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Artista monta fábrica com operários refugiados na Bienal de Veneza

SILAS MARTÍ, ENVIADO ESPECIAL VENEZA, ITÁLIA (FOLHAPRESS) - Uma das obras mais chamativas desta Bienal de Veneza é uma espécie de fábrica instalada na maior sala do pavilhão principal da mostra italiana. Oitenta refugiados recrutados pelo dinamarquês Olaf

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 12.05.2017, 18:15:12 Editado em 12.05.2017, 18:15:14
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SILAS MARTÍ, ENVIADO ESPECIAL

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VENEZA, ITÁLIA (FOLHAPRESS) - Uma das obras mais chamativas desta Bienal de Veneza é uma espécie de fábrica instalada na maior sala do pavilhão principal da mostra italiana. Oitenta refugiados recrutados pelo dinamarquês Olafur Eliasson passam o dia ali montando luminárias desenhadas pelo artista.

Esses imigrantes, vindos de países como Síria, Nigéria e Gâmbia, integram uma linha de montagem. Uns cortam as ripas de madeira da peça, outros tingem de verde as hastes e, por último, um grupo montas as luminárias que vão sendo instaladas pelo pavilhão.

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Eliasson, que já teve retrospectivas de peso no Brasil, na Pinacoteca e no Sesc Belenzinho, construiu toda a sua obra em torno de uma reflexão sobre a luz e efeitos luminosos. Agora em Veneza ele volta a trabalhar com a questão, mas põe em evidência o drama dos refugiados, assunto central à atual crise europeia e detonador do levante da extrema direita no continente.

Todo o dinheiro da venda das luminárias -elas custam 250 euros- é revertido para instituições que prestam serviços aos refugiados, que também são remunerados pelo trabalho ali.

Mas a instalação também tem um aspecto negativo, colocando homens e mulheres vítimas de traumas profundos numa estranha vitrine. Eles são fotografados o tempo todo por jornalistas, que dão cara de zoológico à experiência toda.

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Poucos falam italiano, e o inglês de muitos também é precário, o que dificulta a comunicação e aumenta até mesmo a desconfiança deles em relação ao estranho circo midiático do mundo da arte.

Enquanto cortava as hastes de madeira, Hitila Moussa, um nigeriano que vive num campo de refugiados nos arredores de Veneza há três anos, contou que foi mandado para a Bienal como parte do programa de atividades de seu abrigo.

Outros dois, Miso Adjayi, da Nigéria, e Moussa Suso, da Gâmbia, também vivem em acampamentos e chegaram à Itália pela mesma rota de muitos desses migrantes da África subsaariana -eles entram na Líbia e de lá atravessam o Mediterrâneo de barco em perigosas viagens com destino, muitas vezes trágico, à ilha de Lampedusa, já em território italiano.

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Esse trabalho de Eliasson em Veneza está montado entre duas outras obras, uma performance da artista americana Dawn Kasper, que passa o dia dormindo no pavilhão, isso quando não acorda e canta ou lê trechos de livros de modo histérico, e uma instalação do árabe Hassan Sharif, que mostra suas obras em prateleiras de supermercado.

Ou seja, o trabalho braçal de refugiados faz a ponte entre o ócio criativo da primeira sala e a arte embalada como produto na terceira. Esta última obra, aliás, lembra a performance de Paulo Bruscky, que empilhou caixas vazias etiquetadas como obras do lado de fora do pavilhão.

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