ISABEL FLECK
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - O diretor de comunicação da Casa Branca, Mike Dubke, anunciou nesta terça-feira (30) sua renúncia, no que seria a primeira de uma série de mudanças na equipe mais próxima ao presidente Donald Trump em meio a escândalos envolvendo seus assessores e a Rússia.
Segundo a imprensa americana, que cita funcionários do governo sob anonimato, o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, também poderia deixar o posto e ser substituído por sua vice, Sarah Sanders, ainda nesta semana.
A reviravolta na equipe de comunicação de Trump seria uma tentativa de responder à cobertura dos principais jornais americanos, que têm trazido quase diariamente novas revelações envolvendo a investigação do FBI (polícia federal americana) sobre possíveis elos da equipe de Trump com Moscou.
Quase todas as reportagens têm base em vazamentos provenientes do governo, o que tem irritado o presidente, como ele próprio já demonstrou nas redes sociais.
Para especialistas, o grande problema não está na equipe de comunicação, mas no Salão Oval. Antes mesmo da posse, a conservadora Jennifer Rubin, colunista do "New York Times", descreveu a função de Spicer como o "pior trabalho da cidade".
"Ele tem a tarefa desagradável de explicar o que seu chefe diz --antes de ser cortado pelo próximo tuíte de Trump ou de outra confusão", escreveu, em janeiro.
Dubke, 47, estava há três meses no cargo --chegou em março, após os primeiros 40 dias em que Spicer acumulou as funções de porta-voz e diretor de comunicação. A demora para preencher o posto já sinalizava quão difícil seria encontrar alguém que se adequasse e aceitasse o cargo.
A função de Dubke era coordenar a estratégia de comunicação da Casa Branca, e ele estava acima de Spicer --apesar de ser o porta-voz quem diariamente se coloca à frente dos jornalistas para responder às perguntas sobre decisões e tuítes de Trump.
"É mais difícil assumir essa função sob Trump porque ele é totalmente indisciplinado em sua própria comunicação, em geral se contradiz e faz acusações que não podem ser comprovadas", afirma Robert Entman, professor de Comunicação Política da George Washington University.
O especialista observa ainda que Trump não estabeleceu uma clara hierarquia na área, com outros assessores --como Kellyanne Conway-- muitas vezes assumindo a função de responder, de forma desastrada, à imprensa.
Para Entman, substituir Dubke ou Spicer "não fará diferença" para Trump "a não ser que ele próprio mude seu comportamento".
Ainda não está claro quem entrará no lugar de Dubke e quanto tempo ele ainda permanecerá no posto --o diretor apresentou a carta no último dia 18, mas se ofereceu para ficar até o fim da viagem de Trump ao exterior, que terminou no domingo.
Essa foi a terceira mudança em altos postos do governo. Ainda em fevereiro, o conselheiro de Segurança Nacional Michael Flynn caiu em um escândalo, e, no início do mês, Trump demitiu o então diretor do FBI James Comey.
Os rumores de que o presidente estaria insatisfeito com Spicer e a equipe de comunicação não são novos e já viraram motivo de piada em programas humorísticos.
O porta-voz já cometeu diversas gafes, como quando sugeriu que o regime sírio era pior do que o de Adolf Hitler, porque o ex-líder nazista "não teria usado armas químicas". Spicer se retratou em frente às câmeras.
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