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Estudante morta com namorado em hotel assistiu a série sobre suicídio

LUÍS ADORNO SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A estudante Kaena Novaes Maciel, 18, encontrada morta no domingo de Páscoa (16) com o namorado Luís Fernando Hauy Kafrune, 19, em um quarto do hotel Maksoud Plaza, nos Jardins (zona oeste), assistiu à série "13 Rea

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 19.04.2017, 14:00:10 Editado em 19.04.2017, 17:24:28
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LUÍS ADORNO

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A estudante Kaena Novaes Maciel, 18, encontrada morta no domingo de Páscoa (16) com o namorado Luís Fernando Hauy Kafrune, 19, em um quarto do hotel Maksoud Plaza, nos Jardins (zona oeste), assistiu à série "13 Reasons Why" ("Os 13 Porquês"), da Netflix, uma semana antes do crime, segundo a Polícia Civil. A série, de ficção, tem como tema o suicídio.

Segundo o delegado Gilmar Contrera, titular do 5º DP (Aclimação), é muito cedo para apontar isso como o principal motivo para a morte do casal, mas não se pode descartar que a ficção possa ter influenciado no crime. "A única coisa que é certa, inclusive para ambos os lados da família, é que foi um homicídio seguido de suicídio, sem a presença de terceiros", afirma Contrera.

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Segundo o inquérito policial, os jovens foram à casa de Kaena no sábado (15), por volta das 9h. O padrasto dela, um policial civil aposentado, foi comprar pão e deixou uma pistola Glock em casa. Quando voltou da padaria, os dois haviam sumido e ele não localizou a arma. O policial tentou ligar para a enteada durante todo o sábado, mas ela não atendeu.

O casal namorava desde 2015, mas tinha rompido uma semana antes das mortes. Desde quinta-feira (13), voltaram a se relacionar. Estranhando o sumiço, o padrasto e a mãe da jovem foram à casa do pai de Kafrune na manhã de domingo. Lá, descobriram que o garoto também havia sumido, após dizer que sairia com um amigo.

CARTA

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O policial, então, rastreou o telefone da enteada, que apontava para o hotel Maksoud Plaza, na alameda Campinas. O telefone do quarto só tocava. Assim, os parentes decidiram ir até lá.

Segundo a polícia, os jovens colocaram uma mesa contra a porta. Ao arrombarem a porta, funcionários e parentes viram os dois jovens baleados, deitados na cama. Ela, com um tiro na testa; ele, com um tiro na boca.

A arma, mais próxima do rapaz. Ao lado deles, duas cartas, uma com a letra dele, outra, com a dela, ambas datadas de 16 de abril, às 10h. Na carta da jovem, a frase: "Sei que estou fazendo todos sofrerem, mas isso é necessário para que eu pare de sofrer. Obrigada por tudo que vocês fizeram por mim". Havia, ainda, duas folhas que apontavam "passos" de como "aproveitar a morte". Procurada, a Netflix não se manifestou.

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FAMÍLIA

Luís Fernando estava no terceiro ano do curso de ciências biomédicas na USP (Universidade de São Paulo). Ele era fluente em quatro idiomas e havia sido considerado apto a estudar em uma faculdade dos Estados Unidos, onde ele e a família pretendiam morar. Kaena foi sua primeira namorada.

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Os pais de Kafrune foram ao 5º DP, na Aclimação (região central), na tarde desta terça (18) prestar depoimento. Eles não quiseram falar com a reportagem por estarem abalados com a tragédia. De acordo com o depoimento deles, o rapaz teria sido induzido pela garota a cometer homicídio e se suicidar.

"O pai diz que a menina era muito possessiva. Que exigia a presença dele perto dela a todos os momentos. Havia dias em que ele voltava para casa, ela ligava falando que estava doente e ele voltava. Quando chegava, ela sarava", afirmou o delegado Gilmar Contrera.

