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Genoma de múmias egípcias mostra parentesco com Oriente Médio

REINALDO JOSÉ LOPES SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Análises do DNA de 90 múmias acabam de dar pistas importantes sobre as origens étnicas dos antigos egípcios. Ao que parece, os habitantes originais da terra dos faraós tinham parentesco mais próximo com mor

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 31.05.2017, 08:34:11 Editado em 31.05.2017, 08:34:12
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REINALDO JOSÉ LOPES

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Análises do DNA de 90 múmias acabam de dar pistas importantes sobre as origens étnicas dos antigos egípcios. Ao que parece, os habitantes originais da terra dos faraós tinham parentesco mais próximo com moradores do Oriente Médio (como grupos da Palestina e da Mesopotâmia), e não com os povos negros da África ao sul do Saara.

Os resultados, que estão saindo na revista especializada "Nature Communications", indicam ainda que os egípcios de hoje descendem, em larga medida, dos habitantes originais do país. A principal diferença entre a população do Egito moderno e a do antigo reino seria justamente uma significativa contribuição populacional negra em épocas mais recentes –talvez por conta do tráfico de escravos na região.

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Coordenada por Verena Schuenemann, da Universidade de Tübingen (Alemanha), a pesquisa representa um marco por aplicar pela primeira vez, com todos os cuidados necessários, os métodos mais recentes de extração de DNA antigo às célebres múmias do Egito.

Com efeito, a ambição de obter material genético de seres humanos que morreram há milhares de anos começou ainda nos anos 1980, com o estudo de múmias, mas só a partir da década passada as técnicas se tornaram suficientemente confiáveis e sensíveis para extrair o pouco DNA que restou nesses cadáveres embalsamados e confirmar que ele pertence mesmo às múmias, não derivando de alguma contaminação moderna.

SANTUÁRIO DE OSÍRIS

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As múmias analisadas pelos pesquisadores estão na própria Universidade de Tübingen e em outro museu alemão. Originalmente, todas vieram de Abusir el-Meleq, no Médio Egito, um antigo santuário dedicado a Osíris, o rei do mundo dos mortos, segundo a mitologia egípcia.

O interessante, no caso desse conjunto de corpos mumificados, é que ele abrange quase 2.000 anos de história egípcia, do chamado Novo Império (em torno do ano 1.400 a.C.) até o finzinho da dominação do Império Romano na região (por volta do ano 400 d.C.). Com isso, seria possível comparar tanto o DNA dos moradores antigos com o dos egípcios modernos quanto investigar se as várias invasões que o país sofreu ainda na Antiguidade tiveram impacto sobre a composição genética de seus habitantes.

Em quase todos os casos, os pesquisadores só conseguiram obter quantidades apreciáveis de mtDNA ou DNA mitocondrial, que está presente apenas nas usinas de energia das células, as mitocôndrias. O mtDNA tende a se preservar mais com o passar do tempo porque ele está presente em múltiplas cópias para cada célula do corpo. No caso de três indivíduos, porém, foi possível analisar ainda trechos do DNA nuclear, o genoma "principal" de cada pessoa.

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Ambos os tipos de dados –mtDNA e DNA nuclear– indicam a proximidade dos egípcios antigos com os grupos do Oriente Médio, incluindo gente de países modernos como Arábia Saudita, Jordânia e Iraque e antigos habitantes da Turquia. Haveria uma contribuição genética relativamente modesta de africanos negros nessa população ancestral.

Na população egípcia moderna, esse componente aparentemente dobra de importância, o que pode refletir o fluxo de escravos trazidos por rotas de comércio islâmicas nos últimos 1.200 anos –calcula-se que até 7 milhões de africanos da região ao sul do Saara tenham sido levados para a parte norte do continente ao longo dos séculos.

No caso de uma das múmias estudadas (do sexo masculino), os pesquisadores conseguiram até flagrar genes ligados à aparência e ao funcionamento do organismo. Descobriram que o sujeito tinha pele relativamente clara, olhos escuros e intolerância à lactose (açúcar do leite).

QUADRO RESTRITO

Apesar da abrangência temporal dos dados, sua principal limitação é geográfica, já que eles foram obtidos apenas a partir de indivíduos sepultados em Abusir el-Meleq. Acontece que, ao longo dos séculos, o domínio dos faraós frequentemente se estendeu rumo ao sul, chegando à atual fronteira com o Sudão, e grupos dessa área também dominaram todo o Egito por um breve período. É concebível que, nessas áreas, houvesse maior contato entre etnias que hoje classificaríamos como "brancas" e "negras" e, portanto, que os antigos egípcios do sul tivessem parentesco mais próximo com os outros povos africanos. Com o avanço das técnicas de obtenção de DNA antigo, pode ser que essa dúvida seja sanada em breve.

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