KLEBER NUNES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Dois adolescentes infratores morreram e 34 fugiram durante uma rebelião ocorrida na madrugada desta segunda-feira (5), na unidade da Funase (Fundação de Atendimento Socioatendimento), em Abreu e Lima, na região metropolitana de Recife. Os internos fizeram um buraco no muro externo, bem perto de uma das guaritas de segurança, e conseguiram escapar.
A informação foi confirmada pela instituição e pela Polícia Militar de Pernambuco. O motim começou por volta das 1h. Os internos colocaram fogo nas dependências da unidade.
A Funase de Abreu e Lima, palco de outras fugas e mortes, tem capacidade para 98 jovens infratores. Antes da rebelião desta segunda (5), abrigava 174 adolescentes.
REBELIÃO NA PARAÍBA
Outra rebelião registrada em um centro socioeducativo na Paraíba neste sábado (3) deixou sete adolescentes mortos. Outros 11 fugiram.
Cinco dos sete adolescentes mortos na rebelião em Lagoa Seca (PB) foram queimados ainda vivos dentro de uma cela no Lar do Garoto, instituição que abriga jovens infratores.
Eles foram trancados dentro de uma cela destinada a presos provisórios e tiveram colchões e outros objetos queimados. Sem ter como sair, os cinco foram atingidos pelo fogo e morreram asfixiados e carbonizados.
As outras duas vítimas foram espancadas com barras de ferro até a morte no pátio da unidade. Uma delas teve o corpo queimado mesmo depois de morto.
Quatro internos, todos maiores de 18 anos, são suspeitos de terem comandado o motim e os assassinatos.
Três deles foram detidos neste sábado (3) e prestaram depoimento à polícia. O outro conseguiu fugir do Lar do Garoto e está foragido.
Segundo os delegados Ellen Maria e Antônio Lopes, da Central de Polícia de Campina Grande, responsáveis pela apuração do caso, os assassinatos foram motivados por rixas internas. Um dos suspeitos de ordenar os assassinatos teria acusado uma das vítimas de participação no roubo da casa de um parente dele.
Segundo a delegada Ellen Maria, os suspeitos tinham planejado primeiro matar os desafetos para em seguida fugir. Contudo, três deles acabaram não conseguindo concretizar a fuga e foram apreendidos pela Polícia Militar.
Os três presos suspeitos de comandar o motim foram encaminhados para o Presídio Regional do Serrotão, em Campina Grande. Eles devem ser indiciados por homicídio triplamente qualificado.
COLAPSO NOS PRESÍDIOS
O sistema penitenciário do país vive uma crise sem precedentes desde o primeiro dia do ano.
Rebeliões em presídios, principalmente, das regiões norte e nordeste terminaram com centenas de mortos e colocaram em evidência o colapso do setor, que é superlotado e pouco eficiente na ressocialização do preso, segundo entidades e especialistas que estudam o tema.
A crise teve início em 1º de janeiro, com um motim no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), em Manaus (AM), que terminou com 56 detentos mortos e 184 foragidos.
A matança registrada no presídio da capital do Amazonas foi a maior em número de vítimas em presídios do país desde o massacre do Carandiru, em 1992, em São Paulo, quando uma ação policial deixou 111 presos mortos na casa de detenção.
Depois foi a vez das unidades de Roraima, Rio Grande do Norte e Mato Grosso registrarem os massacres. Em todos os casos, as rebeliões partiram de ordens de facções criminosas, que disputam o controle do tráfico de drogas nas penitenciárias.
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