DIOGO BERCITO E RODRIGO VIZEU, ENVIADOS ESPECIAIS
PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) -Logo no começo do debate do segundo turno das eleições francesas, na noite desta quarta (3), Marine Le Pen mostrou a que veio.
Mal abriu a boca, chamou o rival Emmanuel Macron de "candidato da globalização selvagem" e da "uberização generalizada", aproveitando para frisar a ligação do centrista com o impopular presidente socialista François Hollande, de quem foi ministro da Economia.
Cerca de 20 pontos percentuais atrás do líder do movimento "Em Frente!" e a quatro dias da votação, a candidata da Frente Nacional usou o único debate do segundo turno para tentar avançar.
Sua estratégia foi o ataque ao passado de Macron no mundo financeiro e no Partido Socialista, vistos com desconfiança pelo eleitor .
Ela o acusou de defender, com seu liberalismo econômico, uma "guerra de todos contra todos" e de fazer o jogo de interesses da Alemanha. "A França será governada por uma mulher: eu ou Angela Merkel", afirmou, em referência à chanceler alemã.
Le Pen também acusou o adversário de complacência com o fundamentalismo islâmico --a plataforma da FN é centrada na aversão ao islã.
"Diante da expansão do fundamentalismo islâmico em nosso território, temos de expulsar os pregadores do ódio. A UOIF é uma associação islamita que expressa seu ódio em relação aos judeus, aos homossexuais", disse ela.
A UOIF é a União das Organizações Islâmicas da França, entidade que realizou em abril seu encontro anual de muçulmanos franceses no qual alertou para o risco de partidos ultranacionalistas, como a Frente Nacional.
O debate chegou então ao tema do terrorismo e da prevenção de ataques como o que deixou 130 mortos em Paris em novembro de 2015.
"Vou liderar um embate contra o terrorismo islâmico em todos os níveis. Mas o que eles querem, a armadilha que estão armando, é aquela que você oferece: a guerra civil", disse Macron a Le Pen.
Nos 150 minutos de debate, o centrista conseguiu pressionar Le Pen sobre o euro, a moeda comum europeia que a candidata quer abandonar. Ele cobrou que ela dissesse explicitamente que quer restituir o franco, fazendo Le Pen se confundir e dar respostas ambíguas.
O centrista também acusou a adversária de mentir ao falar de seu passado político e subiu o tom, no fim do debate, chamando-a de "parasita" do sistema político. A candidata rebateu: "Que classe".
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