ARTUR RODRIGUES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), recuou nesta terça-feira (9) da ideia de conceder as marginais Tietê e Pinheiros para a iniciativa privada, por meio de parceria com o governo do Estado.
O tucano havia se reunido no dia anterior com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e diretores do grupo CCR (que administra rodovias) para pedir ajuda para formatar um projeto de PPP (Parceria Público-Privada) ou concessão simples como existe nas rodovias paulistas.
Após repercussão negativa da medida, que costuma ser associada à instalação de pedágio, Doria negou a intenção, sem explicar a mudança em seu posicionamento.
"Nós não pensamos em nenhum tipo de concessão nem de privatização nem de PPP em relação às marginais", disse o prefeito nesta terça.
Depois da reunião de segunda-feira (8), Doria havia afirmado que a concessão das pistas era "uma das ações que estamos pretendendo".
O assunto foi discutido no encontro, e técnicos do governo Alckmin foram inclusive encarregados de auxiliar na formatação da proposta.
A gestão Doria disse que o prefeito referia de forma geral às parcerias com o governo.
Nesta terça, Doria disse que sua intenção é apenas avaliar uma integração melhor com as rodovias que chegam à capital paulista.
"Estamos desenvolvendo um estudo, quero deixar muito claro, nós não vamos privatizar a marginal nem Pinheiros nem Tietê, isso não faz sequer parte de um estudo inicial. Estamos avaliando a possibilidade de melhorar a integração das rodovias concessionadas do Estado com as marginais", afirmou.
Doria também negou a intenção de estabelecer pedágio urbano em São Paulo.
No dia anterior, questionado sobre a possibilidade de cobrar dos motoristas nas marginais, Doria havia afirmado que "não se descarta nada na vida", mas que a hipótese de pedágio não havia sido mencionada na reunião.
O prefeito confirmou um estudo para anúncios de patrocinadores como contrapartida no projeto de revitalização das pontes nas marginais. Ele negou que isso possa ferir a Lei Cidade Limpa.
"O que fere é as pontes como estão, deterioradas, maltratadas, a prefeitura não tem recurso para mantê-las."
ELEIÇÕES
Na campanha eleitoral, o tucano admitiu a possibilidade de estudar um pedágio urbano para a capital paulista.
O secretário de Transportes da gestão Doria, Sérgio Avelleda, também já manifestou simpatia a esse tipo de cobrança, embora tenha dito que é algo que requer "uma conversa longa com a sociedade" para "vencer as desconfianças", além da melhoria do transporte público.
As marginais, por onde trafegam 1,2 milhão de veículos por dia, foram alvo de promessa eleitoral de Doria: a elevação dos limites de velocidade, em vigor desde 25 de janeiro.
A medida foi seguida do aumento de acidentes com vítimas nos dois meses seguintes envolvendo tanto motos como carros e caminhões. Ao mesmo tempo, a prefeitura não tem conseguido cumprir medidas prometidas para deixar as pistas mais seguras como a retirada de camelôs.
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