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Tapa-buraco cai sob Haddad e Doria, e calçada de SP vira desvio de cratera

ARTUR RODRIGUES SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Miguel Alves, 47, tem uma longa história com o buraco quase em frente à sua pequena distribuidora de água, no bairro da Aclimação, centro de SP. A primeira vez em que ele topou com a cratera no asfalto foi aind

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 05.04.2017, 07:15:10 Editado em 05.04.2017, 08:26:55
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ARTUR RODRIGUES

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Miguel Alves, 47, tem uma longa história com o buraco quase em frente à sua pequena distribuidora de água, no bairro da Aclimação, centro de SP. A primeira vez em que ele topou com a cratera no asfalto foi ainda na época em que a prefeita era Luiza Erundina, nos anos 1990. Como o reparo nunca é feito direito, o obstáculo sempre reaparece.

Neste ano, o buraco voltou maior e com mais fome que de costume. Já engoliu bicicleta e motocicleta que passavam por ali. "Vão esperar morrer alguém aqui para tapar de uma vez? Aí não adianta mais", afirma Alves.

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Assim como ele, é cada vez mais comum paulistanos encontrarem buracos no meio de seus caminhos. Os motivos passam pela redução de reparos nos últimos anos, a baixa qualidade do asfalto e a falta de manutenção em galerias de águas pluviais.

Além de afetar o trânsito, buracos espalhados pelas ruas também afetam a segurança dos pedestres. Na rua dos Perdões, também na Aclimação, carros sobem na calçada para desviar de uma cratera cercada por cones.

Somente nos últimos seis meses, incluindo quatro de Fernando Haddad (PT) e dois de João Doria (PSDB), a cidade deixou de tapar, em média, 5.000 buracos por mês, na comparação os mesmos meses do ano anterior.

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O passivo de reparos, no entanto, é muito maior.

Sob Haddad (PT), a quantidade de buracos tapados na cidade caiu de 428 mil, em 2013, para 197 mil, no ano passado, segundo dados obtidos pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação. A situação piorou no fim do mandato, quando a oficina que produz asfalto para o município chegou a ser paralisada.

Já Doria, apesar de ter ampliado o serviço em relação a dezembro, teve uma queda de 7,3% na operação tapa-buracos no primeiro bimestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2016.

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Com esse cenário, motoristas dizem ter que dirigir de um jeito novo em São Paulo. "É velocidade reduzida, porque senão parece que está sobre um touro mecânico, e desviando, para não sofrer um acidente ou ter um airbag acionado", diz o engenheiro Rafael Bertoni, 25, que relata uma série de buracos entre sua casa, em São Mateus, e a Mooca, ambos na zona leste.

As fortes chuvas e o rompimento de galerias de águas pluviais ainda agravam a situação, criando crateras pela cidade. "Aqui na Aclimação [região central] sempre teve muito buraco, mas nos últimos anos piorou. Vira e mexe você liga a TV e vê um buraco gigante que apareceu aqui", diz o marceneiro Antônio de Deus, 65.

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Em frente à marcenaria onde ele trabalha, uma galeria de águas pluviais voltou a estourar, e apareceu uma falha no asfalto onde caberia até um carro de pequeno porte.

Segundo a engenheira civil Rita Moura Fortes, os buracos podem ser provocados por problemas que vão de projetos voltados para um trânsito menor de veículos à baixa qualidade do material usado.

"Fora do Brasil, você utiliza estruturas de pavimentos perpétuos e materiais mais porosos em cima, que vão sendo substituídos", diz. Já no Brasil, afirma, há casos de pavimentos com espessuras que não comportam a quantidade de carros local.

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Outro problema é como se tapam os buracos na cidade.

"Quando você vai no dentista e ele vai cuidar de uma obturação, ele tem cuidado redobrado, faz limpeza, retira material estragado, porque sabe que, se não fizer bem o serviço, na primeira mordida o reparo vai cair. No tapa-buraco, isso não acontece", diz.

Ela afirma que, em alguns casos, a massa asfáltica que sai quente da usina já não está mais na temperatura adequada no final do trajeto, tornando o trabalho ineficaz.

Rubens Vieira, pesquisador de geotecnia do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), acrescenta que a falta de manutenção em pequenas falhas gera mais transtornos e gastos. "Já em vias onde você tem que fazer muitos reparos ao mesmo tempo, seria mais interessante fazer um recape."

Procurada, a gestão Haddad atribuiu a diminuição do serviço à crise financeira.

"Não é novidade que a administração anterior enfrentou sérios problemas, sobretudo em repasses de recursos da União, além de ter sofrido uma forte pressão na arrecadação de tributos municipais", informou em nota.

A gestão diz ainda que foram deixados R$ 5,5 bilhões em caixa e que "indicação ou não da operação tapa-buracos como prioridade é uma atribuição da atual gestão".

O vice-prefeito e titular da pasta de Prefeituras Regionais, Bruno Covas (PSDB), afirma que colocou mais equipes para fazer o serviço. "Aumentamos de 32 para 75 caminhões fazendo este tipo de serviço", diz Covas.

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