SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta sexta-feira (4) acordo com as construtoras Setin e Cyrela para viabilizar a implantação do parque Augusta, na região central de São Paulo.
O tucano vem negociando nos últimos dois meses a troca dessa área verde (de 24 mil m²) pela fração de uma área pública (18 mil m², segundo estimativas da prefeitura) entre a marginal Pinheiros e a rua do Sumidouro.
O acordo vem sendo monitorado pelo Ministério Público Estadual e só irá adiante com aval da Justiça e da Câmara Municipal, o que pode demorar ao menos dois meses. Mesmo antes desse processo, porém, Doria já fez uma estimativa de quando entregará a área de lazer: 2018.
A decisão de anunciar o pacto oficialmente foi tomada após audiência judicial nesta quarta (2), quando a juíza da 13ª Vara da Fazenda Pública, Maria Gabriella Spaolonzi, determinou a nomeação de peritos para uma avaliação independente das áreas e dos empreendimentos que existem nelas.
A magistrada também elogiou o andamento do acordo, que envolve, além da administração, empresas e Ministério Público, entidades que exigem o parque.
Ele e os donos das construtoras têm relação de amizade. O acordo daria fim a uma discussão que se arrasta há 40 anos. Proprietárias da área do parque Augusta, as empresas tentavam levar adiante um empreendimento imobiliário ali desde a última década.
No terreno da zona oeste que eles podem receber com a permuta, funcionam atualmente a prefeitura regional de Pinheiros e a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
O acordo divide tanto urbanistas quanto as próprias entidades que reivindicam a existência do parque. De um lado, estão os que defendem a troca porque a cidade ganhará "um pulmão" de área verde na região central.
Do outro, estão os que veem na ideia a entrega de uma "joia rara" do mercado imobiliário, que trará lucro às construtoras, por uma terra privada com menor potencial construtivo e considerada "um mico", já que há forte pressão de entidades pela manutenção da área verde. A prefeitura defende que não há hipótese de a cidade sair no prejuízo.
Mesmo comprometido com o acordo, Antonio Setin, dono da incorporadora que leva seu sobrenome, disse à Folha de S.Paulo nesta quarta (2) que considera a troca desvantajosa para ele.
Além da troca de terrenos, a administração acordou com as empresas uma série de contrapartidas, avaliadas em R$ 30 milhões.
Se a permuta for adiante, além da construção do parque, as empresas terão que fazer uma nova sede da prefeitura regional e da CET na mesma área, uma creche, um centro de acolhida para moradores de rua e a descontaminação (a área tinha reservatórios de combustível) de parte do terreno.
Também está previsto, segundo Doria, a implantação de um bulevar que ligará a praça Roosevelt ao futuro parque.
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