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Após ameaça de Pezão, professores da Uerj decidem manter o estado de greve

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) ameaçar cortar 30% dos salários da categoria, os professores da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) decidiram nesta segunda-feira (27) manter o estado de greve. As infor

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 28.03.2017, 08:38:00 Editado em 28.03.2017, 08:56:02
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) ameaçar cortar 30% dos salários da categoria, os professores da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) decidiram nesta segunda-feira (27) manter o estado de greve. As informações são da Agência Brasil.

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A continuidade da paralisação foi decidida durante assembleia no campus Maracanã, zona norte da capital fluminense, que reuniu cerca de 250 docentes. Eles reclamaram dos salários atrasados, incluindo o décimo terceiro, e das estruturas precárias de trabalho.

Dos R$ 90 milhões anuais para custeio da universidade, o governo de Luiz Fernando Pezão (PMDB) repassou apenas R$ 15,5 milhões em 2016, e nada em 2017, diz a Uerj. Com isso, o pagamento de empresas terceirizadas (vigilância, limpeza, manutenção, restaurante universitário etc.) está atrasado, inviabilizando a retomada das atividades, segundo a reitoria.

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Os problemas de repasse se arrastam desde 2015. Também estão atrasados pagamentos de servidores -os técnicos entraram em greve em dezembro- e de bolsistas. Além disso, o reinício das aulas da Uerj foi adiado cinco vezes e o segundo semestre de 2016 ainda não tem data para começar.

O atraso no calendário da Uerj começou após uma greve de março a julho de 2016, em busca de reajustes de salários e bolsas e da normalização dos repasses do governo. A Uerj é a segunda melhor universidade do Estado e uma das 15 melhores do país, segundo o último Ranking Universitário Folha.

O estudante do programa de pós-graduação em educação Felipe Duque, 30, é um dos poucos que continuam a ter aula. Alguns dos mais de 50 cursos de pós-graduação continuam funcionando, mas, segundo Duque, está cada vez mais difícil frequentar o curso.

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"Não há elementos básicos para a continuidade e regularidade das aulas. Faltam papel higiênico, água, alimentação, não tem xerox aberta. A secretaria está fechada, pois os técnicos estão em greve. São vários empecilhos", afirmou o estudante, que é a favor da paralisação.

De acordo com Duque, é preciso fazer um diagnóstico, integrar a corrente de reivindicações dentro da universidade para "não deixar a Uerj, que ainda é uma das melhores a América Latina, se apagar".

A presidente da Associação dos Docentes da Uerj, a professora Lia Rocha, ressaltou que o estado de greve não significa que os docentes, que também são pesquisadores, não estejam trabalhando. "Cheguei atrasada à assembleia porque estava na banca de fim de curso de uma aluna da graduação, que precisa se formar para assumir um cargo público", afirmou Lia.

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Para a professora, a declaração do governador é uma declaração de guerra, não resolve o problema. "O problema da Uerj é de orçamento: dos 12 elevadores no campus, apenas um está funcionando. É uma situação que ultrapassa o limite de precariedade com que já trabalhávamos."

Uma nova assembleia foi marcada para a próxima quinta (30), depois da reunião do Fórum dos Diretores da Uerj que acontece no dia anterior (29), na qual será avaliada a possibilidade de volta às aulas. Na reunião passada (23), o fórum reafirmou a necessidade de regularização dos serviços de limpeza, de coleta de lixo e elevadores para o início das aulas, bem como o pagamento das bolsas de estudos de fevereiro aos alunos cotistas e a reabertura do restaurante universitário, entre outras medidas.

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"Vamos decidir se entraremos em greve ou não, se as aulas forem retomadas pela direção da Uerj", informou Lia. Ela disse que, enquanto isso, a categoria continua no "enfrentamento" com o governo. "Pretendemos ir à casa do governador. A ideia é convidá-lo para vir aqui ver as condições da universidade e que apresente uma proposta para a Uerj, pois ele não apresentou nenhuma solução até agora."

Procuradora, a assessoria de Pezão não retornou até a publicação desta reportagem.

SALÁRIOS ATRASADOS

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Como os demais servidores do Estado, professores e técnicos da Uerj vêm recebendo seus salários parcelados e com atraso. A quinta e última parcela do pagamento de janeiro foi depositada no dia 17 de março. Não há previsão de quando cairão os salários de fevereiro e de março deste ano, tampouco o 13º de 2016.

O atraso no calendário da Uerj começou após uma greve de março a julho de 2016, em busca de reajustes de salários e bolsas e da normalização dos repasses do governo.

Os grevistas e o governo chegaram a um acordo que deu fim à paralisação: haveria reformulação do plano de carreira, aumento da bolsa de R$ 400 para R$ 450 (a partir de janeiro de 2017), repasse de R$ 13 milhões emergenciais e de mais cinco parcelas mensais de R$ 10 milhões.

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Só o repasse emergencial foi cumprido. "Com o repasse, terminamos as aulas do primeiro semestre, mesmo sem condições. Neste ano, os problemas voltaram e piores. Sem segurança, sem limpeza, com o bandejão fechado, nós sem salário e os estudantes sem bolsa", diz Lia Rocha, presidente da Associação de Docentes da Uerj. Os docentes estão em greve desde o fim da última paralisação.

Em janeiro, a reitoria decidiu suspender o reinício do segundo semestre de 2016 por falta de condições básicas.

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A Uerj agora negocia retomar os serviços de limpeza e elevador, e espera poder começar as aulas no dia 27. Também pretende entrar na Justiça contra o governo para obter o repasse de verbas.

RAIO-X

Nome: Universidade do Estado do Rio de Janeiro

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Fundação: 4 de dezembro de 1950

Alunos: cerca de 41.000 (graduação, pós-graduação, CAp Uerj e EaD)

Orçamento anual: R$ 1,04 bilhão

CRISE

1. O segundo semestre letivo de 2016 ainda não foi iniciado; o reinício estava marcado para janeiro, mas vem sendo adiado por causa da crise

2. Dívida com terceirizados: R$ 24 milhões; o último pagamento a empresas terceirizadas foi em dezembro de 2016

3. Docentes e técnicos não receberam 13º de 2016, nem salário de fev.2017; pagamento de jan.2017 foi feito na última sexta

4. O último pagamento de bolsas foi referente a dez.2016. Inclui bolsas para cotistas e de auxílio, monitoria, iniciação científica e extensão

5. Governo do Rio repassou só R$ 15,5 mi dos R$ 90 mi previstos em 2016 para serviços como vigilância, limpeza e restaurante

6. A Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia ainda não repassou nenhuma verba para a universidade desde o início do ano

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