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Petróleo venezuelano mantém EUA atados

ISABEL FLECK WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - Mais impopular para o presidente Donald Trump do que não punir a ditadura de Nicolás Maduro da forma mais dura possível seria deixar que o preço da gasolina disparasse nos Estados Unidos. Esse é um dos principai

Da Redação

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Publicado em 06.08.2017, 03:05:07 Editado em 06.08.2017, 03:05:07
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ISABEL FLECK

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WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - Mais impopular para o presidente Donald Trump do que não punir a ditadura de Nicolás Maduro da forma mais dura possível seria deixar que o preço da gasolina disparasse nos Estados Unidos.

Esse é um dos principais motivos pelos quais o americano ainda não avançou com as sanções sobre o setor de petróleo da Venezuela. Os impactos não seriam apenas para a já castigada população do país, cujo petróleo representa 95% de todas as suas exportações.

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Os EUA importam 777 mil barris de petróleo por dia da Venezuela, que é o terceiro maior exportador para o país (7,5% do total importado), atrás apenas do Canadá e da Arábia Saudita.

O impacto de bloquear o petróleo venezuelano seria sentido na bomba de combustível. Um cálculo feito pela consultoria PKVerleger LLC estima um aumento de US$ 0,25 a US$ 0,30 por galão (3,79 litros) em duas semanas, se os EUA suspendessem a importação da Venezuela.

Hoje, o preço médio do galão de gasolina no país é US$ 2,35 (o equivalente a cerca de R$ 1,94 por litro).

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"O impacto poderia ser significativo, com aumento do preço da gasolina, falta de estoque de petróleo bruto para as refinarias nos EUA e uma potencial perda de empregos", afirma David Mortlock, ex-diretor de Assuntos Econômicos Internacionais do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.

Só a Citgo, subsidiária da petroleira venezuelana PDVSA nos EUA, que importa cerca de 200 mil barris por dia da Venezuela, tem três refinarias no país (Texas, Louisiana e Illinois), 48 terminais de abastecimento e 6.000 postos pelos EUA, onde trabalham 46 mil pessoas.

Mortlock, que assessorou o então presidente Barack Obama sobre sanções contra Rússia, Irã, Cuba e Síria, está preparando, com o especialista em energia na América Latina Francisco Monaldi, da Universidade Rice, um levantamento para o "think tank" Atlantic Council sobre as possibilidades que o governo Trump tem agora.

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Para Mortlock, ainda não é hora de o presidente suspender as exportações da Venezuela. "A meta é mostrar a Maduro e seus apoiadores que os custos serão maiores à medida que eles tomarem passos se distanciando da democracia", diz. "Se ele for direto para esse tipo de sanção, não terá muito mais o que fazer."

Na lista de ações graduais para pressionar o regime venezuelano, estão aplicar sanções às instituições e às empresas ligadas às autoridades do alto escalão do governo da Venezuela que já são alvo de restrições e proibir qualquer instituição financeira dos EUA de dar novos créditos à PDVSA, o que pressionaria mais a liquidez da petroleira.

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Uma última opção antes de suspender as importações da Venezuela seria parar de exportar os 100 mil barris de petróleo leve americano diários que a Venezuela mistura com o petróleo bruto que produz antes de vendê-lo.

"Acho até que os venezuelanos vão ser capazes de substituir [o petróleo leve americano], mas as margens de lucro vão ser menores", diz Monaldi, destacando que a melhor opção para Caracas, neste caso, é bater à porta da Rússia, que já negocia esse tipo de combustível com o país. "A questão é quanto os russos estarão dispostos a colaborar."

A opção parece mais adequada para os EUA, por não afetar diretamente o seu mercado interno, mas ter impacto na capacidade da Venezuela de produzir gasolina.

O caso mais extremo, a suspensão das importações da Venezuela, teria efeito "devastador" segundo Alejandro Grisanti, diretor da consultoria Ecoanalitica. "A posição dos EUA é que as sanções ponham pressão sobre o governo e ao mesmo tempo não causem mais dor à população venezuelana, que já enfrenta uma forte crise."

Grisanti diz que, nos EUA, os impactos poderiam ser mitigados usando reservas de petróleo bruto do país --que, segundo seus cálculos, poderiam abastecer por mais de quatro meses as refinarias hoje importadoras da Venezuela.

Outra alternativa é que os EUA comprem mais de países como Canadá e Colômbia.

"A logística é que pode se tornar complicada", pondera Mortlock. "Levar o petróleo do Canadá para as refinarias do golfo do México pode se tornar um desafio, mas tenho certeza de que o governo está discutindo esses planos de contingência."

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