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Diretor da Louis Vuitton concretiza mudança brusca no império

SÓ PODE SER REPRODUZIDA NA ÍNTEGRA E COM ASSINATURA PEDRO DINIZ SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - No mundo paralelo da moda, onde as tendências surgem e desaparecem com a rapidez de um clique, pouca gente conseguiu influir tanto no estilo das mulheres quanto

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 25.03.2017, 09:05:00 Editado em 25.03.2017, 11:33:27
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SÓ PODE SER REPRODUZIDA NA ÍNTEGRA E COM ASSINATURA

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PEDRO DINIZ

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - No mundo paralelo da moda, onde as tendências surgem e desaparecem com a rapidez de um clique, pouca gente conseguiu influir tanto no estilo das mulheres quanto ele. Diretor criativo da grife mais poderosa da atualidade, a francesa Louis Vuitton, e considerado um dos últimos midas da indústria, Nicolas Ghesquière, 45, carrega o peso de um império avaliado em R$ 85 bilhões.

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Carregará outro. Na mais recente temporada de moda de Paris, em março, ele decidiu que é hora de olhar sem reservas para o futuro da moda e esquecer o passado.

Sua coleção de inverno 2018 é um ponto de virada para a indústria mundial, acostumada a reciclar décadas do século 20 sem assumir riscos.

Certo de que comanda uma grife com capacidade de interferir nos rumos da criação, do alto luxo ao fast-fashion, ele assumiu em todas as roupas seu desejo de ver as mulheres livres da moda rebuscada e cheia de seda que persegue há décadas a maioria das grandes casas francesas.

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Guesquière propõe peças intercambiáveis para o dia e para a noite, que guardam a estética funcional das roupas comuns vistas nas ruas, mas também as técnicas, os materiais tecnológicos e as proporções que são próprios do trabalho de alta-costura e diferenciam o luxo do real.

"É minha visão sobre o estilo urbano, que tem orgulho de misturar materiais comuns a novas ideias de estilo", diz o designer à Folha de S.Paulo.

Essa ideia foi ensaiada de forma gradativa quando ele passou a comandar a Balenciaga, no final dos anos 1990. À época, a chacoalhada deu novo gás à pequena grife e a ideia foi logo potencializada por Riccardo Tisci, ex-estilista da também pequena Givenchy, que uma década mais tarde obteria sucesso ao concentrar sua tesoura mais no "street" do que no luxo.

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Quando a divisão de moda da Vuitton voltou a dar lucros consistentes, a indústria começou a entender o novo mandamento. Em 2016, a holding LVMH, dona na marca, atingiu lucro recorde de 11%.

A equação, perene e liberta de tendências, finalmente incluiu a rua e as novas gerações no radar das "maisons", sem, no entanto, descaracterizar o apelo de exclusividade atrelado ao luxo.

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"É um movimento de larga escala, não toca em apenas um ou outro segmento [de clientes]", diz Ghesquière. Para ampliar os horizontes, ele colocou tecnologia e inovações em primeiro plano "como uma maneira de se comunicar com as gerações mais jovens, a juventude 'millennial'".

NOVOS CLÁSSICOS

Os "millennials", como são chamados os nascidos entre 1980 e 2000, são uma obsessão do mercado da moda e, de acordo com o estilista, partes indissociáveis da criação.

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"É uma juventude que espera novidades, novas formas de interpretar materiais e tecidos clássicos para ver roupas reinventadas, porque é uma geração de mídias sociais, da rapidez em todas as esferas do comportamento. A moda precisa responder a isso."

Sobram exemplos de pequenas "ousadias" do designer. Entre eles uma capa de iPhone 7 em formato de porta-malas, estampada com o monograma "LV" e as flores de quatro pétalas.

Seria fato banal se não se tratasse da mais conservadora referência à moda de luxo, um padrão intocado, idealizado em 1896 por George Vuitton em homenagem ao pai, Louis Vuitton (1821-1892).

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Foi a estampa, tida como o primeiro desejo de quem começa a consumir moda de luxo, que tornou a confecção de malas na gigante mais pirateada do mundo.

A mesma ideia foi aplicada a uma bolsa, a "petite malle", criada há três anos e o maior sucesso de Ghesquière para a grife. O formato do acessório remonta aos primeiros porta-malas da etiqueta.

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"É tudo tão simples, mas ninguém nunca tinha pensado em fazer antes", explica.

Essas mudanças também têm a ver com a proteção de um legado. Assim como fizeram a inglesa Burberry e a italiana Gucci, alterar e reeditar códigos da grife faz com que ela se diferencie das falsificações disponíveis no mercado.

Um dos paradigmas da diferenciação propagada por ele é o "empoderamento feminino", expressão em voga cujas bases ele próprio ajudou a construir na Balenciaga, ao aplicar volumes e estética futurista às proporções tradicionais da grife.

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Naquela época, as grifes tradicionais estavam estacionadas no tempo, e o conceito de feminilidade era baseado na quantidade de metros de seda, na cor e nos comprimentos usados nas roupas.

Quando ele retirou do baú de Cristóbal Balenciaga (1895-1972) as referências ao motocross, foi pioneiro ao remodelar as jaquetas de couro, incluir detalhes da moda esportiva nas peças e adicionar às coleções os detalhes futuristas, metálicos e prateados, que o acompanham até hoje.

A imagem selvagem deu ares de força e fundou um novo padrão de feminino. "A minha visão da mulher permanece. Ela é livre, está em uma exploração constante, do mundo e da sua cidade."

O sentido de recortar culturas e costurá-las para dentro da grife fez Ghesquière chegar, no ano passado, ao Brasil. O MAC de Niterói, no Rio de Janeiro, foi cenário do grande desfile anual que a marca realiza para divulgar sua linha de roupas intermediárias, a "cruise collection" no jargão da moda, que consiste em roupas com viés ensolarado.

A escolha pelo país foi pessoal. Da experiência em cidades como Brasília, Rio e São Paulo, o estilista buscou cores das paisagens, as linhas sinuosas de Oscar Niemeyer e as fendas da coleção.

"Os brasileiros são vibrantes e há movimento e arquitetura ímpares. E uma mistura fascinante entre o tropical e o modernismo. É tudo entrelaçado e a natureza domina. Lembro-me da luz do crepúsculo de Belo Horizonte, a paisagem mais bonita que já vi."

MUROS DE GRIFE

As conexões entre culturas seduzem Ghesquière. Nas últimas horas da semana de moda, ele produziu uma dessas imagens de moda que se autojustificam.

Os convidados foram dispostos pelo ambiente de acordo com as nacionalidades, separados por muros que impediam a visão geral do entorno. Na ocasião, o estilista questionava o papel cultural de uma criação livre de questões étnicas e de gênero.

"Pergunto-me se precisamos de fronteiras quando criamos de forma tão transparente para uma geração nômade."

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