RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O desfile da Mangueira no ano que vem será uma resposta zombeteira à redução da subvenção da Prefeitura do Rio ao Carnaval. "Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco" é o título do enredo, anunciado na quinta (6).
O nome faz referência a uma marchinha da década de 1940, "Eu brinco".
Em junho, o prefeito Marcelo Crivella (PRB) decidiu reduzir à metade a verba que o município repassa às escolas de samba. Em um momento de caixa apertado, diz querer alocar recursos na educação.
A redução foi mais um capítulo da polêmica relação do prefeito, que é bispo licenciado da Igreja Universal, com o Carnaval. Neste primeiro ano no cargo, ignorou a tradição de entregar a chave da cidade ao rei Momo e se negou a aparecer na Sapucaí.
Crivella nega que o corte seja uma perseguição ao evento, e diz que se trata de elencar prioridades.
"Ele faz as escolas de vilãs com esse discurso. Dizer que vai cortar do Carnaval para alimentar crianças é pura demagogia", diz Leandro Vieira, carnavalesco da escola. Segundo ele, o desfile mostrará manifestações populares que acontecem independente da verba que os financia.
Na avenida, passarão botequins e bares, "polos de resistência e de propagação de ideias"; rodas de samba, "ponto de resistência da cultura negra"; travestis.
"É uma crítica não só ao bispo, mas também ao próprio modelo de financiamento do Carnaval", afirma Vieira, para quem o excesso de patrocínio amarra a criatividade dos desfiles.
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