesmo texto.

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Palavrões em geral são filtrados, mas ofensas como "comunista imundo", "múmia", "vagabundo plagiador" e "petralha" aparecem com frequência.

Na época em que lançou seu último CD ("Chico", 2011), o cantor contou, em vídeo, sua surpresa ao descobrir que o carinho que o público lhe dedicava nas ruas e shows não se estendia ao território on-line.

"Hoje em dia, [com] essa coisa de internet, as pessoas falam o que vem à cabeça, né? E a primeira vez que eu vi isso eu não sabia como era o jogo ainda. Eu fiquei espantadíssimo. Porque o artista geralmente acha que é muito amado (...), e abre a internet e é odiado, dizem as piores coisas", afirmou, rindo.

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Nos seis anos que se passaram entre aquele trabalho e o recém-lançado "Caravanas", a antipatia de parte expressiva da população contra Chico aumentou na mesma proporção de sua exposição pública em defesa dos governos Lula e Dilma.

Hoje, no país dividido da Lava Jato, a agressividade dos anti-Chico é muito mais visível. Mas boa parte dos "haters" ouvidos pela reportagem disse gostar da obra buarquiana -ainda que nada nos comentários sugira tal moderação.

Numa reportagem sobre "Caravanas", o carioca Agnaldo Nery comentou: "Esse aí só vai vender para petralha comunista. Só quero saber se é para os que vivem em Paris ou em Cuba".

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Nery diz gostar de "quase toda" a obra de Chico, citando "Geni e o Zepelim", "Cálice", "Apesar de Você" e "A Banda" entre suas favoritas. Por que, então, bater no cantor em público mesmo numa notícia sem qualquer relação com política?

"Ele pode ser um grande músico, mas sua postura política é falsa e ligada a criminosos que procuram incessantemente nos levar a uma ditadura militar comunista como a da Venezuela atualmente."

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Alguns comentaristas expressam sua decepção com o artista. "Foi meu ídolo na minha juventude, agora pra mim não passa de um oportunista!!! Que adianta ter talento se é conivente com o errado? Pra mim, morreu", escreveu o casal Ricardo e Helena Campilo (cujo perfil no Facebook é conjunto). À reportagem disseram ter decidido atacar Chico na internet porque "minha indignação foi muito grande quando observei sua postura política". "Valorizo muito seu trabalho, mas me decepcionei com a postura dele quanto à nossa política. Acho que ele é hipócrita", afirmou o casal.

Há também os que fazem acusações mais fortes, não raro baseados em "fake news" -como a de que Chico compraria suas músicas de velhos compositores sem condições.

"Nada tenho contra o cantor e compositor Chico Buarque, pelo contrário, tenho a maior admiração por suas canções", disse à reportagem o goiano Izaias Lucas. "O que me deixa indignado é que, mesmo com a esquerda tendo causado tanto mal ao país, ele ainda nutre uma enorme simpatia por eles."

Comentando em rede social, ele foi menos ponderado: "Aliou-se a um bando de canalhas que nos roubaram e dividiu entre eles, Chico também levou a parte dele", escreveu Izaias.

Os ataques públicos ao cantor chegaram às ruas também, em dezembro de 2015, quando quatro homens o abordaram agressivamente em frente a um restaurante no Leblon (zona sul do Rio), criticando seu posicionamento em relação ao PT.

Chico reagiu rindo e rebatendo as falas do grupo, sem se exaltar. Foi uma demonstração prática do que havia pregado no tal vídeo mencionado no começo deste texto, em que falava dos "haters".

"Você vai fazer o quê, né? As pessoas têm uma raiva... Mas você não vai ficar com raiva de quem tem raiva. Deixa pra lá, não pode ficar triste com isso."

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