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'Eleição foi farsa', diz opositora de Maduro na Venezuela

SYLVIA COLOMBO, ENVIADA ESPECIAL CARACAS, VENEZUELA (FOLHAPRESS) - "O tempo de Maduro no poder já não se conta mais em horas, e sim em mortos. Mortos pela repressão, pela fome e pela violência. Isso tem de parar já", disse à reportagem a opositora María C

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 01.08.2017, 08:00:07 Editado em 01.08.2017, 15:47:28
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SYLVIA COLOMBO, ENVIADA ESPECIAL

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CARACAS, VENEZUELA (FOLHAPRESS) - "O tempo de Maduro no poder já não se conta mais em horas, e sim em mortos. Mortos pela repressão, pela fome e pela violência. Isso tem de parar já", disse à reportagem a opositora María Corina Machado, 49, em entrevista em seu escritório, na tarde desta segunda-feira (31), em Caracas.

Para a ex-integrante da Assembleia Nacional, o que ocorreu no país no último domingo (30) "não foi uma eleição, foi uma farsa, uma palhaçada."

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Para ela, o número de votantes apresentado pelo governo —8 milhões— seria uma evidência da fraude.

"Maduro não teve isso [de votos] nem quando se elegeu presidente. Mas, como o referendo de 16 de julho indicou que 7,5 milhões de pessoas estavam contra [consulta informal sobre a Constituinte, segundo os dados da oposição, que a organizou], ele precisava jogar com esse número tão alto e absurdo. A cifra real não importa, pois as pessoas sabem que ninguém foi votar", disse Machado.

"Este Conselho Nacional Eleitoral não serve nem para eleger rainha do Carnaval."

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Machado, entretanto, se diz otimista, pois afirma que a combinação entre "a votação fraudulenta e a mancha de sangue", referindo-se aos 14 mortos em protestos durante o fim de semana, "quebra" o discurso chavista.

"Esse massacre está gerando comoção no país", afirma.

"Eu não subestimo as pessoas, creio que elas se dão conta da mentira e estão assustadas com a violência. Cada vez mais, o discurso dos chavistas soará como uma ofensa para os venezuelanos. Se tivessem vergonha, os que estão no governo deveriam dizer ao povo que o que virá agora é mais fome."

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Para Machado, a Venezuela entrou domingo numa nova fase, "que exige mais firmeza dos cidadãos e da comunidade internacional". "Não se trata de um debate sobre esquerda e direita, e sim uma escolha entre o totalitarismo e a liberdade."

Impedida de deixar o país há quatro anos e sem poder comprar passagens aéreos para viajar dentro da Venezuela, Machado afirma ter dificuldade para realizar comícios fora da capital, Caracas.

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Ainda assim, ela continua tentando, de moto —meio de transporte hoje para muitos caraquenhos.

"Passei a não ter mais medo das ameaças e a não andar com escoltas", conta. A segurança dos três filhos, porém, ainda a preocupa. Quando as ameaças a eles se intensificaram, Machado os enviou para viver fora do país.

REAÇÃO INTERNACIONAL

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Machado avalia como positivo o fato de vários países se manifestarem contra a Constituinte, mas afirma ser preciso mais firmeza. "E passar do diálogo para a ação."

Indagada se já não acredita na diplomacia, ela nega.

"A via diplomática inclui ações. Se o diálogo não é mais possível, não excluo sanções. E creio que a Organização dos Estados Americanos deveria ter conseguido aprovar a Carta Democrática [para suspender a Venezuela] e o Mercosul, expulsado a Venezuela do bloco."

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Machado afirma que a crise do país é um problema para toda a região não apenas por causa dos venezuelanos que emigram. "As doenças, o narcotráfico, a criminalidade também transbordarão as fronteiras", diz.

Diante do argumento de que o Brasil vive uma crise interna e que não teria meios de ajudar o país, Machado responde: "Sou contra essa ideia que se difunde muito entre a oposição daqui. O Brasil pode e deve reassumir o protagonismo e a liderança regional que perdeu por causa de sua crise interna. E isso inclui ajudar a transição da Venezuela".

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Ela acrescenta que conversa constantemente com o chanceler brasileiro, Aloysio Nunes. "Ele é das vozes mais lúcidas sobre a questão da Venezuela na região."

FUTURO

Machado diz crer que os atuais parlamentares oposicionistas terão papel crucial em defender a autoridade da Assembleia Nacional e devem permanecer lá. "O governo tentará tirá-los, e tem armas, mas não há outra maneira."

Por outro lado, diz que o poder para pressionar o governo agora vem das ruas.

"O protagonista deste processo é o cidadão, e essa revolta de mais de cem dias é encabeçada por estudantes, sindicatos, organizações de direitos humanos. Nós, políticos, temos que dar organicidade ao movimento, mas ele pertence à cidadania."

Segundo Machado, haverá espaço para o aumento da voz opositora, uma vez que "houve ruptura da base chavista". "Já há dissidências entre juízes, fiscais e militares."

Ela acrescenta, contudo, que todos devem estar alertas em relação à intensificação da repressão. "É uma ditadura agonizando, vai usar a força como último recurso."

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