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Festival chega hoje à 70ª edição como palco de embate entre modelo tradicional e streaming

GUILHERME GENESTRETI, ENVIADO ESPECIAL CANNES, FRANÇA (FOLHAPRESS) - Em "Okja", filme do sul-coreano Bong Jon Hoo que compete neste ano no Festival de Cannes, uma menininha precisa lutar contra capitalistas gananciosos e resgatar seu monstro de estimação.

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 17.05.2017, 02:20:09 Editado em 17.05.2017, 02:20:11
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GUILHERME GENESTRETI, ENVIADO ESPECIAL

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CANNES, FRANÇA (FOLHAPRESS) - Em "Okja", filme do sul-coreano Bong Jon Hoo que compete neste ano no Festival de Cannes, uma menininha precisa lutar contra capitalistas gananciosos e resgatar seu monstro de estimação.

Não deixa de ser irônico: a tônica desta edição do festival francês, cuja 70ª edição começa nesta quarta (17), é o embate entre um modelo tradicional de exibição cinematográfica e a voracidade dos serviços de vídeo sob demanda, em especial a Netflix. Em xeque? O futuro do cinema.

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Em outras palavras, Cannes será a arena da disputa pela posse do monstro.

"Okja" está no centro dessa queda de braço, ao lado de "The Meyerowitz Stories", de Noah Baumbach. Os dois filmes são as produções da Netflix competem no festival francês e que estão enfurecendo o mercado exibidor: após a mostra, a empresa de streaming irá lançá-los direto em sua plataforma, ignorando as salas de cinema.

A decisão da Netflix forçou Cannes a tomar partido.

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Em comunicado, a organização do festival afirma que tentou persuadir a empresa californiana a exibir os dois filmes nas salas francesas.

Sem sucesso, a mostra baixou uma nova regra: a partir de 2018, só disputam a Palma de Ouro produções que se comprometerem com uma exibição posterior nos moldes tradicionais -isto é, nas salas de cinema.

Cofundador e presidente da Netflix, Reed Hastings encarou o anúncio como uma declaração de guerra.

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"O 'establishment' está cerrando fileiras contra nós", disse em seu perfil em uma rede social --mais uma demonstração beligerante de quem já afirmou que, nas últimas décadas, as redes de cinema não evoluíram além de melhorar o gosto da pipoca.

Investindo mais de US$ 6 bilhões em conteúdo todo ano, a empresa já tem poder de fogo para antagonizar com os grandes estúdios hollywoodianos.

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Os grandes festivais, que eram a meca do cinema autoral, passaram a ver o serviço de streaming como um novo ator no ringue em 2015, quando "Beasts of No Nation", primeiro longa produzido pela empresa de Hastings, competiu no Festival de Veneza.

No ano seguinte, o serviço de vídeo sob demanda botou terror nas distribuidoras tradicionais ao abocanhar, com quantias polpudas, alguns dos títulos mais badalados das mostras internacionais.

Neste ano, foi a vez do Oscar: a Netflix conquistou a sua primeira estatueta, graças ao curta documental "Os Capacetes Brancos".

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AMBIÇÕES

No Brasil, produtores, distribuidores e exibidores também se eriçam com as ambições da Netflix.

Enquanto não fica pronto o marco regulatório dos serviços de streaming, que deve dispor sobre eventuais cotas para produções nacionais e contribuições tributárias, o tema marca presença.

Em abril, a Ancine (Agência Nacional do Cinema) organizou um seminário sobre o tema no Rio, com a presença dos gestores dos órgãos estatais do audiovisual de Alemanha e França. Em comum, defenderam a regulamentação do vídeo sob demanda (VoD).

Representante da França, Christophe Tardieu afirmou: "O VoD é incrível, mas deve sempre suceder o cinema". Seu colega da Alemanha, Peter Dinges, foi mais direto: "Não há futuro para o cinema tradicional, aquele que oferece todo tipo de filme e simplesmente espera pelo cliente".

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