SYLVIA COLOMBO
BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - A Justiça do Peru voltou a rejeitar nesta quarta (12) a libertação do ex-líder autocrata Alberto Fujimori, 78, por razões humanitárias e de saúde. Ele, que governou o país entre 1990 e 2000, cumpre desde 2009 pena de 25 anos de prisão por corrupção e crimes de lesa humanidade.
Autores da ação, os filhos de Fujimori, a ex-presidenciável Keiko Fujimori e o deputado Kenji Fujimori, pediram a soltura do pai, que sofre de um câncer na garganta.
Durante a acirrada campanha presidencial de 2016, em que Pedro Pablo Kuczynski venceu Keiko por uma diferença de quase 50 mil votos, o indulto a Fujimori foi um tema de debate.
Por conta do apoio que recebeu da esquerda e dos antifujimoristas para vencer Keiko, PPK havia prometido que deixaria o assunto nas mãos da Justiça e não indultaria o líder autocrata.
Porém, na semana passada, o presidente sugeriu ter mudado de posição, dizendo que havia chegado o momento de "avaliar um possível perdão". "Creio que chegou o momento de voltarmos a analisar isso", disse.
PPK vive atualmente sob intensa pressão do Congresso peruano, de maioria fujimorista (73 parlamentares, contra 18 governistas). Além da dificuldade em aprovar leis e reformas, PPK viu três de seus ministros (Educação, Economia e Transportes) afastados por pressão do bloco fujimorista, enquanto um quarto (Interior) está respondendo a uma sindicância.
Ao aventar a possibilidade um indulto a Fujimori, PPK provocou uma reação que voltou a encher as ruas de Lima e de outras cidades com passeatas de repúdio à soltura de Fujimori.
Já Keiko e Kenji consideram que o julgamento e a condenação do pai foram movidos por iniciativas políticas, tiveram falhas legais, além de afirmarem que o pai sofre abusos de direitos humanos na prisão.
Em maio, o juiz Arnaldo Sánchez pediu que fosse feita uma investigação sobre as condições do cárcere e chegou à conclusão de que o prisioneiro é bem tratado.
A advogada de Fujimori, Liz Ramos, disse que a família apelará à Suprema Corte. As ações da defesa buscam atrasar também os julgamentos que estão em andamento e nos quais Fujimori é réu, como o caso das esterilizações forçadas de mais de 200 mil mulheres em um projeto de planejamento familiar.
O pedido de soltura de Fujimori não é novo e atravessou a gestão de Ollanta Humala. Em 2013, um pedido de liberação foi negado pelo então presidente após uma junta médica avaliar que Fujimori podia continuar preso.
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