LÍVIA MARRA, ENVIADA ESPECIAL
TAIWAN (FOLHAPRESS) - Com a população envelhecendo, Taiwan receia enfrentar desafios na economia e na educação dentro de alguns anos. São menos bebês nascendo e mulheres gerando o primeiro filho cada vez mais tarde -em 2015 a idade era, em média, de 30 anos.
Nas ruas, enquanto pessoas se exercitam, correm em busca de seus afazeres ou levam seus animais de estimação para passear, poucas crianças ocupam áreas públicas. A reportagem andou por ruas de comércio e esteve no transporte coletivo em Taipei.
Em mercados noturnos, como no da cidade de Taichung, alguns moradores levavam cachorros no colo ou em carrinhos parecidos com os de bebê. Uma pessoa brincou: "É mais fácil ter pets".
A preocupação com a baixa natalidade não é recente, e o problema persiste. Para que não afete o desenvolvimento da ilha, um programa de incentivo financeiro aos casais existe desde 2010 na capital Taipei e, aos poucos, tenta reverter esse quadro.
Cada município pode definir sua política. Atualmente, os maiores valores estão na área de Pingtung, no sul, que oferece à mãe cerca de NT$ 20 mil (cerca de US$ 660) para ter seu primeiro filho, NT$ 50 mil (US$ 1.650) para o segundo, NT$ 80 mil (US$ 2.650) para o terceiro e NT$ 100 mil (US$ 3.310) para o quarto. Há ainda uma assistência econômica para crianças com idade entre 0 e 5 anos no valor de aproximadamente US$ 100 por mês.
Taiwan tem cerca de 23,5 milhões de habitantes. Em 2015, a taxa bruta de natalidade era de 9 por mil habitantes. A de mortalidade bruta estava em 7 por mil. No Brasil, no mesmo ano, a taxa de natalidade era de 14,16 por mil habitantes e a de mortalidade, 6,08, segundo o IBGE.
De acordo com dados do governo taiwanês, 72% dos habitantes estão na faixa entre 15 e 64 anos, 13% têm mais de 65 anos e 15%, até 14 anos. A expectativa de vida é de 76,7 anos para os homens e de 83,2 anos para as mulheres.
O recente plano de promoção de políticas desenvolvido pelo governo taiwanês para estreitar laços com países do bloco da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático) e do sul da Ásia prevê acordos comerciais, intercâmbio de trabalhadores e de estudantes.
E isso pode fazer com que mais jovens se conheçam, disse John Deng, ministro sem pasta taiwanês -cargo que abrange diversas áreas- a jornalistas estrangeiros em abril. A declaração reflete a esperança de que as taxas de natalidade subam.
O impacto no ensino superior preocupa. Projeção do Ministério da Educação divulgada em março aponta que o número de universitários pode diminuir até 40% entre 2013 e 2028. Para a pasta, o declínio da população infantil pode afetar as finanças das universidades e levar professores ao desemprego.
Por isso, estudantes estrangeiros são bem-vindos também em uma tentativa de auxiliar o desenvolvimento econômico. E o governo quer incentivar essas pessoas a permanecerem e usarem a especialização adquirida.
Educação é uma das prioridades.
No caso de crianças, moradores ouvidos pela reportagem afirmam que o ensino público e obrigatório é de boa qualidade. Apesar de haver taxa de matrícula, material e merenda são gratuitos. Dizem também que cursos particulares são as maiores despesas para os pais.
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