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ATUALIZADA - Doria até coloca gravata, insiste, mas não convence papa a vir ao Brasil

PATRICIA ARAÚJO VATICANO (FOLHAPRESS) - O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), se encontrou na manhã quarta-feira (19) com o papa Francisco e pediu que o pontífice reconsiderasse a decisão de não vir ao Brasil para a comemoração dos 300 anos de Nossa

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 19.04.2017, 16:00:10 Editado em 19.04.2017, 17:24:28
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PATRICIA ARAÚJO

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VATICANO (FOLHAPRESS) - O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), se encontrou na manhã quarta-feira (19) com o papa Francisco e pediu que o pontífice reconsiderasse a decisão de não vir ao Brasil para a comemoração dos 300 anos de Nossa Senhora Aparecida, celebrado em outubro.

"Será muito difícil. É difícil, mas espiritualmente estou com vocês", respondeu o papa ao receber do tucano uma camisa da seleção brasileira assinada por todos os jogadores. O encontro com o pontífice foi na praça de São Pedro, no Vaticano.

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Doria insistiu e pediu que Francisco reconsiderasse a decisão. "O difícil não é impossível. Se o senhor puder reconsiderar", disse o tucano, que usou até gravata para se encontrar com o pontífice.

Antes de assumir o cargo, uma das primeiras regras de Doria foi proibir seus secretários de usar gravata. A ideia surgiu depois de o tucano fazer uma viagem a Buenos Aires, na Argentina, no ano passado, e afirmar ter se identificado com a "informalidade" com que Horácio Larreta, prefeito da capital argentina, administra a cidade.

A conversa entre o pontífice e o prefeito ocorreu ao final da audiência geral, cerimônia que ocorre todas as quartas-feiras no Vaticano e reúne uma multidão de 20 mil pessoas. Doria ficou na área reservada às autoridades internacionais e outras figuras "vip", num total de 150 pessoas. Junto ao prefeito, estavam sua mulher, a artista plástica Bia Doria, e a filha, Carolina.

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O encontro acontece depois de o pontífice declinar o convite do presidente Michel Temer para visitar o Brasil. Em carta ao presidente, o líder da Igreja Católica citou a crise nacional ao recusar o convite e afirmou que são, sobretudo, "os mais pobres" que pagam "o preço mais amargo" por "soluções fáceis e superficiais para crises", sem explicitar quais seriam estas.

O papa afirmou ainda em sua mensagem que a instabilidade no país "não é de simples solução, uma vez que tem raízes sócio-político-econômicas, e não corresponde à Igreja nem ao papa dar uma receita concreta para resolver algo tão complexo".

Em março, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) já havia criticado abertamente a reforma da Previdência defendida por Temer. "Os direitos sociais no Brasil foram conquistados com intensa participação democrática; qualquer ameaça a eles merece imediato repúdio", disse a instituição católica em nota de março enviada a parlamentares. No apelo, a CNBB evocou Francisco para atacar a reforma previdenciária.

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O prefeito afirmou que os comentários de Francisco não foram debatidos em sua conversa com o pontífice. "Não foi uma discussão minha nem dele. Eu entendo que religião não se mistura com política. Neste caso, era uma questão religiosa e histórica também. Eu entendo que não deva ter nenhuma menção a situação política e partidária, é uma questão de religião do país que tem o catolicismo como maior religião", disse.

"Não quero fazer juízo sobre isso [decisão de não ir ao Brasil], nem me cabe, mas entendo que talvez não tenha havido uma orientação adequada ao Santo Padre porque não estar presente numa data tão importante como essa, a maior nação católica do mundo, não me parece talvez a melhor medida. Mas quem sou eu para julgar o papa", afirmou Doria após a audiência. E acrescentou: "300 anos não são um fato corriqueiro. É um fato único na historia".

