SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Ao lado de líderes mundiais na nova sede da Otan, em Bruxelas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cobrou nesta quinta-feira (25) que os demais membros da aliança militar ocidental aumentem seus investimentos em defesa e os acusou de dever "grandes quantidades de dinheiro" ao bloco.
O líder americano também prometeu combater o terrorismo e condenou ataque desta semana contra um concerto em Manchester. "O terrorismo deve acabar, senão (...) o horror que vimos em Manchester e em tantas outros lugares continuará para sempre", afirmou.
O americano também inaugurou no local um monumento com um fragmento das Torres Gêmeas. Após os ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, a Otan ativou sua cláusula de defesa coletiva pela primeira e única vez, e os países membros juraram ajudar seu aliado atacado.
Participaram do evento a chanceler alemã, Angela Merkel, a primeira-ministra britânica, Theresa May, e o presidente francês, Emmanuel Macron, entre outros.
APREENSÃO
A visita do líder americano à Otan era aguardada com apreensão. Durante a campanha eleitoral, no ano passado, o republicano afirmou diversas vezes que a aliança era obsoleta, indicando um possível rompimento dos Estados Unidos com a organização que o país forjou durante a Guerra Fria e da qual segue sendo o principal fiador.
Os acenos de Trump ao presidente russo, Vladimir Putin, também eram vistos com preocupação, dada a crescente interferência do Kremlin na Europa, tanto no conflito na Ucrânia quanto em tentativas de ciberataques para afetar eleições.
Desde que chegou à Casa Branca em janeiro, porém, Trump amenizou sua retórica e expressou apoio à Otan. Durante uma visita do secretário-geral do bloco, Jens Stoltenberg, a Washington, no mês passado, o líder americano afirmou que a organização "não é mais obsoleta".
A chanceler da União Europeia, Federica Mogherini, disse na quarta (24) esperar que a visita de Trump à Otan representasse um "sinal de continuidade" no apoio americano à organização.
Representantes da Otan também esperavam que Trump expressasse apoio à cláusula do estatuto da organização que obriga seus países membros a darem apoio militar a um aliado que foi atacado. Embora o republicano não tenha feito menção expressa a esse tema, um funcionário de alto escalão da Casa Branca disse à agência de notícias Reuters que o pronunciamento de Trump demonstrava apoio à cláusula.
Apesar da mudança de tom que adotou nos últimos meses, Trump cobrou diversas vezes que seus aliados europeus aumentem seus gastos em defesa, de modo a cumprir um compromisso firmado em 2014 de que todos os membros da organização aumentem o investimento em segurança para ao menos 2% de seu PIB em até uma década. Atualmente, apenas os Estados Unidos e outros poucos países cumprem a meta.
Trump também acusou a Otan em diferentes ocasiões de contribuir diretamente com o combate ao terrorismo. Atualmente, a aliança mantém uma missão no Afeganistão para treinar as tropas locais em operações contra terroristas.
Nesta quinta (25), Stoltenberg afirmou que a Otan se juntará formalmente à coalizão que realiza bombardeios contra a organização terrorista Estado Islâmico na Síria e no Iraque, de modo a "enviar uma mensagem política forte sobre o compromisso da Otan no combate ao terrorismo". O anúncio do secretário-geral não deve ter efeitos práticos, pois muitos dos países membros da Otan já participam da luta contra a milícia, liderada pelos Estados Unidos.
PROTESTO
Milhares de pessoas marcharam nesta quinta-feira (25) em Bruxelas contra a presença de Trump. Manifestantes carregaram placas com os dizeres "solidariedade com as mulheres ao redor do mundo" e "Trump, vá embora".
A visita de Trump à Otan faz parte de seu primeiro giro no exterior desde que tomou posse como presidente dos Estados Unidos. Antes da Bélgica, ele passou por Vaticano, Israel e Arábia Saudita, e na sexta (26) o republicano participará de uma cúpula do G7 (grupo das sete principais economias desenvolvidas) na Sicília.
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