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Mulheres ascendem no governo Macri

SÓ PODE SER REPRODUZIDA COM ASSINATURA SYLVIA COLOMBO BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - Apesar de ter recebido críticas por comentários machistas feitos no passado e por liderar um governo que se posiciona contra o direito ao aborto, o presidente Ma

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 23.04.2017, 09:35:07 Editado em 23.04.2017, 09:35:11
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SÓ PODE SER REPRODUZIDA COM ASSINATURA

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SYLVIA COLOMBO

BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - Apesar de ter recebido críticas por comentários machistas feitos no passado e por liderar um governo que se posiciona contra o direito ao aborto, o presidente Mauricio Macri se rodeou de mulheres na cúpula do governo.

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Hoje, a presença feminina nas tomadas de decisão é uma das maiores da história recente da Argentina, com ministras em postos-chave: Susana Malcorra (Relações Exteriores), Patricia Bullrich (Segurança) e Carolina Stanley (Desenvolvimento Social).

Além disso, a vice de Macri é Gabriela Michetti, e a província de Buenos Aires, maior reduto eleitoral do país, é governada por María Eugenia Vidal, com 60% de aprovação popular e cujo perfil linha dura no combate ao crime organizado e nas negociações com sindicatos a renderam o apelido de Margaret Thatcher argentina.

Na Câmara dos Deputados e no Senado, o número de mulheres já excede o estabelecido pela lei de cotas, que garante desde os anos 90 ao menos 30% das cadeiras às congressistas --elas são 39% dos 257 deputados e 40% dos 72 senadores (no Brasil, são 11% da Câmara e 16% do Senado).

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Em debate, está o projeto de lei da paridade, que elevaria esse número a 50%.

"Há um avanço em relação a gestões passadas, com mais mulheres em posições não decorativas, com mais participação nas decisões. Porém, há um longo caminho a percorrer, a Argentina ainda é um país muito machista", diz à Folha Susana Malcorra, 62.

A chanceler, que já passou pela iniciativa privada (IBM) e pela ONU, afirma ser a favor de o governo promover mais leis contra a desigualdade.

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"Eu não pensava assim, pois acreditava que bastava dar as mesmas oportunidades para que as mulheres avançassem sozinhas", diz.

"Mas depois de viajar o mundo e ver o tamanho das diferenças e dos obstáculos históricos que a mulher enfrenta, concluí de que é impossível termos uma sociedade realmente igualitária sem a intervenção do Estado por meio de políticas pró-ativas."

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DEFESA

Já a ministra de Segurança, Patricia Bullrich, 60, conta como viu o país mudar desde que começou na política. "Eu era deputada nos anos 90 quando foi aprovada a lei de cotas. A maioria do Congresso era masculina, mas nossa pressão foi muito forte e eles tiveram de votar a favor", conta à reportagem.

"As coisas que eu ouvia dos meus colegas eram terríveis. Dizia-se que as mulheres não tinham capacidade, que as que entravam na política eram amantes ou amigas dos deputados ou outros poderosos e assim por diante."

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Para Bullrich, ainda há dificuldade para que se aceitem mulheres em "postos considerados de homem", como o que ela ocupa hoje ou ocupou no passado (responsável pelo sistema carcerário).

"Antes, a mulher que entrava na política era direcionada a áreas de assistencialismo social, comissões de minorias ou da família. Eu sempre busquei outros espaços e me encontrei não apenas com o preconceito mas com todo um sistema de códigos e de linguagem muito masculinos."

Bullrich afirma que a política argentina se mostra hoje mais aberta à mulher porque esta também vem ganhando mais espaço na sociedade.

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Quando jovem, ela atuava politicamente por outros meios. Primeiro, entrou para a Juventude Peronista e se aproximou da guerrilha montoneros, travando vínculos com algumas de suas principais lideranças. Com o tempo, se decepcionou com o peronismo e hoje seu partido, Unión por la Libertad, é parte da aliança governista Cambiemos.

"Ainda há muito a fazer. No sindicalismo, por exemplo, há lei de cotas que não é respeitada. Mesmo em profissões em que a maioria dos trabalhadores é mulher, os líderes sindicais são homens. A lei precisa ser cumprida."

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Quanto à reivindicação de organizações feministas de uma lei do aborto, Bullrich diz crer que isso ficará em suspenso nesta gestão.

"É um tema que divide toda a sociedade argentina, inclusive as mulheres. Além disso, a figura do papa Francisco acaba pesando a balança para o lado da proibição. Ele tem influência, e não acredito que a Argentina, durante o papado de um argentino, aprove o aborto. Nem Cristina Kirchner quis enfrentar esse problema", conclui.

Tanto Malcorra como Bullrich recorreram à infância para contar como enfrentaram o preconceito na política.

"Uma vez contei a meu pai que colegas da escola estavam fazendo piadas comigo por eu ser mulher. Ele disse: 'Se alguém tiver um problema com você, diga à pessoa que o problema é dela'. Lembro disso e ignoro comportamentos preconceituosos", afirma.

Já Bullrich conta que sua atitude combativa vem do fato de ser a menor de quatro irmãos, sendo homens os dois mais velhos. "Essa ideia de ter sempre de me comparar ou de enfrentar alguém mais velho e homem me preparou para não ficar para trás na vida."

A Argentina está a poucos meses das eleições legislativas, que em outubro renovam cerca de metade do Congresso e são consideradas chave para garantir a governabilidade de Macri --que por ora não tem maioria parlamentar.

O presidente já começa a fazer apostas. E as duas mais importantes estão, justamente, nas mãos de mulheres.

Enquanto Vidal será a responsável na província por fazer a campanha para o Cambiemos, na capital quem encabeçará a lista do governo será a veterana Elisa "Lilita" Carrió, 60, que já foi três vezes candidata à presidente.

Para analistas, Macri escolheu Carrió, conhecida pelo tom combativo e dona de uma avaliação positiva de 61% na capital, pelo fato de ela estar associada a uma carreira dedicada a denúncias na Justiça contra corrupção, tema frequente nos protestos de rua.

O apoio de seu partido, a Coalizão Cívica, foi vital para a vitória de Macri em 2015.

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