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Abstenções, nulos e brancos devem definir diferença entre rivais

DIOGO BERCITO, ENVIADO ESPECIAL BORDEAUX, FRANÇA (FOLHAPRESS) - O ferroviário Hervé Keravis, 28, tem um déjà vu. Ele já viu uma eleição presidencial na França como a deste ano. O pleito de 2002 foi disputado entre Jacques Chirac, conservador, e Jean-Marie

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 04.05.2017, 06:35:03 Editado em 04.05.2017, 06:35:05
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DIOGO BERCITO, ENVIADO ESPECIAL

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BORDEAUX, FRANÇA (FOLHAPRESS) - O ferroviário Hervé Keravis, 28, tem um déjà vu. Ele já viu uma eleição presidencial na França como a deste ano.

O pleito de 2002 foi disputado entre Jacques Chirac, conservador, e Jean-Marie Le Pen, pai de Marine e o fundador do partido ultranacionalista Frente Nacional.

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"O argumento àquela época era de que as pessoas precisavam votar em Chirac como uma maneira de frear a Frente Nacional", diz. O que de fato aconteceu: o conservador teve 82,2% dos votos.

Essa ideia, porém, não convence neste ano Keravis e parte do eleitorado francês identificado como "Ni-Ni": Nem Le Pen, nem seu rival, o centrista Emmanuel Macron. Eles planejam se abster, votar nulo ou em branco.

Uma pesquisa divulgada na quarta-feira (3) prevê que 26% dos franceses não vão às urnas. Haviam sido 20% no segundo turno de 2002.

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A sondagem foi feita pelo instituto Ifop-Fiducial com 1.500 pessoas de 30 de abril a 3 de maio. A margem de erro é de 2,4 pontos percentuais em ambas as direções.

"Não queremos mais uma eleição em que votamos no menos pior", Keravis diz à Folha. O ferroviário é parte de um movimento comunista que rejeita a participação nas urnas. Ao contrário do Brasil, o voto não é obrigatório.

"A única maneira de ter o respeito dos políticos é lutar. Sempre que houve leis contra a migração e os trabalhadores, nós impedimos a implementação indo às ruas e às fábricas, e não votando." É uma estratégia popular entre jovens de esquerda, como uma eleitora que preferiu não dizer seu nome à reportagem. Distribuindo o jornal "Jovem Rebelde" em uma rua de Paris, ela disse que tanto Macron quanto Le Pen representavam a mesma coisa. "Só defendem os ricos."

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Ambos se apresentam como candidatos de fora do sistema, em um país que rejeitou os partidos tradicionais no primeiro turno. Mas não são, ao mesmo tempo, novatos. Macron foi ministro da Economia e Le Pen integra o Parlamento Europeu.

As três modalidades -abstenção, nulo ou em branco- devem determinar a margem entre Macron e Le Pen no segundo turno, no domingo (7).

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A mesma pesquisa da Ifop-Fiducial prevê a vitória de Macron com 60% dos votos contra os 40% de Le Pen.

O Partido Socialista e os conservadores Republicanos têm feito campanha para Macron, alertando para os riscos da estratégia dos "Ni-Ni". As abstenções e os votos nulos e brancos não são considerados na contagem de votos e podem beneficiar Le Pen.

Em uma estação de metrô, alguém havia escrito com canetinha em um mural: "Em 7 de maio, abstenção". Um segundo passageiro acrescentou outra frase logo abaixo, com aparente ironia: "E em 8 de maio, Marine Le Pen".

Uma das principais questões agora é para onde vai o voto do esquerdista Jean-Luc Mélenchon, quarto colocado com 19,58% dos votos.

Seu movimento, a França Insubmissa, divulgou na terça uma enquete indicando que dois terços de seus simpatizantes vão se abster ou votar nulo ou branco. O terço restante apoiará Macron.

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