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Giannetti cita papa Francisco para apontar 'crise da ecologia psíquica'

NAIEF HADDAD SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Logo no início de sua conferência, parte da série Fronteiras do Pensamento, o economista e filósofo Eduardo Giannetti da Fonseca brincou que jamais havia imaginado usar um trecho de uma encíclica papal como inspir

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 08.06.2017, 09:05:09 Editado em 08.06.2017, 09:05:11
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NAIEF HADDAD

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Logo no início de sua conferência, parte da série Fronteiras do Pensamento, o economista e filósofo Eduardo Giannetti da Fonseca brincou que jamais havia imaginado usar um trecho de uma encíclica papal como inspiração para uma palestra sua.

Na noite de quarta (dia 7), Giannetti e o filósofo francês Gilles Lipovetsky falaram ao público que lotava o teatro Santander, em São Paulo, sobre temas como a pós-modernidade, o individualismo e o consumo.

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O economista iniciou suas reflexões a partir de uma passagem de um texto do papa Francisco, em que o líder religioso comenta questões ambientais. "Os desertos externos estão aumentando no mundo porque os desertos internos se tornaram tão vastos", escreveu o papa.

A partir da referência aos "desertos externos", Giannetti disse que a degradação ambiental é "uma questão absolutamente central do século 21", expressa especialmente na mudança climática.

Ele citou estudo recente publicado pela revista científica britânica "Nature". De acordo com o texto, sendo 7 bilhões a população mundial, 1 bilhão é responsável por 50% das emissões de gás carbônico. O segundo grupo, formado por 3 bilhões de pessoas, responde pela produção de 45%. A terceira parcela, a mais pobre, emite apenas 5%.

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O último grupo, como observou Giannetti, busca ascender ao padrão de consumo do filão intermediário. Esse, por sua vez, pretende chegar ao topo, o grupo do 1 bilhão. "Assim a conta não fecha. Não dá para mantermos esse movimento", enfatizou o economista, que acredita que a nossa sociedade "está perdendo o controle do mundo natural".

Giannetti partiu, então, para abordagem de outro nó da vida contemporânea, definida por ele como "a crise da ecologia psíquica". Ele relaciona esse fenômeno aos "desertos internos" mencionados pelo papa.

Segundo o economista, nos países de alta renda per capita, um em cada cinco pessoas da população economicamente ativa sofre algum tipo de distúrbio psíquico a cada ano. Ainda de acordo com ele, o número de mortes por suicídio em países como EUA e Alemanha é superior às causadas por acidentes de carros.

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"Não condeno os ídolos da modernidade, como a tecnologia e o crescimento econômico, mas é preciso impor limites. Temos de construir novos valores", afirmou o autor de livros como "Trópicos Utópicos" (2016), "A Ilusão da Alma" (2010) e "Felicidade" (2002).

O cenário é alarmante, mas, assim como a introdução, o desfecho da conferência de Giannetti teve tom de bom humor. Ele citou o poeta português Fernando Pessoa: "Extraviamo-nos a tal ponto que devemos estar no bom caminho".

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LIPOVETSKY

Já o filósofo francês Gilles Lipovetsky discorreu sobre o conceito de leveza em uma sociedade de hiper-consumo.

"O hiper-consumo se estabelece numa sociedade em que quase a totalidade das relações humanas são pautadas pela lógica comercial", observou o francês.

Segundo Lipovetsky, "essa sociedade do hiper-consumo está muito ligada à leveza. A vida leve é regida pelos prazeres, pela distração. O ato de comprar é cada vez mais leve. Celebramos a leveza por meio do cybercomércio".

Nesse momento, o filósofo, que associa leveza e superficialidade, apontou um paradoxo. "O mundo contemporâneo, em meio à depressão e ao estresse, parece cada vez mais pesado. Para as mulheres, por exemplo, não há nada mais pesado do que o imperativo da magreza", afirmou.

Para o autor de "A Era do Vazio" e "O Império do Efêmero", só é possível resistir efetivamente ao hiper-consumo com o aprimoramento do sistema educacional. "Por meio da escola, podemos dar às crianças o gosto pela cultura, pela reflexão, pela criação artística."

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