SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Centenas de supremacistas brancos e manifestantes antirracismo entraram em confronto nas ruas de Charlottesville, na Virgínia (EUA), na manhã deste sábado (12).
Uma manifestação de grupos nacionalistas, chamada "Unir a Direita", estava programada para a tarde de sábado, e as autoridades esperavam 6.000 presentes.
Grupos de oposição também compareceram, e uma multidão que protestava contra o racismo foi atropelada por um carro. Uma mulher de 32 anos morreu na colisão e, de acordo com o centro médico da Universidade da Virgínia, 19 precisaram de atendimento hospitalar.
Ao todo, foram 35 feridos em confrontos ao longo do dia, informou a polícia de Charlottesville. O suspeito pelo atropelamento foi preso.
O prefeito da cidade, Mike Signer, confirmou a morte em sua conta do Twitter e pediu que os presentes na manifestação retornassem às suas casas. À tarde, um helicóptero caiu nos arredores de Charlottesville e matou duas pessoas, segundo agências, mas ainda não se sabe se há conexão entre a queda e os conflitos entre manifestantes.
Em pronunciamento na tarde deste sábado, o presidente Donald Trump afirmou que o país tem que se unir e impedir a violência.
"Sem distinção de credo ou de partido político, somos, antes de tudo, americanos. Amamos nosso país e temos orgulho de quem somos", disse o presidente. "Queremos estudar esse caso de Charlottesville e descobrir o que estamos fazendo de errado."
Pelo Twitter, o presidente afirmou que, agora, "o que é vital é restaurar rapidamente a lei a ordem e proteger a vida de inocentes".
Outras personalidades, como Bill Clinton, Melania Trump e Bernie Sanders, também usaram a rede social para repudiar a violência e a intolerância.
Na manhã de sábado, ativistas de direita vestidos com roupas militares carregavam escudos e exibiam armas de grosso calibre pela cidade, e se descreviam como uma "milícia", segundo o "Washington Post". A sua intenção era "manter a paz", afirmaram.
Os dois grupos opostos, antirracistas e nacionalistas, começaram a trocar gritos, socos, arremessaram garrafas de água e dispararam sprays de pimenta uns contra os outros.
Logo que o conflito começou, o governo da Virgínia declarou estado de emergência e proibiu o ato marcado para a tarde. A polícia passou a ordenar aos manifestantes que deixem as ruas e ao menos uma pessoa foi presa.
SEXTA-FEIRA
Na noite de sexta-feira (11), Charlottesville também teve briga nas ruas. Carregando tochas, centenas de supremacistas brancos promoveram uma marcha com tochas e palavras de ordem contra imigrantes, negros, homossexuais e judeus.
Foi umas das maiores manifestações da extrema-direita vistas nos Estados Unidos nos últimos anos.
Grupos nacionalistas de extrema-direita iniciaram a caminhada em um parque e foram até o campus da Universidade da Virgínia, aos gritos de "Vocês não vão nos substituir", em referência aos imigrantes, e "Vidas brancas importam", uma alusão ao movimento que protesta contra a morte de negros por policiais, Black Lives Matter.
Houve também demonstrações de orgulho nazista. No caminho, encontraram outro grupo que protestava contra a ação ao redor de uma estátua do presidente Thomas Jefferson (1743-1826), fundador da universidade.
Os manifestantes contrários aos extremistas estavam em menor número e acabaram cercados. Houve ofensas verbais e confronto, que incluiu golpes com as tochas e uso de sprays de pimenta.
Os participantes dispersaram após a chegada da polícia. Algumas das pessoas feridas disseram que os guardas demoraram a agir.
No Twitter, Donald Trump se pronunciou contra a violência nos protestos. "Todos precisamos nos unir e condenar tudo que é associado ao ódio. Não há lugar para esse tipo de violência na América", disse.
CONFEDERAÇÃO
Com 47 mil habitantes, Charlottesville virou alvo de extremistas após a administração local decidir retirar de um parque uma estátua do general Robert E. Lee (1807-1870) e remover outras homenagens a líderes confederados em locais públicos. O caso está na Justiça e a estátua, por ora, segue ao ar livre.
Durante a Guerra Civil nos EUA (1861-65), Estados do Sul criaram uma confederação e lutaram para se tornarem independentes e manter o direito de ter escravos. Eles foram derrotados e seguiram sob controle de Washington.
No protesto de sexta, muitos extremistas carregavam a bandeira da Confederação. Grupos de extrema-direita alegam que o avanço de direitos para imigrantes e negros levaria à sua extinção.
Após a eleição de Donald Trump, em novembro, eles têm se tornado mais vocais.
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