Segundo a família do rapaz, o relacionamento dos jovens sempre foi muito conturbado, com muitas brigas. O jovem teria, inclusive, levado a namorada ao hospital algumas vezes para avaliar se ela tinha algum distúrbio. Para a família, um fator importante é o de que foi a garota quem roubou a arma do padrasto, a entregando ao jovem dentro do quarto.

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A reportagem não localizou a família de Kaena para se manifestar sobre o caso.

Sinais de Alerta

falar sobre querer morrer procurar formas de se matar falar sobre estar sem esperança ou sobre não ter propósito falar sobre estar se sentindo preso ou sob dor insuportável falar sobre ser um peso para os outros aumento no uso de do álcool e drogas agir de modo ansioso, agitado ou irresponsável dormir muito ou pouco se sentir isolado demonstrar raiva ou falar sobre vingança ter alterações de humor extremas quanto mais sinais, maior pode ser o risco da pessoa

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O que fazer

não deixar a pessoa sozinha tirar de perto armas de fogo, álcool, drogas ou objetos cortantes ligar para canais de ajuda levar a pessoa para uma assistência especializada

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Alguns pontos de alerta para depressão em adolescentes:

Mudanças marcantes na personalidade ou nos hábitos

Piora do desempenho na escola, no trabalho e em outras atividades rotineiras

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Afastamento da família e de amigos

Perda de interesse em atividades de que gostava

Descuido com a aparência

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Perda ou ganho inusitado de peso

Comentários autodepreciativos persistentes

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Pessimismo em relação ao futuro, desesperança

Disforia marcante (combinação de tristeza, irritabilidade e acessos de raiva)

Comentários sobre morte, sobre pessoas falecidas e interesse por essa temática

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Doação de pertences que valorizava

Cerca de 90% das pessoas que morrem de suicídio possuíam transtornos mentais.

Elas poderiam ser tratadas e acompanhadas

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Mitos em relação ao suicídio

Se eu perguntar sobre suicídio, poderei induzir uma pessoa a isso

Questionar sobre ideias de suicídio, fazendo-o de modo sensato e franco, fortalece o vínculo com uma pessoa, que se sente acolhida e respeitada por alguém que se interessa pela extensão de seu sofrimento.

Ele está ameaçando o suicídio apenas para manipular...

Muitas pessoas que se matam dão previamente sinais verbais ou não verbais de sua intenção para amigos, familiares ou médicos. Ainda que em alguns casos possa haver um componente manipulativo, não se pode deixar de considerar a existência do risco de suicídio.

Quem quer se matar, se mata mesmo

Essa ideia pode conduzir ao imobilismo. Ao contrário dessa ideia, as pessoas que pensam em suicídio frequentemente estão ambivalentes entre viver ou morrer. Quando falamos em prevenção, não se trata de evitar todos os suicídios, mas sim os que podem ser evitados.

Veja se da próxima vez você se mata mesmo!

O comportamento suicida exerce um impacto emocional sobre nós, desencadeia sentimentos de franca hostilidade e rejeição. Isso nos impede de tomar a tentativa de suicídio como um marco a partir do qual podem se mobilizar forças para uma mudança de vida.

Uma vez suicida, sempre suicida!

A elevação do risco de suicídio costuma ser passageira e relacionada a algumas condições de vida. Embora a ideação suicida possa retornar em outros momentos, ela não é permanente. Pessoas que já tentaram o suicídio podem viver, e bem, uma longa vida.

Telefones e sites de ajuda:

Centro de Valorização da Vida (CVV): 141

Também é possível entrar em contato e receber apoio emocional do CVV via internet, a partir de email, chat e Skype 24 horas por dia

Fontes: American Foundation for Suicide Prevention; Centro de Valorização da Vida; "Comportamento suicida: vamos conversar sobre isso?", de Neury José Botega, membro-fundador da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio; "Preventing Suicide: A Global Imperative", da Organização Mundial da Saúde

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