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ATUALIZADA - Ex-chanceler Helmut Kohl, arquiteto da reunificação alemã, morre aos 87

JOÃO BATISTA NATALI SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-chanceler alemão Helmut Kohl, arquiteto do processo de reunificação da Alemanha em 1990, morreu nesta sexta-feira (16) aos 87 anos em sua casa na cidade de Ludwigshafen, informou o jornal "Bild". Koh

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 16.06.2017, 14:00:08 Editado em 16.06.2017, 14:00:10
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JOÃO BATISTA NATALI

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-chanceler alemão Helmut Kohl, arquiteto do processo de reunificação da Alemanha em 1990, morreu nesta sexta-feira (16) aos 87 anos em sua casa na cidade de Ludwigshafen, informou o jornal "Bild".

Kohl chefiou a Alemanha Ocidental de 1982 a 1990 e, até 1998, governou a Alemanha reunificada, tornando-se o chanceler democraticamente eleito que permaneceu mais tempo no poder. Ele também influenciou a adoção do euro pela Alemanha.

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Kohl é patriarca do partido CDU (União Democrática Cristã) e mentor da atual chanceler, Angela Merkel, que foi sua ministra.

"Estamos de luto. Descanse em paz", escreveu o CDU na rede social Twitter.

A saúde de Kohl estava debilitada desde que ele sofreu uma queda em 2008.

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ARQUITETO DA REUNIFICAÇÃO

Um dos bordões da política diz que grandes mudanças são quase sempre operadas por dirigentes conservadores. A reunificação da Alemanha Kohl é dos casos mais típicos. É bem verdade que não coube a ele, como chanceler (primeiro-ministro) provocar a implosão do comunismo, castelo de cartas que caiu juntamente com o Muro de Berlim, levando pouco depois à dissolução da União Soviética. Essa sucessão dramática de episódios pôs fim ao chamado "socialismo real" no Leste Europeu.

Mas Kohl foi responsável pela delicada operação que reativou o mapa de um Estado alemão unificado. Foi o mapa costurado por Otto Von Bismack, em 1871, e se dividiu em duas Alemanhas, após a derrota de Hitler, em 1945.

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Paradoxalmente, a imagem pública de Helmut Kohl foi manchada um ano depois de sua saída do governo. Foi quando a mídia revelou a existência de um caixa-dois com a qual a CDU, partido aliás da atual chanceler, Angela Merkel, financiou suas campanhas nos anos 80 e 90.

O partido do ex-chanceler pagou multa pesada, e Kohl, teve sua reputação abalada.

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Ele renunciou em 2000 à presidência de honra de seu partido, histórico adversário do SPD (social-democratas, de centro esquerda) e passou os últimos anos de sua vida num programado e discreto anonimato.

Uma fratura o pregou a uma cadeira de rodas e um AVC limitou seus movimentos.

Mas o ponto alto de sua biografia permanecerá a reunificação, desencadeada, ao final de 1989, pelo colapso da Alemanha Oriental (descendente da zona de ocupação soviética, em 1945) e pela queda do Muro de Berlim.

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Em termos internos, Kohl se viu diante de um complicado quebra-cabeças, que era o de reintegrar à República Federal a então Alemanha Ocidental, território economicamente assistencialista e ineficiente, segundo as fórmulas generosas do comunismo.

Sua principal decisão foi a de reconhecer a paridade entre o marco ocidental e o marco oriental, que no mercado negro valia três vezes menos. Era uma forma de assumir o prejuízo monetário para que os orientais tivessem o mesmo poder de compra no capitalismo reinstituído em seus territórios.

Em termos externos, a questão era a de gerir a imagem de uma Alemanha que passaria a ser a incontestável maior economia da União Europeia.

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Nesse momento, Kohl recebeu o sinal verde e o estímulo do então presidente da França, o socialista François Mitterrand (1916-1996). A França abria mão da disputa pela hegemonia europeia, em favor de seu grande aliado e ex-inimigo histórico, desde a guerra franco-prussiana de 1871.

Helmut Kohl nasceu em Ludwigshafen, na Renânia, numa família católica. A religião o levou à juventude da União Cristã Democrata ainda como estudante secundário.

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Continuou a militar ao entrar para a Universidade de Heidelberg, onde se formou em história e ciências políticas e fez doutorado. Jovem executivo numa indústria química da cidade em que nasceu, elegeu-se vereador em 1960. Foi o início de uma curta carreira que o levaria, em 1969, ao cargo de governador da província da Renânia-Palatinato.

Indicado por seu partido como candidato a chanceler, em 1976, foi derrotado pela coalizão de centro esquerda, de Helmut Schmidt. Tornou-se então líder da oposição no Bundestag (Câmara dos Deputados). O social democrata Schmidt cai em outubro de 1982 após perder um voto de confiança parlamentar, e Kohl, aliado aos liberais do FDP, torna-se chanceler e inicia sua carreira como chefe de governo.

As eleições parlamentares do ano seguinte solidificam seu poder, ao lado, também, do CSU, cristãos democratas da Baviera.

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Já naquele momento a preservação da prosperidade alemã estava condicionada a seu papel na União Europeia, o que levou Kohl a acirrar aliança com a França de Mitterrand. Foi simbólico o encontro de ambos em 1984, em Verdun –solo da batalha que marcou a derrota alemã na Primeira Guerra Mundial.

Era um novo atestado de reconciliação, iniciado bem antes por De Gaule e Adenauer. Mas, agora, com um guarda-chuva institucional europeu bem mais sólido. A Europa se uniria por laços institucionais bem mais fortes em 1992, com o Tratado de Maastricht, em que Mitterrand e Kohl foram os grandes arquitetos.

Também aliada dos Estados Unidos em razão da Guerra Fria, Kohl preservou e fortaleceu a presença militar americana em solo alemão. Relacionou-se bem com o presidente Ronald Reagan, em companhia de quem –gesto altamente simbólico– visitou cemitérios militares americanos da Segunda Guerra Mundial.

Mas a Alemanha também mirava na direção do Leste Europeu, fundamental para a "detente" que aliviaria as tensões na Europa. Kohl, o que foi visto como um gesto bastante ousado, convidou em 1987 para visitá-lo o líder da Alemanha Oriental, Erich Honecker.

Esse embrião de degelo se tornaria de grande utilidade quando, em 1990, se efetivaria a reunificação das duas Alemanhas. Ambas se consideravam até então como dois Estados que dividiam uma única nação.

Nas Olimpíadas, por exemplo, as duas Alemanhas desfilavam juntas nas cerimônias de abertura. Em lugar de cada uma cantar seu próprio hino, ambas adotavam o último movimento da "Sinfonia no. 9", de Beethoven.

Kohl tirou proveito desse sentimento de unidade e se dispôs a pagar o alto preço da modernização da ex-RDA (comunista) em praticamente todos os setores: estradas e sistema de transportes, habitação, parque industrial, informatização e tecnologia.

E, no que foi uma consequência natural da reunificação, foi Kohl que abandonou Bonn, junto ao Reno, e transferiu a capital de seu país para a reunificada Berlim.

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