WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - Ao ser recebido na Casa Branca pelo presidente Donald Trump, que na última semana aprovou o envio de armamento pesado aos curdos na Síria, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que não vai aceitar que esses grupos sejam "considerados" na região.
"Não há espaço para organizações terroristas no futuro da nossa região. Ter o YPG [Exército curdo na Síria] e o PYD [Partido Curdo da União Democrática] em consideração na região não será aceito nunca, e seria contra um acordo global que fizemos", disse Erdogan.
"Nunca devemos permitir que esses grupos manipulem a estrutura religiosa e a estrutura étnica da região tomando o terrorismo como pretexto ou desculpa", completou.
O governo Trump decidiu, na última semana, enviar armamento às Forças Democráticas da Síria, que incluem a milícia curda YPG, para o combate contra a facção terrorista Estado Islâmico no norte da Síria.
A decisão, no entanto, desagradou a Turquia, que classifica o YPG e o PYD, ligados ao PKK (partido turco dos trabalhadores curdos), como organizações terroristas. Para Erdogan, a preocupação é que os curdos formem uma região autônoma no norte da Síria, e que isso insufle o movimento separatista dos milhões de curdos turcos.
Antes da reunião com Erdogan, Trump disse, ao lado do líder turco, que as discussões entre eles seriam "longas e difíceis".
"Apoiamos a Turquia na guerra contra o terror e contra grupos terroristas como o EI e o PKK, e asseguramos que eles não tenham território seguro", disse o repuiblicano.
Numa tentativa de reforçar a afinidade entre os dois países, Trump elogiou o histórico de parceria, afirmando que a Turquia foi "um pilar na Guerra Fria contra o comunismo" e "um bastião contra a expansão soviética".
Trump disse ainda que os dois países estavam discutindo a necessidade de revigorar laços comerciais. "Equipamento militar [americano] foi encomendado pela Turquia e pelo presidente, e estamos assegurando que eles recebem isso rapidamente."
Um dos pontos de convergência visível entre os dois líderes foi a defesa da pressão sobre o regime do ditador sírio, Bashar al-Assad. Erdogan elogiou o bombardeio dos americanos contra as forças sírias em abril, em retaliação a um ataque com armas químicas contra civis.
"[A ação dos EUA] foi a resposta mais necessária a ser dada contra o regime sírio, em especial após os recentes ataques químicos", disse.
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