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Doria afirmou ainda que, mesmo após saber da carta do pontífice a Temer, não se sentiu inibido de fazer "aquilo que tinha vindo fazer" no Vaticano. "Nos já sabíamos que havia uma decisão tomada pelo papa, ou pelo Vaticano, que ele não poderia ir para o Brasil. Dom Odilo Scherer, cardeal de São Paulo, já havia me dito isso antes mesmo da minha saída. Não tínhamos a informação da carta devolutiva do Vaticano ao presidente Michel Temer, o que não me inibiu de fazer o apelo. Afinal de contas, a humildade é algo que não falta a um papa. Especialmente ao papa Francisco. Voltar atrás é um sinal de grandeza."

No entanto, também na manhã desta quarta, a assessoria de imprensa do Vaticano voltou a afirmar que o papa não irá ao Brasil este ano. Em nota divulgada no site da Radio Vaticana, a assessoria informou que, na carta enviada ao presidente Michel Temer, o papa afirma que "infelizmente não poderá ir porque outros compromissos não permitirão" e que a alusão que faz aos problemas sociais do Brasil em sua carta foi apenas uma resposta aos referimentos feitos pelo próprio Temer em seu convite ao papa, "de afrontar os problemas sociais do país".

Durante o rápido encontro com o papa Francisco, o prefeito entregou ainda uma bandeira do Brasil, uma cópia do livro "Genesis", do fotógrafo Sebastião Salgado. "Eu disse para ele: eu sei que o Santo Padre gosta muito de futebol, e gosta muito da seleção brasileira –ele sorriu–, depois da seleção argentina –ele sorriu de novo", contou.

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LAVA JATO

Doria também falou sobre a Operação Lava Jato. Questionado se via uma semelhança entre a operação italiana Mãos Limpas –que na década de 1990 investigou um mega esquema de corrupção envolvendo políticos e empresariado italiano– e a investigação brasileira, o prefeito da capital paulista disse que sim, mas "em circunstâncias distintas".

"Eu diria que a Operação Lava Jato foi uma operação muito maior, muito mais ampla do que foi a Operação Mãos Limpas aqui na Itália. Embora o juiz Sergio Moro, várias vezes, indicou que a leitura dos processos, dos livros, do histórico da Operação Mãos Limpas na Itália o inspirou bastante na Operação Lava Jato no Brasil, as circunstâncias são distintas, os tempos são outros e eu acredito firmemente que a Operação Lava Jato ajuda a passar o Brasil a limpo, ajuda a melhorar o Brasil."

Questionado se poderia ser o novo Berlusconi do Brasil –referencia ao empresário e ex-premier Silvio Berlusconi–, que dominou a cena política italiana por duas décadas após o fim da Operação Mãos Limpas–, Doria disse "declinar da comparação": "Não tenho nada com o Berlusconi nem com a sua atitude nem com as suas práticas."

PRÓXIMAS VIAGENS

Após a audiência com o papa, o prefeito de São Paulo seguiu para o aeroporto de Ciampino, na Grande Roma, onde embarca para Portugal. Ali, Doria participará do 5º Seminário Luso Brasileiro de Direito, na Faculdade de Direito de Lisboa. Doria será um dos palestrantes do evento, ao lado dos ministros da Saúde de Brasil e Portugal, do ministro do STJ Luis Felipe Salomão e outras autoridades.

A próxima agenda internacional do prefeito será em maio. Doria informou que nos dias 15, 16 e 17, estará nos Estados Unidos para um roadshow em Nova York e um encontro em Washington com o presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), Luis Alberto Moreno. "Já solicitamos recursos no encontro que tivemos com ele em São Paulo, há duas semanas, para a área de saúde e vamos dar continuidade a esse entendimento em reunião no dia 17", disse.

A viagem devera contar ainda com outros encontros com com empresários americanos e brasileiros. Doria informou ainda que, na noite do dia 16, irá receber o premio Person of The Year, do Brazilian American Chamber of Commerce.

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