SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O escândalo gerado pelos contatos do filho do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com pessoas da Rússia na campanha eleitoral do ano passado estão gerando uma forte pressão sobre o governo. Mesmo entre membros do Partido Republicano, base do presidente, há vozes que começam a se levantar contra Trump, segundo analistas.
Segundo o site americano "Axios", Trump enfrenta virtualmente todas as forças políticas agora, mesmo aquelas que inicialmente preferiam dar a ele o benefício da dúvida no caso da busca por informações comprometedoras sobre a presidenciável democrata Hillary Clinton.
Ainda de acordo com o "Axios", o caso gerou uma reviravolta na pressão de grupos de interesse em Washington. Empresários, líderes internacionais e até mesmo políticos republicanos estão se voltando contra Trump.
"A maioria dos republicanos em cargos eletivos prefeririam ter [o vice presidente Mike] Pence como presidente. Quando a pressão aumentar, eles podem não proteger Trump. Na verdade, seu impulso natural pode ser de jogá-lo do navio", diz análise divulgada pelo "Axios".
Segundo o analista político Jonathan Swan, "por enquanto os congressistas republicanos vão ficar quietos e dar força ao governo pois eles querem aprovar sua reforma tributário, e eles precisam de um presidente republicano para assiná-la. Mas quando as coisas realmente apertarem, eles vão ter muito pouca boa vontade para apoiá-lo".
Alguns nomes importantes do Partido Republicano caracterizaram o comportamento do filho de Trump como um caso "muito sério", segundo reportagem do site "Politico".
O senador Lindsey Graham, por exemplo, disse que os emails relevados eram "perturbadores", enquanto o deputado Lee Zeldin indicou achar que o escândalo ultrapassou os limites aceitáveis.
Apesar da crescente pressão nos bastidores, em público os republicanos estão encarando o escândalo do presidente com silêncio quase total, segundo análise do site de estatísticas "Fivethirtyeight".
"Os republicanos parecem não ter abandonado Trump ainda", diz o texto.
Os colegas de partido do presidente evitaram declarações públicas e, mesmo em caso de entrevistas, evitaram criticar Trump, preferindo fazer comentários cuidadosos em defesa de investigações sobre a influência da Rússia nas eleições.
Segundo o "Fivethirtyeight", uma das vozes republicanas mais críticas no mais recente escândalo foi justamente a do vice-presidente. Em nota, Pence disse que não sabia do encontro do filho de Trump com os russos, e deixou claro que o caso aconteceu antes de ele ser convidado para ser vice na chapa republicana.
Enquanto cresce a pressão sobre o presidente, alguns membros do Partido Republicano se organizam para defender Trump e atacar a mídia, responsável por relevar o encontro do filho do presidente com emissários russos, segundo o jornal "The Washington Post".
O plano seria pesquisar o histórico de reportagens escritas pelos jornalistas que revelaram o caso para apontar erros ou tendências políticas que ajudem a diminuir sua credibilidade.
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